Aumento nos casos de autismo gera busca por terapias alternativas
O aumento vertiginoso no número de diagnósticos de autismo em crianças, sobretudo nos Estados Unidos onde o transtorno já é verificado em um a cada 50 nascimentos, vem gerando uma corrida por novos tratamentos e terapias. Muitos deles sem nenhuma comprovação científica e que podem até mesmo acarretar prejuízos às crianças. O alerta foi dado pela médica neuropediatra Mariane Wehmuth na manhã desta quinta-feira (20), durante o Seminário Descentralizado de Estudo e Conscientização sobre o Autismo, que acontece no clube Aqua Camponovense, em Campos Novos.
O evento, realizado entre os dias 18 e 20, faz parte de um ciclo de debates sobre a síndrome, promovido pela Assembleia Legislativa, por meio da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, presidida pelo deputado José Nei Ascari (PSD) e da Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, em parceria com a Associação Catarinense de Autismo (ASCA) e da Associação de Pais e Amigos dos Autistas (AMA).
Além da prescrição de suplementos, vitaminas e antifúngicos, disse Mariane, há linhas de estudo que defendem o uso de câmeras hiperbáricas para aumento da oxigenação, e a ingestão de substâncias que promovam a eliminação de metais pesados do corpo do autista (quelação). "Destas terapias, muitas delas divulgadas de modo irresponsável pela internet, as únicas que a comunidade médica reconhece como seguras são as dietas, como a restrição de glúten e caseínas, e a prescrição de vitaminas", disse.
Outra corrente que vem ganhando bastante evidência nos últimos tempos, acrescentou, prega a não vacinação das crianças como forma de prevenir o autismo. A ideia é considerada perigosa, já que a ciência ainda não comprovou a relação entre as imunizações e a incidência do transtorno. "Além de não gerar os benefícios esperados, a não vacinação das crianças vem contribuindo para o ressurgimento nos Estados Unidos e países da Europa, onde esta linha de pensamento é mais atuante, de diversas doenças como o sarampo, caxumba e coqueluche entre a população infantil."
Exames complementares: quando solicitar
Considerada uma doença idiopática, isto é, ainda sem causa complemente definida, o autismo tem seu diagnóstico auxiliado cada vez mais por meio de exames como ressonância magnética, tomografia computadorizada, eletroencefalograma ou exames genéticos.
Nenhum desses processos, entretanto, têm se mostrado preciso e o diagnóstico do transtorno ainda depende do exame feito por um profissional especializado, destacou Mariane. "O Transtorno do Espectro Autista (TEA) ainda é considerado o grande quebra-cabeças da neurologia, por suas muitas causas, difíceis de elucidar. Também temos muita dificuldade em diferenciar o que é próprio do autismo ou de outras síndromes."
Tais exames são bastante indicados, disse Mariane, para identificar ou descartar doenças, malformações cerebrais e outras desordens neurológicas associadas ao autismo, tornando mais eficaz e preciso o tratamento da criança.
Agência AL
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