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10/11/2010 - 12h08min

Colunistas políticos analisam cenário pós-eleitoral no Brasil e em SC

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Debate 'Análise das Eleições e o Futuro Político de Santa Catarina e do Brasil'
Atendendo ao convite da Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, os jornalistas e colunistas políticos Moacir Pereira e Paulo Alceu participaram na noite desta terça-feira (09) do debate intitulado “O novo cenário político estadual e nacional”, ocorrido no Plenarinho Paulo Stuart Wright, na Assembleia Legislativa. O evento, que contou com a presença de profissionais da mídia e da área de política, faz parte da programação da “Semana de Educação para Cidadania”, que acontece de 8 a 11 de novembro. Mediado pela jornalista Deborah Almada, vice-presidente da Associação Catarinense de Imprensa, os jornalistas analisaram o resultado mostrado pelas urnas na última eleição e suas implicações nos âmbitos estadual e federal. A iniciativa foi elogiada pelos dois debatedores, que afirmaram que, passado o período eleitoral, surge na imprensa e na população em geral a curiosidade em saber como ficarão as composições das secretarias estaduais e quais serão as primeiras medidas a serem tomadas pelo novo governo. Para Moacir Pereira, o quadro político catarinense e brasileiro pós-eleições sugere uma análise criteriosa dos números e das circunstâncias que envolveram as campanhas. Ele rejeitou as afirmações, comuns em alguns setores da mídia, de que as eleições mostraram antagonismos na preferência política entre algumas regiões, como leste-oeste em Santa Catarina e norte-sul no país. “Nem o Estado e nem o país estão divididos. O que houve foram casos pontuais. Circunstâncias locais como estruturas e lideranças partidárias mais bem fundamentadas nessas localidades acabaram criando um quadro de aparente divisão”, frisou. Em acordo, os colunistas políticos afirmaram que as estruturas políticas, como quantidade de tempo de TV e a força da militância, provaram que ainda exercem muita influência nas eleições. “O exemplo mais claro disso talvez seja a eleição estadual em que, no começo da campanha, a candidata Angela Amin estava na frente nas pesquisas, com 38%, e acabou perdendo para Raimundo Colombo. Os 198 prefeitos e 1.714 vereadores a favor de Colombo, contra os 57 prefeitos e 598 vereadores a favor de Angela, pesaram muito na vitória do candidato da Tríplice Aliança”, explicou Moacir. “Não dá para ir contra uma estrutura forte, sólida e com grandes recursos financeiros”, acrescentou Alceu. Com análises convergentes em vários pontos, ambos concordaram que as campanhas eleitorais no Brasil e em Santa Catarina mostraram que o eleitor não aceita mais agressões pessoais e quer discursos mais propositivos. Outra característica mostrada pelas urnas foi a preferência pela continuidade, tanto no estado como no país, em que o destaque foi a participação das candidatas mulheres, como Ideli e Angela em Santa Catarina e Marina e Dilma no pleito federal. Eles observaram ainda que as campanhas vitoriosas se baseiam em fórmulas consagradas, onde inovações como o uso de redes sociais (Twitter, Orkut, Facebook, etc) está apenas começando. “Eu tinha a expectativa de que o uso dos recursos da internet teria bem mais peso do que realmente tiveram, a exemplo da eleição de Barak Obama, nos Estados Unidos. No Brasil a internet não foi usada para montar uma rede de apoio, mas apenas como um instrumento de contraponto, ajudando a esclarecer os eleitores”, disse Moacir. Alceu, entretanto, acredita que o uso da rede mundial de computadores ganhará espaço a cada eleição, tornando-se um diferencial, pela sua agilidade, rapidez e economia. “A internet servirá, inclusive, para driblar a falta de recursos e de tempo na TV, o que a torna uma ferramenta muito poderosa para quem souber utilizá-la”, disse. Governo Colombo Atentos à curiosidade da plateia, Moacir e Alceu evitaram citar nomes quando questionados sobre a formação do futuro governo Colombo, que deve ser anunciado formalmente somente a partir do dia 22 de novembro. Eles adiantaram, entretanto, que a administração da Tríplice Aliança terá que enfrentar temas espinhosos logo nos primeiros anos de governo, como a forma de lidar com as secretarias regionais, a questão da federalização das letras e a construção de uma relação com o governo Dilma. Moacir destacou como ponto positivo que as lideranças dos principais partidos em Santa Catarina manifestaram sua disposição em dialogar com Colombo, o que deve ser um facilitador para o futuro governante, se bem aproveitado. Primeira presidente brasileira No quadro nacional, Moacir e Alceu demonstraram-se igualmente cautelosos, mas otimistas com relação ao futuro governo. Os 4,6 milhões de votos nulos, 2 milhões de brancos, e cerca de 30 milhões de abstenções registrados no pleito nacional, mostram que esta foi uma eleição que não empolgou o eleitor. Do total de 135 milhões de sufrágios, Dilma elegeu-se com apenas 55 milhões, o que demonstra que terá forte oposição. Para os jornalistas, ao mesmo tempo em que a candidata do Partido dos Trabalhadores consagrou-se como a primeira mulher eleita presidente do país, de destacado perfil técnico, terá problemas importantes a resolver, como a manutenção da economia, a divisão dos cargos entre os partidos da base aliada e, até mesmo, a sombra de Lula. “Até que ponto ela conseguirá romper esse cordão umbilical com Lula? Uma hora ela terá que tratar disso“, conjecturou Alceu. Para Moacir, a possibilidade da volta da CPMF, sugerida por Dilma, já é um sinal da interferência do atual presidente e ameaça comprometer uma administração que despertou muitas esperanças na população brasileira. “A volta do imposto não parece ter sido ideia dela e estragou o seu primeiro momento. Toda a novidade, as coisas boas que se esperava que acontecessem em sua gestão, foram prejudicadas, suscitando protestos tanto do empresariado, quanto da sociedade civil”, frisou. Santa Catarina, que aderiu majoritariamente à campanha de José Serra (PSDB) e que colocou no governo estadual e no Senado adversários políticos dos petistas, não deve temer ser retaliada pela petista, afirmaram os dois jornalistas políticos. “Ainda que trate com a oposição, se Dilma for inteligente, não vai criar embates com o Estado. Tenho certeza que o tratamento será diferenciado. Ideli Salvatti (PT) já está com um pé no Planalto, podendo ser nomeada para algum ministério e, tenho certeza, será uma grande interlocutora para Santa Catarina”, afirmou Alceu. A afirmação foi complementada por Moacir, para quem os petistas agirão com pragmatismo, procurando, com ações positivas, conquistar o apoio nas regiões catarinenses em que perdeu nas urnas. “Dilma tem os resultados da eleição na cabeça e vai agir para reverter o quadro eleitoral no Estado, com obras e investimentos, de olho nas futuras eleições municipais“, previu. Currículo dos colunistas convidados Moacir Pereira é advogado e jornalista. Membro da Academia Catarinense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. É o atual colunista político do Diário Catarinense e do Jornal de Santa Catarina. Também desempenha a função de comentarista na RBS TV, na TV Com e na CBN Diário. Atua no jornalismo há 46 anos. Paulo Alceu desempenha a função de jornalista desde 1973. Seu primeiro contato com a reportagem política aconteceu na TV Gaúcha. Desde 1993 em Florianópolis, Paulo Alceu apresentou o Jornal da RBS, manteve uma coluna política do Diário Catarinense e foi comentarista do Jornal do Almoço, também na RBS. Em 2004 passou a exercer as funções de apresentador do REDESC SBT, hoje RIC. Atualmente é responsável pelos comentários políticos na emissora e no Jornal Notícias do Dia.(Alexandre José Back)
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