Protocolado na Assembleia projeto do novo regime de previdência estadual
Foi protocolado na tarde desta quinta-feira (15) em regime de urgência na Assembleia Legislativa o projeto de lei (PL) do Executivo que prevê um novo regime de previdência a ser aplicado aos futuros servidores públicos estaduais de Santa Catarina. O texto deverá ser lido em plenário na sessão ordinária de terça-feira (20) e, após, seguirá para análise das comissões de Constituição e Justiça, de Finanças e Tributação e de Trabalho e Serviço Público, num prazo total de 45 dias de tramitação, incluindo a votação em Plenário.
Na semana passada, o novo modelo previdenciário foi explicado em detalhes para os representantes dos tribunais de Justiça, de Contas, Ministério Público e Assembleia Legislativa. A mudança tem o objetivo de reduzir as despesas do setor público com as aposentadorias e pensões dos servidores. Atualmente Santa Catarina tem 129 mil funcionários públicos, entre ativos e inativos, civis e militares, e uma previdência deficitária. Entre 2006 e 2014, o governo teve que injetar mais de R$ 13 bilhões para garantir o pagamento de aposentados e pensionistas.
A proposta elaborada pelo Executivo cria um fundo complementar para os futuros servidores públicos que quiserem se aposentar com valores acima do teto do INSS, atualmente em R$ 4.663,00. Neste caso, além da alíquota de 11% de contribuição do servidor para o Iprev, haverá uma contribuição de 8% do valor adicional, recursos que serão geridos pelo novo fundo, o SC Prev. A participação no SC Prev é facultativa. A mudança no regime de previdência dos servidores do Estado valerá apenas para os novos funcionários públicos. Para os atuais, o projeto não prevê nenhuma alteração.
A expectativa inicial era que a proposta que cria o SC Prev fosse encaminhada à Assembleia no começo da semana, mas o prazo foi postergado para ajustes na redação final, que foi analisada pelos chefes de todos os poderes.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gelson Merisio (PSD), acredita que o projeto será aprovado dentro do prazo de 45 dias após o início da tramitação. “A partir desse projeto, vamos traçar uma linha entre passado e futuro. Temos também que discutir o presente, arrumar a previdência para que os atuais servidores tenham seus direitos garantidos e para que a sociedade possa ver o Estado trabalhando para oferecer serviços públicos de qualidade”, disse.
Déficit crescente
A proposta do novo regime de previdência foi elaborada por um grupo formado por servidores de carreira dos três poderes, mais TCE e MPSC, e segue um modelo que já foi aprovado pela União em 2011 e adotado por outros estados, como São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Conforme o governo, a criação do novo modelo é uma das estratégias para enfrentar o crescente déficit do regime de previdência estadual. De acordo com dados apresentados pelo secretário de Estado da Fazenda, Antonio Gavazzoni, em 2014, esse déficit chegou a R$ 2,6 bilhões e neste ano deve passar de R$ 3 bilhões. A Fazenda prevê que, em 2020, esse déficit atinja R$ 7,8 bilhões, o que corresponderia a 27,5% das despesas do tesouro catarinense. O rombo deve crescer e atingir seu ápice entre 2025 e 2034.
O novo modelo de previdência não irá resolver a questão do déficit, mas evitará que ele se agrave ainda mais. Para enfrentá-lo, o governo pretende adotar outras medidas que atingirão os servidores ativos atuais, mas que ainda não foram definidas.