Lideranças de Canoinhas defendem que Ferrovia do Frango passe pela região
A construção da futura ligação férrea entre o Oeste e o Litoral, a chamada Ferrovia do Frango, pode ser efetivada de forma mais econômica ao se aproveitar a malha já existente na região do Planalto Norte, proporcionando ainda a reativação da economia da região.
A ideia foi defendida na manhã desta sexta-feira (5), em audiência pública realizada na Câmara de Vereadores de Canoinhas para discutir o tema. O evento foi promovido pela Comissão de Transportes e Desenvolvimento Urbano da Assembleia Legislativa de Santa Catarina e reuniu parlamentares estaduais, lideranças locais e representantes de entidades empresariais.
Durante o encontro foi aprovada uma moção a ser entregue ao governo federal para que o trecho que passa pelo Planalto Norte integre a Ferrovia Oeste-Litoral e que também seja viabilizado o transporte turístico na região. Parte de um pacote de investimentos da ordem de R$ 91 bilhões do governo federal para a recuperação da malha ferroviária brasileira, a ferrovia que cortará o território catarinense no sentido Leste-Oeste já tem ordem de serviço aprovada para a realização dos estudos e projetos.
O deputado Antônio Aguiar (PMDB), proponente do debate, criticou o pré-projeto, que propõe o Vale do Itajaí como caminho até o os portos catarinenses. O ideal, disse, seria passar pelo Planalto Norte, utilizando trecho da malha viária já existente, gerando economia e perspectiva de desenvolvimento à região. "Dizem que não temos viabilidade econômica, mas nem foram feitos os estudos para isso. Acredito que temos sim, principalmente para o escoamento de madeira e grãos. Só precisamos revitalizar o trecho", disse.
Presidente da Frente Parlamentar das Ferrovias em Santa Catarina, o deputado Dirceu Dresch (PT) afirmou que a ligação Oeste-Litoral, é de importância fundamental para o estado, mas que ainda não firmou posição sobre o melhor traçado para a via. De acordo com o parlamentar, já há R$ 68 milhões garantidos para o projeto técnico, econômico e ambiental desta via, prevista para ser realizada em 24 meses, podendo ser utilizado futuramente também para o transporte de passageiros. "Temos a responsabilidade de desenvolver todas as regiões de Santa Catarina, e estou na luta para que o Planalto Norte reative sua malha viária. Talvez ligando-a a Guarapuava, no Paraná, ou mesmo ao Rio Grande do Sul", disse.
Para o deputado Silvio Dreveck (PP), a região conta com dois grandes pontos a seu favor na comparação com o Vale do Itajaí: as questões ambientais já equacionadas e também a de possuir grande potencial econômico na área da agropecuária. "Além do Meio-Oeste, qual a outra região de Santa Catarina que tem espaço para o aumento da produção agropecuária, além do Planalto Norte”, questionou.
Ele disse ainda, que como presidente do Parlasul, órgão de coordenação parlamentar dos três estados do Sul, mais o Mato Grosso do Sul, vem defendendo a inclusão dos municípios catarinenses em outro projeto ferroviário que ligará o centro do país à região Sul, hoje projetado para ir até o porto de Paranaguá, no Paraná. "Defendemos que Mafra ou Porto União também estejam incluídos neste projeto".
O importante no momento, afirmou o deputado Reno Caramori (PP), presidente da Comissão de Transportes, é que as lideranças políticas envolvidas intensifiquem a pressão para que o governo federal realize o levantamento técnico e econômico do trecho. "Sabemos o que o governo federal está propondo. Precisamos agora focar é no que queremos alcançar", disse.
Opção de desenvolvimento
O prefeito de Canoinhas, Luiz Alberto Rincoski Faria (PMDB), ressaltou que a passagem pelo Planalto Norte traria uma opção de desenvolvimento sustentável para a região. Ele afirmou que, devido ao seu perfil econômico, o Planalto se favoreceria tanto na importação quanto na exportação de produtos. "Os fertilizantes chegam nos portos e têm que ser transportados às regiões produtoras e o Planalto Norte tem muito a ver com essa questão".
Da mesma forma, o representante regional da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Norberto Luiz Fuck, afirmou que a utilização dos ramais férreos locais favoreceriam melhores condições para a instalação e manutenção das empresas na localidade. "Atualmente, muitas vezes é mais caro levar as mercadorias até o porto do que até o destino final. Esta alternativa aumentaria muito a nossa competitividade, pela vinda de insumos e escoamento da produção com menores custos".
Viabilidade técnica
Citando um estudo realizado pela Fiesc, o especialista em logística e representante do porto de Itapoá, Heglisson Mota de Castro, destacou que a utilização da malha férrea do Planalto Norte é a melhor opção para a via que cortará o estado no sentido leste-oeste. "Temos que pensar em termos gerais, o que vai ser melhor para o estado e este levantamento, bastante detalhado, demonstrou que a passagem pelo Planalto Norte é a mais viável de todas as rotas possíveis".
Um dos entraves apontados para o aproveitamento da malha viária da região já estaria sendo solucionado, segundo afirmou o gerente de patrimônio da América Latina Logística (ALL), Marcelo Fiegle. A empresa, com sede em Curitiba, e que administra ferrovias em seis estados, já tem previstos investimentos de R$ 42 milhões para a recuperação total do trecho entre Mafra e Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.
A empresa, que assumiu as concessões em 1997, disse o dirigente, planeja iniciar os trabalhos a partir do próximo ano, com término previsto para 2016. Já o trecho entre Porto União e Mafra também deve ser totalmente revitalizado, com a troca de dormentes, lastro, trilho e a mudança do perfil das vias.
Ele afirmou ainda que não há planos para realizar transporte de passageiros e que o principal limitador da velocidade das obras será a concessão das licenças. "Dificuldade não é a execução, mas a burocracia necessária para obter as licenças, que chegam a demorar um ano para a liberação".
Participaram ainda dos debates o presidente da Câmara de Vereadores de Canoinhas, Renato Pike, e o secretário de Desenvolvimento Regional de Canoinhas, Ricardo Pereira Martin.
Agência AL