Livros e documentários registram a trajetória de Jorge Lacerda

O casal Kyrana e Jorge Lacerda, em imagem registrada na Casa d'Agronômica, residência oficial do governador. FOTO: Álbum de família

Mais de meio século após sua morte, a trajetória política Jorge Lacerda ainda desperta o interesse de familiares e jornalistas. Na próxima quarta-feira (29), às 20 horas, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, mais duas obras sobre a vida do ex-governador serão lançadas, somando-se a outras que já estão à disposição para consulta em bibliotecas e na internet.

Uma das primeiras publicações relacionadas a Lacerda foi lançada em 1960, dois anos após sua morte. Trata-se de uma coletânea de discursos políticos e literários do próprio Lacerda, denominada “Democracia e Nação”. Posteriormente, uma série de artigos e ensaios sobre o governador foram publicados em revistas e jornais, principalmente de Santa Catarina.

Em 1998, Cesar Luiz Pasold lançou a biografia de Lacerda, denominada “Jorge Lacerda: Uma vida muito especial”. Em 1995, o livro “O voo da morte”, de Francisco José Pereira, relatou os últimos dias de vida dos três principais personagens do acidente de 16 de junho de 1958: Nereu Ramos, Leoberto Leal e o próprio Lacerda.

Áudio e vídeo
Um dos lançamentos da próxima quarta-feira, o documentário “Centenário de Jorge Lacerda” é uma reedição de outro documentário, “Memórias de Jorge Lacerda”, lançado em 2008. À frente do projeto está um dos netos de Lacerda, Roberto Lacerda Westrupp, que desde a década de 90 se aprofunda na pesquisa sobre vida do avô.

Segundo Roberto, o interesse surgiu quando a avó Kyrana, esposa do ex-governador, encontrou discos com gravações de discursos do político. “Recuperamos esses discos e fizemos cópias para famílias e amigos”, conta.

Anos depois, nos fundos de um armário da avó, foi encontrada uma lata com filmes de 35 milímetros. “Coloquei contra a luz e vi que se tratava da diplomação dele [Jorge Lacerda]”, lembra Roberto. Os filmes eram reportagens curtas, exibidos antes dos filmes nas salas de cinema da capital, sobre ações do governo, produzidos pela Herbert Richers, com imagens do cinegrafista Waldermar Anacleto.

Com o vasto material em áudio, vídeo, além do acervo fotográfico, surgiu a ideia de produzir o documentário, cuja primeira versão ficou pronta em 2008. “Nessa nova versão, juntamos mais peças a esse gigantesco quebra-cabeças, com mais informações sobre Jorge Lacerda”, afirma Roberto. “Queremos que isso seja disponibilizado nas escolas e nas bibliotecas para que todos tenham acesso”.

Livro
Ainda nesta quarta-feira, o jornalista e escritor Moacir Pereira lança, também na Assembleia, o livro “Jorge Lacerda: jornalista, humanista e estadista”. A obra tem uma introdução do autor sobre a vida em Florianópolis nas décadas de 40 e 50, os principais discursos e as manifestações das maiores autoridades, intelectuais e artistas que viveram com o homenageado.

“O objetivo é ressaltar alguns aspectos da vida de Jorge Lacerda como jornalista, humanista e o grande estadista que representou Santa Catarina. Não se trata de uma biografia, mas uma obra para mostrar para as novas gerações que Jorge Lacerda não foi só um governador, mas um homem de nível intelectual diferenciado”, afirma Moacir.

O jornalista ainda era criança quando Lacerda governou Santa Catarina. Apesar disso, Moacir Pereira se lembra bem da comoção causada pela morte prematura do político. “O falecimento dele foi algo que me marcou e abalou profundamente”, recorda. “O cortejo dele passou na frente da minha casa. Me lembro de como a cidade chorou, de cenas indescritíveis de pessoas chorando como se tivessem perdido alguém da família”.

Especial Jorge Lacerda
Para marcar o centenário de nascimento de Jorge Lacerda, a Agência AL, em parceria a Rádio AL, publica, desde a semana passada, matérias sobre as homenagens ao ex-governador. A série vai trazer informações sobre o livro e o documentário que serão lançados na próxima semana, além de resgatar a comoção causada pelo acidente aéreo que tirou a vida do ex-governador e retratar como o nome Jorge Lacerda ficou eternizado em logradouros e prédios públicos espalhados pelo país. (colaboraram Cleia Braganholo, Lúcio Baggio e Nara Cordeiro)