Willy Zumblick: 75 anos dedicados às artes plásticas

Exposição de telas do pintor tubaronense, realizada em 2010 na Assembleia Legislativa. FOTO: Eduardo Guedes de Oliveira/Agência AL

Explicar em poucas palavras a genialidade do artista plástico catarinense Willy Zumblick é tão complicado como quantificar com precisão as obras produzidas por ele, em quase 75 anos de dedicação às artes. Considerado um dos mais ilustres catarinenses do século XX, Zumblick completaria 100 anos no próximo dia 26, o que tem lhe rendido homenagens por todo o estado.

De acordo com os responsáveis pelo site “Zumblick para Sempre”, a imprensa e os admiradores do pintor já afirmaram, por várias vezes, que o acervo chega a 5 mil obras. Nem o próprio Zumblick, conforme o site, sabia ao certo quantas telas havia produzido.

Para tentar responder essa questão, Volnei Bez, Valmiré dos Santos e Carlos Rocha lançaram, em 2010, o mais recente catálogo de obras do artista catarinense: “A Arte de Zumblick”. Depois de um trabalho de busca minucioso, chegaram ao número de 1.222 telas. No entanto, após a publicação do catálogo, receberam imagens de várias outras obras, espalhadas pelo Brasil e pelo mundo. Há registro de telas de Zumblick em Chicago, nos Estados Unidos; em Tóquio, no Japão, e em países da Europa.

Mas a obra do artista tubaronense não se restringe ao manuseio das tintas e pincéis. As caricaturas e os contos também fazem parte desse rol. “Ele sabia contar uma história. Era um grande observador. Muitas vezes o artista Zumblick se confundia com o cidadão. Por isso ele tem toda essa importância para a história cultural catarinense”, resume a historiadora Lélia Pereira da Silva, responsável por duas obras sobre o artista: “Entre Penas & Pincéis” e “Zumblick – Uma História de Vida e Arte”. A primeira, inclusive, foi elaborada com a supervisão direta do próprio Zumblick.

Observador do cotidiano
Como ressaltou Lélia, Zumblick era um grande observador. Essa característica, aliada ao dom da pintura, permitiu-lhe registrar nas telas fatos históricos, como as enchentes que devastaram Tubarão em 1974. Fatos corriqueiros e importantes do cotidiano também eram observados. A pesca do camarão em Laguna, o trabalho dos mineiros em Criciúma e as festas do Divino foram eternizados nas telas de Zumblick.

“Aos domingos, nossa família saía para fazer piquenique e ele (Willy Zumblick) saía à procura de paisagens ou pessoas que ele iria transportar para a tela. Quando não tirava foto, levava um cavalete, rabiscava a imagem com crayon e depois transportava para a tela”, conta Maria Elisa Zumblick Gelosa, filha do artista.

O resultado de todo esse trabalho pode ser observado em telas espalhadas por hotéis, universidades, igrejas e prédios públicos. No Palácio Barriga Verde, sede da Assembleia Legislativa, são quatro telas que ficam permanentemente expostas. Uma delas é o retrato da deputada Antonieta de Barros.

No Centro Municipal de Cultura de Tubarão – Museu Willy Zumblick, outras 72 telas, doadas pelo próprio Zumblick ao município, estarão em exposição ao público a partir da próxima quarta-feira (25). Os quadros passaram por um cuidadoso processo de limpeza, realizado por servidores da Assembleia Legislativa.

No dia seguinte, quinta-feira (26), dia em que Zumblick completaria 100 anos de idade, o Parlamento catarinense, em conjunto com a Prefeitura e a Câmara de Tubarão, a Unisul e o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, realiza, a partir das 19 horas, no Centro de Artes e Eventos da Unisul, a sessão solene em homenagem ao artista plástico.

Série especial
Para marcar o centenário do nascimento de Willy Zumblick, a Agência AL, com apoio da TVAL, publica nos próximos dias uma série de reportagens sobre o tema. Em pauta, as atividades preparadas pelo Parlamento para a comemoração dos 100 anos e a trajetória pessoal e profissional de Zumblick.

Já a TVAL exibe desde quinta-feira (19) uma edição especial do programa Mosaico, também em homenagem ao centenário do artista plástico. Os horários da exibição podem ser consultados no site da TVAL.

O homenageado
Willy Alfredo Zumblick nasceu em 26 de setembro de 1913, em Tubarão. Autodidata, desde a idade escolar se destacou como melhor aluno em desenho e pintura. Em 1937, casou-se com Célia Sá, de tradicional família da cidade, de quem sempre recebeu importante incentivo para que se dedicasse à pintura. O casal teve cinco filhos: Carlos, Roberto, Túlio, Maria Elisa, Raimundo e Marcus Geraldo.

Em 1939, em Tubarão, realizou a primeira exposição individual. A partir daí, suas centenas de telas se espalharam pelo estado, pelo Brasil e pelo mundo. Há registros de obras do pintor nos Estados Unidos, no Japão e na Espanha.

Durante os 75 anos em que se dedicou às artes, retratou em suas obras o folclore de Santa Catarina, o Contestado, a epopéia de Giuseppe e Anita Garibaldi, Boi-de-Mamão, Dança do Pau-de-Fita, as rendeiras, entre outros temas. Zumblick morreu em 3 de abril de 2008, em Tubarão, aos 94 anos. (com informações de Jucinei Cardoso, da TVAL).