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21/10/2014 - 14h44min

Jorge Lacerda: o político reconhecido nacionalmente como intelectual

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Reprodução de artigo de José Lins do Rêgo em defesa do projeto de Jorge Lacerda que viabilizava a criação do MAM. FOTO: Arquivo da Família

Antes de se notabilizar em Santa Catarina como político, o ex-governador Jorge Lacerda teve atuação destacada na imprensa, como incentivador da cultura, transformando-se em um intelectual de renome nacional. Lacerda, que completaria em 2014 100 anos de idade, será homenageado pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina na próxima semana com uma série de eventos, entre eles uma exposição, uma sessão especial e o lançamento de um livro e um documentário.

Ainda quando estava na faculdade de medicina, na década de 30, Lacerda escreveu seus primeiros artigos e poemas para jornais. Em 1932, por ocasião da Revolução Constitucionalista, ele conseguiu publicar na imprensa paulista o poema “O brado de um constitucionalista”, utilizando o pseudônimo de “Greguinho”. No texto, como membro do Movimento Integralista, ele criticava o governo Getúlio Vargas.

Em 1940, trabalhava como médico em São Paulo quando foi convidado por Cassiano Ricardo para trabalhar no jornal “A Manhã”, do Rio de Janeiro. Juntamente com o exercício da medicina, Lacerda era articulista do periódico carioca, produzia o editorial do jornal três vezes por semana, realizava o copy desk de matérias de fundo e de notícias nacionais e internacionais. Também colaborava com as matérias culturais e artísticas.

Nesse período, Lacerda passou a conviver com pintores, músicos, poetas e outros intelectuais que viviam na capital federal. Em 1941, por exemplo, conheceu Vinícius de Morais. Mas Lacerda ganharia notoriedade em 1946, quando passou a editar o suplemento dominical “Letras e Artes”, no mesmo jornal.  

“Esse suplemento foi considerado uma evolução no mundo das artes, um marco na literatura brasileira. Na época, a televisão ainda não existia e o jornal era o principal meio pelo qual as pessoas se informavam”, comenta o administrador Roberto Lacerda Westrupp, neto de Jorge Lacerda, que há mais de dez anos pesquisa a vida do avô.  “Ele ganhava muitos quadros de pintores também”.

No período em que esteve à frente do suplemento, o ex-governador conviveu com escritores, artistas e pensadores consagrados, como Manuel Bandeira, Cecília Meirelles, Carlos Drumond de Andrade, Gilberto Freyre, José Lins do Rego, Lygia Fagundes Telles, Mário Quintana, e passou a ser reconhecido nacionalmente como um intelectual. Segundo o escritor Salim Miguel, em depoimento ao documentário “Memórias de Jorge Lacerda”, o ex-governador ajudou muito os artistas catarinenses, apresentando-os aos grandes nomes das artes e da literatura nacional.

O político e a cultura
Jorge Lacerda foi eleito pela primeira vez como deputado federal de Santa Catarina em 1950. A atuação na Câmara dos Deputados não o afastou do meio cultural. Na condição de parlamentar, ele apresentou o projeto de lei que destino 10 milhões de cruzeiros para o início da construção do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). A iniciativa contou com apoio da classe artística nacional.

O neto de Lacerda lembra que o avô foi, também, o segundo maior doador de quadros para o Museu de Artes de Santa Catarina. Entre as 28 obras repassadas ao acervo do estado, está uma pintura feita por Cândido Portinari. Lacerda, já como governador, foi responsável pela regulamentação, em 1957, do Museu de Arte Moderna da Cidade de Florianópolis.

Pela destacada atuação na área cultural e pelo reconhecimento obtido nacionalmente, Lacerda se transformou, na opinião do jornalista e escritor Moacir Pereira, autor do livro “Jorge Lacerda: jornalista, humanista e estadista”, “no político que mais prestigiou a literatura e o jornalista catarinense que mais contribuiu para o enriquecimento literário e artístico brasileiro em seu tempo”.

Especial Jorge Lacerda
Para marcar o centenário de Jorge Lacerda, a Agência AL, em parceria com a Rádio AL, vai publicar, no decorrer desta semana, matérias sobre as homenagens ao ex-governador. A série vai trazer informações sobre o livro e o documentário que serão lançados na próxima semana, além de resgatar a comoção causada pelo acidente aéreo que tirou a vida do ex-governador e retratar como o nome Jorge Lacerda ficou eternizado em logradouros e prédios públicos espalhados pelo país. (colaboraram Cleia Braganholo e Lúcio Baggio)

Marcelo Espinoza
Agência AL

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