“Resultados da Cooperoeste mostram sucesso da reforma agrária”, defende Padre Pedro

Ganhos na renda dos agricultores, ampliação da industrialização e diversificação garantiram, em 2013, mais resultados positivos à Cooperoeste, cooperativa catarinense que reúne cerca de 900 famílias, a grande maioria assentadas da reforma agrária.  Os dados foram apresentados na manhã desta quarta-feira (2), na tribuna da Assembleia Legislativa, pelo deputado Padre Pedro Baldissera (PT).

“Não é somente o faturamento que teve um crescimento de 30% em 2013. São os ganhos das famílias de agricultores que se ampliam. É mais qualidade de vida no campo e produtos de qualidade par aos consumidores”, defendeu Padre Pedro. Para o parlamentar, a cooperativa mostra que a reforma agrária tem resultados positivos para o País e, com uma política de investimentos acertada, traz retorno efetivo ao campo e à cidade.

“A distribuição de terra não leva só à justiça e à dignidade, mas traz retorno para os investimentos feitos pelos poderes públicos. A cada ano cresce a produção e cresce a renda dessas famílias”, disse Padre Pedro, lembrando que a reforma agrária demanda, também, um conjunto de políticas paralelas à distribuição da terra. “Assistência técnica, crédito e recursos disponíveis para projetos como este mostram como nosso país ainda pode avançar na reforma agrária”, complementou.  

Os dados apresentados pelo parlamentar apresentam o balanço da Cooperoeste no biênio 2012-2013. Neste período, o volume de leite recebido aumentou 6,9%, o preço médio pago aos produtores alcançou R$ 0,99 – muito acima do que é pago por outras empresas que industrializam leite. As vendas de leite no varejo cresceram 11,5%, com um aumento de 93,2% no faturamento ao longo dos últimos cinco anos. O resultado desta movimentação pode ser medido pelo volume de tributos pagos pela Cooperativa: mais de R$ 30 milhões. “Como podemos observar, toda a sociedade ganha com a reforma agrária. Os números mostram que avançar nestas políticas é garantir qualidade de vida e respeito às famílias do campo e da cidade”, disse Padre Pedro.

Cooperoeste  
A Cooperoeste nasceu a partir da organização do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra) e do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores). Em 1985 cerca de 550 famílias ocuparam uma área de terra que deu origem aos 14 assentamentos da região Extremo Oeste. Cerca de 130 delas foram assentadas no dia 26 de outubro do mesmo ano. Outras 420 famílias permaneceram acampadas por mais três anos até serem assentadas.
No inicio a produção de leite era vendida a uma grande empresa da região, mas com o passar dos meses os produtores perceberam que o preço pago era muito baixo e no verão a extra cota forçava a venda do leite por menos de R$ 0,10, por isso foram em busca de crédito para montar uma associação que pudesse absorver a produção dos assentamentos.

O objetivo era agregar valor à produção, garantindo maior lucratividade e promovendo o desenvolvimento econômico e social para as famílias do assentamento. Nasce assim, em 1º de abril de 1996, a primeira Indústria de leite tipo C dos produtos Terra Viva do Estado de Santa Catarina, a Associação dos Agricultores 25 de Maio, industrializando em torno de 300 litros de leite por dia. A primeira sede ficava no Assentamento de Barra Bonita e mais tarde foi transferida para o município de São Miguel do Oeste para facilitar o escoamento da produção.

No ano de 2007, passados 11 anos, sua industrialização atingiu mais de 2 milhões de litros de leite, comercializando leite tipo C e derivados como queijo prato e mussarela para mais de 400 clientes da região Oeste de Santa Catarina. Hoje já são mais de 500 cidades atendidas, com 3862 clientes, entre redes supermercadistas e pequenos comércios. Cerca de 53% dos funcionários da cooperativa são filhos de assentados associados e o número cresceu de 26 colaboradores em 2000 para cerca de 300 em 2013. 

Cássio Turra
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