Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina Agência AL

Facebook Flickr Twitter Youtube Instagram

Pesquisar

+ Filtros de busca

 

Cadastro

Mantenha-se informado. Faça aqui o seu cadastro.

Whatsapp

Cadastre-se para receber notícias da Assembleia Legislativa no seu celular.

Aumentar Fonte / Diminuir Fonte
21/12/2011 - 17h58min

Deputado Valmir Comin avalia missão internacional

Imprimir Enviar
Deputado Valmir Comin (PP)
O deputado Valmir Comin (PP) liderou a primeira missão internacional organizada pela Secretaria de Relações Institucionais da Assembleia Legislativa, que cumpriu agenda de compromissos oficiais na Índia e na China, no período de 28 de novembro a 10 de dezembro. Nesta entrevista feita pela jornalista Lisandrea Costa, da Agência AL, o parlamentar fala sobre os objetivos, experiências e resultados da viagem. Agência AL - Como foi a experiência dessa missão internacional que o senhor comandou? Comin - Foi a primeira oportunidade que tive, em 13 anos de mandato parlamentar, de capitanear uma missão internacional. Fiquei extremamente surpreso, foi muito além da expectativa em relação à visão que eu tinha sobre a Índia e, principalmente, sobre a China, que é um país emergente e vem investindo muito em tecnologia, educação, pesquisa e desenvolvimento. O PIB da China tem alcançado a média de 9,5% ao ano, uma projeção muito agressiva, com expansão em todo o planeta e produtos de qualidade e preço competitivo. Agência AL - Como foi composta a delegação? Comin - A comitiva foi composta por mim, pelo deputado licenciado Jailson Lima (PT), que viajou com recursos próprios e se juntou ao grupo na China; pelo consultor geral da Secretaria Executiva de Assuntos Internacionais, Marcelo Trevisani; pelo superintendente do DNPM em Santa Catarina, Ricardo Peçanha; e pelos empresários Valmir Mota e Cláudio Zilli, que atuam nos setores de segurança e extração do carvão mineral, respectivamente, além de dois servidores do Poder Legislativo, a coordenadora da Secretaria de Relações Institucionais, Kátia Rezende, e um profissional da comunicação, Jucinei Cardoso. Agência AL - Os compromissos da delegação começaram na Índia? Comin - Sim, desembarcamos em Nova Delhi, capital da Índia, no dia 28 de novembro. E lá tivemos a oportunidade de conhecer uma empresa chamada VNL que desenvolve tecnologia de internet banda larga. A partir de uma única conexão por fibra ótica o sinal é estendido via wireless para regiões sem cobertura. Para evitar que a instalação de torres para a captação e retransmissão do sinal inviabilizasse o investimento e evitar gastos com energia elétrica, a VNL adotou painéis fotovoltaicos para a captação da luz do sol. Com essa tecnologia poderíamos proporcionar acessibilidade à telefonia e internet nas comunidades mais interioranas de Santa Catarina, para retransmissão de dados, áudio e vídeo. O custo dessa tecnologia é extremamente reduzido, tem eficiência e qualidade e vem ao encontro da necessidade de inclusão social. Isso pode preencher uma lacuna que as grandes operadoras de telefonia não conseguem suprir, que são as áreas de sombra. Agência AL - A delegação conheceu uma experiência da aplicação dessa tecnologia? Comin - Visitamos uma comunidade extremamente carente, no vilarejo de Kheri, zona rural do Estado de Ragesthan, a 85 km da capital Nova Delhi. A localidade tem cerca de 2200 habitantes que se dedicam à lavoura e à criação de animais. Para chegar à vila é preciso enfrentar alguns quilômetros de estrada de chão. O que me deixou estarrecido e chocado é que a escola não dispunha de cadeiras, nem de carteiras, tampouco de refeitório. Mas todos os alunos têm acesso à internet, estão conectados ao mundo. Agência AL - Há expectativa de replicar essa experiência em Santa Catarina? Comin - Foi importante podermos interagir e estreitar a relação com a empresa, pois já existe um projeto-piloto em Santa Catarina, no município de Águas Mornas, que na sequência será estendido para Palhoça, fruto de um protocolo de intenções anteriormente firmado entre VNL, Unisul, governo do Estado, prefeituras de Águas Mornas e Palhoça. Já levamos a nossa opinião sobre essa experiência ao conhecimento do governador e nesse aspecto foi fundamental a participação do consultor geral da Secretaria de Assuntos Internacionais, Marcelo Trevisani, que integrou a nossa comitiva, porque acreditamos que essa tecnologia vem ao encontro do que o Brasil necessita. Agência AL - Na China, os senhores conheceram experiências na área de geração de energia? Os chineses detêm tecnologia avançada nessa área? Comin - Eles estão, no mínimo, cinco décadas à nossa frente. Conhecemos uma experiência muito interessante de uma empresa que utiliza, além da queima de carvão para geração de energia, o lixo urbano. Esse é um problema urbano crescente, precisamos dar um destino adequado ao volume de lixo produzido. E podemos fazer isso agregando valor ao produto. A tecnologia chinesa é muito avançada, com produção em escala de equipamentos para mineração de carvão, com segurança e custo baixíssimo. O que mais me chamou a atenção foi o emprego da pesquisa e desenvolvimento para extração dos subprodutos agregados à cadeia produtiva. Agência AL - Que subprodutos são esses, deputado? Comin - Sulfito, sulfato de amônia, fibra de carbono e vários outros subprodutos empregados como fertilizantes na agricultura, em foguete e até mesmo no setor automobilístico. O Grupo de Carvão e Indústria Química de Henan desenvolve mais de 20 subprodutos a partir do minério. A criação de subprodutos poderia ser uma alternativa para Santa Catarina que hoje explora apenas três deles, o coque e o cardiff, utilizados na indústria de fundição, e o carvão ativado para o tratamento de água. Os subprodutos que não exploramos são resíduos que contaminam o meio ambiente e representam um custo para que o minerador faça seu envelopamento (proteção para que não haja contaminação ambiental). Com uma política específica para o setor, incentivada pelo governo, poderíamos criar um polo tecnológico do carvão, nos moldes de um polo petroquímico. Agência AL - O senhor disse que os chineses detêm tecnologia eficiente, mas e quanto ao controle ambiental? Comin - A visão de que a China está atrasada no aspecto do controle ambiental é totalmente equivocada. Eles traçam planos e metas que são cumpridos na prática e já estão adotando uma política de prevenção ambiental, com uma série de mecanismos. E como a produção deles tem muita eficiência, conseguem reduzir os resíduos gerados. Visitamos a Companhia de Geração de Energia de Pingdingshan, um complexo que entrou em operação em 2010, com tecnologia inteiramente chinesa. O investimento nesse complexo foi de aproximadamente R$ 2 bilhões. Enquanto a nossa Usina Jorge Lacerda tem 35% de eficiência energética, a de Pingdingshan aproveita 48% do carvão. A companhia também faz um controle rigoroso da poluição gerada, por determinação do governo chinês. A empresa já se adequou à lei que limita a emissão de partículas em até 30 miligramas por metro cúbico e que só deve entrar em vigor em 2012. Agência AL - Os chineses têm interesse em fazer parcerias com o Brasil nessa área de geração de energia a partir do carvão? Comin - Eles têm tecnologia segura, ambientalmente correta, e investidores com sede de investir, mas precisam de segurança jurídica para tal. E quem pode dar essa condição é o governo federal, proporcionando a garantia da venda dos subprodutos ou da venda de energia para o sistema integrado nacional. Agência AL - A Frente Parlamentar do Carvão Mineral vai atuar nesse sentido? Comin - Nós já estamos atuando, juntamente com os gaúchos, por meio da Frente Parlamentar do Carvão Mineral, em prol da inclusão do carvão nos leilões da Eletrobrás. Essa é a segurança jurídica que os investidores querem para aqui se estabelecer. Entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, teríamos uma estimativa de investimento de mais de 10 bilhões de dólares. Isso representaria mais de 80 mil empregos para mão-de-obra qualificada. Seria uma política econômica e social, com aproveitamento de uma energia firme, pois o carvão, diferentemente de fontes renováveis como eólica, solar ou hídrica, não depende de condições meteorológicas. É uma energia firme, segura, na qual o país tem autonomia própria, e que pode entrar no sistema na eventualidade de qualquer intempérie que prejudique o abastecimento por outras fontes. Agência AL - A comitiva também participou de uma reunião dos BRICS? Comin - Sim, de 1º a 3 de dezembro participamos do primeiro Fórum das Cidades Irmãs e Governos Locais dos BRICS, um evento que reuniu representantes e autoridades do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em Sanya, na China. O deputado Jailson Lima foi um dos palestrantes nesse evento, em um painel que tratou de temas relacionados ao meio ambiente, mudanças climáticas e energias renováveis. Ele falou das ações desenvolvidas no Brasil e em Santa Catarina. Foi uma oportunidade muito interessante para interação e troca de experiências, que futuramente pode evoluir para parcerias e troca de tecnologias. Agência AL - O programa de encontros incluiu uma visita a um hospital público? Comin - Exatamente. Visitamos o hospital de Henan, o maior dessa província e um dos cem melhores do país. A unidade dispõe de três mil leitos, 62 especialidades médicas e 20 institutos de pesquisa que mantêm intercâmbio com hospitais da França, Japão, Austrália e Estados Unidos. A nossa comitiva reafirmou o protocolo de intenções assinado em novembro deste ano entre o Hospital de Henan e o Hospital Universitário de Florianópolis. O acordo prevê que médicos e estudantes de medicina da China prestem atendimento em Santa Catarina e vice-versa. Agência AL - Os senhores também visitaram uma empresa catarinense que está atuando na China? Comin - Sim, tivemos a oportunidade de visitar a Embraco, uma gigante brasileira que atua no mercado chinês com uma unidade própria desde 1995. A fábrica chinesa tem mais de 2 mil funcionários, 43 engenheiros e capacidade para produzir até 9 milhões de compressores. No momento estão desenvolvendo o protótipo de um compressor que não utiliza óleo e um outro, em miniatura, que poderá utilizado para refrigerar a roupa do bombeiro. Agência AL - Como o senhor avalia a experiência dessa primeira missão organizada pela Secretaria de Relações Institucionais? Comin - Foi uma missão extremamente positiva, organizada com muito profissionalismo pela coordenadora Kátia Rezende e sua equipe. Acredito que o Parlamento deve motivar e incentivar esse intercâmbio, possibilitando que os profissionais da Casa possam participar porque o aprendizado contribui para a qualificação do corpo funcional. Quanto ao cumprimento dos objetivos da viagem, acredito que copiar aquilo que dá certo não é vergonhoso para ninguém, se existe tecnologia eficiente a preço competitivo, por que não irmos em busca do conhecimento e dessas parcerias? O mundo está aberto a isso, precisamos aproveitar as oportunidades. Cito como exemplo o governo da Bahia, que montou um escritório em Pequim para prospecção de negócios entre empresas baianas e chinesas. Essa é a visão estratégica que Santa Catarina deve ter. O catarinense, pela sua essência, é um povo empreendedor, mas muitas vezes precisa de informação e de segurança jurídica. O governo deve ser o motivador nesse processo, pois uma simples conversa pode angariar investimentos significativos. O caminho é a política, e o Parlamento está cumprindo o seu papel nesse processo, em paralelo com o Executivo. No próximo ano vamos receber missões indianas e chinesas para prospectar negócios, como resultado desses contatos que fizemos.
Voltar