Fórum Internacional de Coordenadores de Transplantes
Destaque no setor de transplante de órgãos, com um dos maiores índices de cirurgias no país, Santa Catarina busca agora aperfeiçoar seu sistema médico, através da realização da segunda edição do Fórum Internacional de Coordenadores de Transplantes, nos dias 14 e 15 de dezembro, em Balneário Camboriú. O evento trará ao estado algumas das maiores autoridades em coordenação de transplantes do mundo, como o presidente da Sociedade Europeia de Terapia Intensiva, o português Rui Moreno, e o coordenador de Transplantes da Comunidade Autônoma de Aragon, o espanhol José Inácio Sanchez Miret, que falarão da experiência dos seus países no setor.
Inspirado no modelo de gestão de transplantes espanhol, que apresenta o maior índice de doação do mundo, com 36 doadores por milhão da população (p.m.p.), Santa Catarina obteve em 2009 o índice de 19,8 p.m.p., marca superior à média brasileira, de 8,7 p.m.p. Se fosse um país, Santa Catarina, ficaria, na América Latina, atrás apenas do Uruguai, que apresenta a marca de 20 p.m.p.
Para coordenador da SC Transplantes (órgão que regula a atividade no estado), o médico intensivista Joel de Andrade, a obtenção dos expressivos resultados depende de fatores como a valorização dos profissionais de saúde, da logística que envolve todo o processo e, principalmente, da relação inicial com os familiares do doador. “A capacitação e envolvimento dos médicos intensivistas (profissionais que atuam nas UTIs), são fundamentais para que o transplante se concretize, pois a forma de abordagem é decisiva na reação de quem vive um momento de dor e fragilidade”, explica.
Há cinco anos à frente da instituição, Andrade acrescentou que neste período o número de coordenadores hospitalares para transplante da rede hospitalar estadual subiu de dez para 80 profissionais. Ele acredita, entretanto, que, apesar da melhora, ainda há muitas questões a serem resolvidas para que se atinja a excelência na área. “Embora tenhamos avançado muito, ainda contamos com uma estrutura semi-profissional, em que a maioria dos profissionais envolvidos nos transplantes não conta com uma remuneração específica. É isso que vamos buscar agora”.
Andrade adianta que, durante o Fórum, será lançado o novo modelo de coordenação hospitalar de transplantes em Santa Catarina, que entrará em vigor no próximo ano. Por ele, os coordenadores de transplantes passarão a receber remuneração extra pela função que acumulam nos hospitais. A medida é um projeto conjunto do Ministério da Saúde e do governo do estado, através de aporte de quase R$ 1,5 milhão/ano ao setor no estado.
Portugal e Espanha
Uma iniciativa da SC Transplantes, que pelo segundo ano realiza o Fórum no estado, o Fórum Internacional de Coordenadores de Transplantes contará com a participação de especialistas que são referência no setor em seus países, como os médicos Rui Moreno, de Portugal, e José Inácio Sanches Miret, da Espanha.
Presidente da Sociedade Europeia de Terapia Intensiva, Rui Moreno acredita que Portugal conseguiu atingir a expressiva 31 p.m.p., uma das marcas mais altas do mundo, por apostar na figura do médico intensivista. Ele explica que, mesmo não fazendo parte da equipe de transplante, o profissional representa um papel muito importante no funcionamento do processo, ao identificar possíveis doadores. “Estávamos estagnados, mas a partir de 2006 conseguimos retomar os avanços, através de uma mudança de conceitos. O segredo foi apostar no intensivista, profissional que deve atuar sempre em consonância com a equipe de cirurgia”, confidenciou.
Coordenador de Transplantes da Comunidade Autônoma de Aragon, José Inácio Sanches Miret trará ao Fórum toda a experiência e conhecimento do seu país na área. Para Miret, a mídia pode contribuir significativamente para a melhora do sistema ao aproximar o público do tema. “A função dos meios de comunicação é importantíssima ao transmitir à sociedade, mesmo que indiretamente, informações que esclareçam como é o procedimento médico e a importância de se contar com doadores de órgãos”, afirmou.
Além de Moreno e Miret, devem participar do Fórum especialistas provenientes da Argentina e do Uruguai, bem como os presidentes do Conselho Federal de Medicina, Roberto Luiz D’Ávila, da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, Ben-Hur Ferraz Neto, e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Ederlon Rezende, além de profissionais de oito estados brasileiros.
Paralelamente ao Fórum ocorrem o I Workshop sobre o papel da Mídia no Processo Doação – Transplante e o IX Curso Estadual de Coordenadores de Transplantes. A programação inclui ainda, no dia 14, uma caminhada na Avenida Atlântica, para mobilizar a população sobre a doação de órgãos e uma cerimônia de entrega de troféus a pessoas e instituições do país e no exterior de destacada atuação na área. (Alexandre José Back)
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