Prefeito de Xanxerê destaca determinação da população e reivindica recursos
O prefeito de Xanxerê, Ademir Gasperim, destacou a determinação da população do município em reconstruir casas e empresas destruídas, mas cobrou recursos dos governos estadual e federal. “A presença dos ministros dá mais segurança e aumenta a autoestima das pessoas, mas vocês sabem muito bem que o planejamento da prefeitura para 2015 não existe mais, por isso olhem com carinho, realmente precisamos de ajuda, nossa proposta é recursos o mais rápido possível”, declarou Gasperim, dirigindo-se aos ministros do Trabalho e Emprego e da Integração Nacional, que visitaram os municípios na manhã de terça-feira (22).
O ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, confirmou à Agência AL que a União reconheceu a situação de emergência em Ponte Serrada e o estado de calamidade pública em Xanxerê. “O reconhecimento abre as portas dos municípios aos recursos federais e apressa a liberação do FGTS para os atingidos”, descreveu o ministro, acrescentando que dois técnicos do ministério permanecerão no estado para auxiliar as prefeituras. “Vão identificar os estragos e buscar alternativas de reconstrução”, resumiu.
Além de residências, muitas empresas foram danificadas ou completamente destruídas. O empresário Claudio Tiecher, de Ponte Serrada, dono da Ervateira Tiecher, já iniciou a reconstrução do negócio. “O tornado demoliu minha firma, não sobrou nada do secador (de erva-mate), perdi uns R$ 100 mil”, contou Claudio, que em meio aos destroços continuou atendendo fornecedores e consumidores. “Tenho que buscar parceria com outra ervateira”, disse.
À mercê da natureza
Em pleno século 21, na época da revolução digital, os habitantes do Oeste catarinense ainda vivem como seus pais e avós, dezenas de anos atrás: à mercê da natureza. “Os eventos vão nos ensinando a atuar e suscitam o debate sobre a identificação do fenômeno e a emissão de alertas à população”, ponderou Alexandre Gomes, diretor do Departamento de Articulação e Gestão do Ministério da Integração Nacional, reconhecendo que não há equipamentos para monitorar as variáveis climáticas que resultam em tornados na região oeste de Santa Catarina.
Alexandre explicou que nos Estados Unidos, que tem avançado sistema de monitoramento de eventos climáticos, a identificação e a previsão da trajetória de tornados acontecem apenas minutos antes da formação. “E em 97% dos casos há o alerta e o tornado não ocorre”, informou.
Jucilene Tiecher, de Ponte Serrada, reclamou dos informes de previsão do tempo. “A previsão era só chuva, ninguém falou em vento forte. Um pouco antes do tornado ouvi muitos trovões, mas pareciam longe e a chuva era fraca”, descreveu Jucilene. Ida Cavanholi, moradora do bairro Tacca, de Xanxerê, assim como seus vizinhos, também foi surpreendida pela intempérie. “Só lembro que o vento me derrubou e as coisas caíram em cima de mim, parecia o barulho de uma turbina de avião”, revelou Ida.
Para o segundo-tenente Nilson Renê, do 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado, sediado em São Miguel do Oeste, foi sorte os tornados terem ocorrido durante a tarde. Com a experiência de quem socorreu as vítimas de Guaraciaba, em 2009, Renê observou que se fosse a noite, o número de óbitos poderia ser superior às duas mortes registradas em Xanxerê. “Durante o dia as pessoas veem o tornado e correm para um abrigo. Se estão em casa, procuram um lugar mais seguro, embaixo de um móvel, no banheiro. Já a noite as pessoas são surpreendidas no sono”, avaliou o militar.
De acordo com Renê, os estragos causados nas casas e nas árvores são semelhantes aos constatados em Guaraciaba. A diferença é que lá atingiu mais a zona rural, enquanto em Xanxerê passou sobre a cidade”, observou Renê, completando que o tornado de 2009 varreu um área de cerca de 200 metros de largura, enquanto os ventos de segunda-feira (20) devastaram áreas de até 500 metros de largura.
Agência AL