Mafra pede interrupção do edital de viabilidade técnica da Ferrovia do Frango
Lideranças políticas e representantes de entidades sociais e empresariais do Planalto Norte vão buscar a interrupção do edital de viabilidade da futura ferrovia que interligará o Oeste ao Litoral do estado, a chamada Ferrovia do Frango ou Ferrovia da Integração. O documento, elaborado pela Valec, prevê que a nova via passe necessariamente pelo centro do estado, inviabilizando as chances de utilização de trechos ferroviários de outras regiões do estado. O fato foi destacado na noite da última sexta-feira (5), em audiência pública realizada no auditório da Universidade do Contestado (UnC) de Mafra.
A Comissão de Transporte e Desenvolvimento Urbano da Assembleia Legislativa, proponente do debate, levará o pleito ao governo federal e à própria Valec, por meio do Fórum Parlamentar Catarinense e do governo do Estado. No próximo dia 16, a comissão também se reunirá para debater o tema com representantes do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
De acordo com o engenheiro da regional do Dnit, Izaldo Kondlatsch, o processo pelo qual a Valec pretende contratar o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) e o projeto básico da Ferrovia do Frango será aberto no dia 29 deste mês, inviabilizando totalmente as chances do Planalto Norte em ser incluído no roteiro. "Neste momento estamos fora até mesmo dos estudos de viabilidade técnica para a obra, pois é este edital que vai reger sua execução. Três trechos já estão sendo estudados, mas todos pelo centro do estado, como delimita o texto", disse.
A própria empresa, disse Kondlatsch, abriu a possibilidade de modificação do documento até o dia 17 de julho por meio de uma errata que seja solicitada oficialmente pelo poder público catarinense. "Para que tenhamos a possibilidade de ao menos participar dos estudos de viabilidade da ferrovia, precisamos retirar do edital apenas cinco palavras: "pelo centro de Santa Catarina". Este é o grande pleito de Mafra no momento", frisou.
Na condição de presidente da Comissão de Transportes, o deputado Reno Caramori (PP) afirmou que acionará a Frente Parlamentar Catarinense e também buscará o apoio do governador do Estado para a questão. Raimundo Colombo, lembrou Caramori, é o atual presidente do Codesul, órgão de coordenação dos estados do Sul, mais o Mato Grosso do Sul, e pode facilitar a intermediação junto ao governo federal. "Vamos convidar o governador, para que este tome conhecimento e se integre ao movimento. O que não podemos é pecar por omissão", disse.
Estado precisa unificar seus pleitos
Presentes à audiência, diversos parlamentares apoiaram as reivindicações do Planalto Norte, em especial do município de Mafra, por novos investimentos no modal ferroviário. Para o deputado Antônio Aguiar (PMDB), a região seria a melhor opção para integrar a ferrovia Oeste-Litoral, já que possui uma malha ferroviária que poderia ser recuperada e posteriormente utilizada para este fim, reduzindo em cerca de R$ 1,5 bilhão o custo da obra, proporcionando ainda o desenvolvimento econômico dos municípios da região. Ideia semelhante foi manifestada pelos deputados Silvio Dreveck (PP) e Darci de Matos (PSD).
Já o deputado Dirceu Dresch (PT), que coordena a Frente Parlamentar Catarinense das Ferrovias da Assembleia Legislativa, afirmou que o colegiado tem sido procurado por diversos representantes regionais em busca de apoio, mas que não fechou questão sobre o melhor traçado. "Na frente parlamentar não temos uma posição fechada, já que estamos ouvindo os argumentos de cada região", disse.
O prefeito de Mafra, Roberto Agenor Scholze (PT), destacou que está havendo uma verdadeira queda-de-braço política pelo futuro traçado da ferrovia. "Cada liderança querendo levar para sua região, o que é péssimo, pois estamos deixando de lado os aspectos econômicos e sociais da obra".
Com relação a outros projetos ferroviários em estudo pelo governo federal, ele criticou a falta de unidade nos pleitos catarinenses, o que estaria afastando investimentos do estado. Ele citou como exemplo a ferrovia planejada para unir o Centro-Oeste do país ao Sul, entre Maracajú (MS) e Mafra. "Enquanto nos falta um discurso único em prol de nosso estado, o Paraná está brigando fortemente, de forma unificada, e por isso está conseguindo levar esta linha até Paranaguá, mesmo que isto seja um absurdo técnico e econômico".
Também participaram dos debates o reitor do campus local da UnC, José Alceu Valério; o secretário Regional de Mafra, Wellington Roberto Bielecki; o presidente da Câmara de Vereadores de Mafra, Vicente de Paulo Bezerra Saliba (PDT); o presidente do Sindicato Comércio Varejista de Mafra, Antônio Nahum Zaine e o presidente do Grupo de Trabalho em Prol de Mafra, Nereu Martins Carvalho.
Agência AL
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