Sessão celebra os 90 anos de fundação do PCdoB

A Assembleia Legislativa promoveu, na noite de ontem (21), no Plenário Osni Régis, sessão especial em homenagem ao Partido Comunista do Brasil pela passagem dos 90 anos de fundação. A solenidade foi proposta pela deputada Angela Albino (PCdoB), presidente estadual do partido, e aprovada por unanimidade pelos parlamentares da Casa. O evento foi prestigiado por militantes, dirigentes municipais e estaduais de diversas siglas partidárias, membros de movimentos sindicalistas, estudantis e de mulheres, entre outras entidades. Após a exibição do vídeo intitulado “90 anos do Partido Comunista do Brasil”, Angela relembrou a história do PCdoB. Em seu pronunciamento, a deputada destacou o ineditismo de um partido político brasileiro completar 90 anos. “Sucessivas gerações de partidos tentaram se afirmar, porém terminaram varridas por golpes, ditaduras e medidas de coação. Apenas um deles se manteve. E a que preço! Das nove décadas do PCdoB, seis foram na ilegalidade”, disse. A parlamentar citou ainda os casos de perseguição a comunistas como Luiz Carlos Prestes, Olga Benário, os guerrilheiros do Araguaia, os mártires da Chacina da Lapa. “É inusitado que justamente o partido mais perseguido seja também o mais longevo”, afirmou. De acordo com Angela, o partido é um “exemplo de que é possível e necessário fazer política como uma práxis transformadora e nobre, mesmo quando o preço é tão alto”. Em nome dos demais parlamentares, o deputado Dirceu Dresch (PT) parabenizou o PCdoB por seus 90 anos. “Este partido merece nosso aplauso, nosso reconhecimento, pois em sua trajetória de luta pelos interesses da nação jamais se ausentou na defesa da liberdade e da democracia”, declarou. Representando os partidos políticos, Nildomar Freire “Nildão”, presidente municipal do PT, propôs uma reflexão sobre o período que vivemos de estabilidade democrática e enfatizou a relevância histórica do que considera as “marcas fundamentais” do PCdoB. “A essência do partido é a combinação profunda e saudável da manutenção dos princípios e da defesa dos interesses do povo, junto com outras forças políticas interessadas no rumo da felicidade e da paz”, falou. Durante a solenidade, dez personalidades foram homenageadas pelo Poder Legislativo. Além de Bernardo Jofre, membro do Comitê Central do PCdoB, e Jucélio Paladini, em nome da sigla em Santa Catarina, outras oito pessoas receberam honrarias por sua contribuição ao fortalecimento do partido. João Ghizoni e Edvar Bonotto (in memoriam) representaram os militantes e dirigentes que reorganizaram o PCdoB no estado no início da década de 1980, com o fim do regime militar. Entre os comunistas históricos de Santa Catarina, foram agraciados Eglê Malheiros, Dibo Elias (in memoriam), Manoel Alves Ribeiro “Mimo” (in memoriam) e Álvaro Ventura (in memoriam). Representando os combatentes que resistiram à ditadura militar, Derlei Catarina de Luca emocionou o público e foi aplaudida de pé. A homenagem a José do Patrocínio Gallotti (in memoriam) simbolizou todas as famílias que deram abrigo e apoio a partidários. O pronunciamento em nome dos homenageados foi feito por João Ghizoni. Ele destacou em sua fala a responsabilidade de representar aqueles que fazem parte não apenas da história do partido, mas também da história do país. “Somos herdeiros desse movimento que cresceu, se desenvolveu, na luta pela construção de um Brasil melhor, mas sobretudo de um mundo melhor, mais humano, fraterno e socialista. Passamos por tempos difíceis, mas com certeza foi uma luta que valeu a pena ter lutado”, disse. Ghizoni também abordou a questão da instalação da Comissão da Verdade, criada para apurar violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar (1964-1988). “A comissão não tem caráter revanchista. O povo precisa tomar conhecimento do que ocorreu para que situações como aquela não voltem a acontecer”, frisou. No uso da tribuna, Bernardo Jofre, representando o PCdoB, ressaltou que o partido vive um de seus melhores momentos. “Posso dizer com segurança que este momento pode ombrear com 1945, quando o nazifascismo foi derrotado”, afirmou. “Além dos 90 anos de fundação do partido, festejamos também os 10 anos de inédita participação efetiva no governo. Acredito que temos ajudado a inaugurar no Brasil um período de crescimento econômico aliado à distribuição de renda, à liberdade e à democracia”, complementou. A solenidade contou com a participação do Coral da Assembleia Legislativa, sob a regência do maestro Reginaldo da Silva. Além dos hinos nacional e estadual, o coral apresentou a música “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré. (Ludmilla Gadotti)