Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina Agência AL

Facebook Flickr Twitter Youtube Instagram

Pesquisar

+ Filtros de busca

 

Cadastro

Mantenha-se informado. Faça aqui o seu cadastro.

Whatsapp

Cadastre-se para receber notícias da Assembleia Legislativa no seu celular.

Aumentar Fonte / Diminuir Fonte
22/06/2011 - 15h58min

Prejuízos da suinocultura são discutidos pela Comissão de Agricultura

Imprimir Enviar
Audiência Pública: \"A situação da Suinocultura Catarinense\" - Carlos Francisco Geesdorf
A Comissão de Agricultura e Política Rural realizou audiência pública, na manhã desta quarta-feira (22), para discutir a crise da suinocultura catarinense, que enfrenta prejuízos em virtude do aumento de insumos, do preço final praticado nos supermercados e sofre com o embargo russo ao produto brasileiro, agora também adotado pela Ucrânia, por motivos sanitários. O debate atendeu pedido do deputado Moacir Sopelsa (PMDB), vice-presidente da Assembleia, que foi acompanhado pelos deputados Mauro de Nadal (PMDB), Neodi Saretta (PT), e José Nei Ascari (DEM). Além dos proponentes da audiência, outros doze deputados estaduais e o secretário de Estado da Agricultura, João Rodrigues, acompanharam o debate, que reuniu no Plenário Osni Régis prefeitos, vereadores, secretários municipais de agricultura, representantes de entidades ligadas à produção de suínos e dezenas de produtores do Extremo Oeste, Oeste, Vale do Rio do Peixe e Sul do Estado. Em dezembro de 2010 o custo de produção de um quilo de carne de porco era de R$ 2,46, sendo que o produtor vendia o quilo por R$ 2,54, com lucro de R$ 8 centavos. A situação se inverteu em janeiro, quando o custo subiu para R$ 2,49 e o preço de venda pelo produtor caiu para R$ 2,40. Desde então o custo sobe e o preço de venda cai. Atualmente, o prejuízo é de R$ 56 centavos o quilo. Para se ter uma idéia, um empreendimento com 500 matrizes, com produtividade de 1.000 porcos por mês, amargou em maio um prejuízo de cerca de R$ 70 mil. Atualmente, um animal significa R$ 90 de prejuízo. Sopelsa afirmou que no caso de Seara, um caminhão com 300 porcos deixa um prejuízo de R$ 27.000,00 aos produtores. “Um automóvel gol a cada caminhão”, lamentou. Ficou decidido que a Comissão de Agricultura continuará intermediando a liberação de estoques de milho da Conab, com preço menor que o praticado pelo mercado, além das 70 mil toneladas que estarão disponíveis na primeira quinzena de julho. A Comissão ainda atuará no sentido de pressionar o governo federal a prorrogar as dívidas de custeio e de investimentos e a liberar mais crédito; também articulará a implantação efetiva do uso da carne suína na alimentação dos presídios, dos quartéis e na merenda escolar do Estado; proporá uma legislação que possibilite à pessoa física o acesso ao crédito presumido do ICMS; discutirá o controle da produção; e negociará a redução do ICMS da energia elétrica para os produtores. O deputado Aldo Schneider (PMDB), presidente da Comissão de Agricultura, fez a sugestão, acatada por seus pares, de promover uma reunião da Comissão na próxima terça-feira, dia 28, às 10 horas, com a Associação dos Criadores de Suínos (ACS), com o Sindicato da Indústria da Carne e Derivados de SC (Sindicarne) e com a Associação Catarinense de Supermercados (Acats). No encontro será discutida a promoção do consumo da carne suína e estabelecido um plano de ação junto à Celesc e às secretarias de Estado da Fazenda; da Justiça e Cidadania e da Educação, visando cumprir os encaminhamentos. Para Losivânio Lorenzi, presidente da Associação de Criadores de Suínos, os produtores “não conseguirão saldar suas dívidas bancárias”. Ele ressaltou que o preço caiu para o produtor, mas não para o consumidor. “Onde está a margem de lucro, com o supermercado ou com a indústria? Um porco vendido por R$ 200 pelo produtor custa R$ 900 na gôndola”, questionou. O secretário executivo do Sindicarne, Ricardo Gouvêa, lembrou que a indústria catarinense, diferentemente das indústrias do Sudeste, produz suínos e compra milho, por isso tem os mesmos problemas dos produtores. Gouvêa atribuiu a crise à desaceleração da economia brasileira, à baixa no consumo de alimentos, à pressão dos custos, à competitividade dos EUA, Canadá e Europa, à perda do mercado russo, à demora em consolidar novos mercados como a China e o Japão, e ao baixo preço da carne bovina e de frango. O secretário João Rodrigues, hipotecou solidariedade aos produtores. Lembrou que o governo, ainda em janeiro, isentou o ICMS para os produtores por 90 dias e que agora prorrogou essa isenção. Para o secretário, é preciso definir o papel de cada um - Estado, municípios, União, indústrias e produtores -, e partir para a ação. “Só assim será solucionada a crise”, afirmou. O deputado Federal Celso Maldaner (PMDB), vice-presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, anunciou que no próximo dia 29, quarta-feira, será realizada em Brasília uma audiência pública com o mesmo objetivo, com a presença do Ministro da Agricultura, para encaminhar ações no âmbito do governo federal. De acordo com Mauro de Nadal, também é necessária a participação do Ministério da Saúde, para ajudar na divulgação do consumo da carne suína. O parlamentar afirmou que a situação é muito crítica. Ele citou o caso de Iporã do Oeste, que das 40 famílias que criam porcos, apenas doze jovens ainda permanecem na atividade. Para o deputado Dirceu Dresch (PT), o problema é estrutural, pois 93% dos suinocultores possuem menos de 50 hectares. “É insustentável, não tem futuro”. Dresch criticou o fato de Santa Catarina gastar R$ 120 milhões com merenda escolar adquirida de empresas de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. O prefeito de Tunápolis, Enoí Scherer, informou que a suinocultura é responsável por 40% do PIB do município e que os produtores estão endividados e não têm como saldar seus compromissos. “Não caí fora porque não tem como, o prejuízo seria maior ainda”, desabafou. O produtor de Grão Pará, Vilibaldo Michels, demonstrou que com o dinheiro de duas costelas e dois pernis adquiridos no supermercado, dá para comprar do produtor um porco inteiro. Ele questionou porque o governo brasileiro, ao invés de doar dinheiro ao Haiti, não doa carne suína. O presidente da Cidasc, Enori Barbieri, sugeriu que a União compre parte do estoque de carne excedente, para regular o preço. Marcos Spricigo, produtor de Arroio Trinta, questionou o acesso às guias de transportes (GTA) fornecidas pela Cidasc. Para o vereador de Arabutã, Helio Losch, a burocracia também cria dificuldades e gera custo. “Estamos pagando R$ 3 a 4 mil para obter uma licença ambiental”, reclamou. Para Elizeu Pinzetta, de Xavantina, a cadeia produtiva da suinocultura precisa discutir o controle da produção. “Ele virá por bem ou por mal”, vaticinou. Também participaram da audiência os deputados Reno Caramori (PP), Sargento Soares (PDT), Luciane Carminatti (PT), Elizeu Mattos (PMDB), Manoel Mota (PMDB), Padre Pedro Baldissera (PT), Marcos Vieira (PSDB), Valmir Comin (PP), Altair Guidi (PPS), Joares Ponticelli (PP), Ismael dos Santos (DEM), Angela Albino (PCdoB). (Vítor Santos)
Voltar