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20/07/2023 - 18h30min

Tecnologia fixa jovem no campo e mostra que é possível conquistar o mundo sem deixar propriedade

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Vanessa apostou na atividade rural, se atualizou e, com isso, a propriedade se desenvolveu FOTO: Divulgação/Arquivo pessoal

Com objetivo de frear o êxodo rural, lei catarinense cria a “Semana de Incentivo à Permanência dos Jovens no Meio Rural”

O avanço tecnológico, a profissionalização e o incentivo de políticas públicas tem mostrado que é possível manter o jovem no campo, com boa renda e qualidade de vida. Jovens se tornam exemplos de gestão financeira e turbinam os resultados econômicos nas propriedades rurais. Vanessa Aparecida Camassola, 36 anos, está entre os jovens catarinenses que viram na atividade agrícola uma oportunidade de empreender.

Moradora do município de Campos Novos, no meio Oeste catarinense, Vanessa e a família possuem uma propriedade rural, de pequeno porte, no interior do município, na comunidade de Santa Bárbara, voltada para a pecuária leiteira. “Aos 15 anos, saí do campo para buscar uma vida melhor na cidade, onde permaneci por oito anos. Retornei, me profissionalizei, minha mente expandiu e, hoje, vejo no campo uma oportunidade de empreender e, futuramente, se for uma escolha deles, espero que meus filhos possam prosseguir com a atividade”, projeta Vanessa. Quando indagada quais foram os motivos que a levaram a permanecer no campo, Vanessa afirma: “a oportunidade de capacitação profissional e o avanço tecnológico ocorrido nos últimos anos, que trouxe facilidades para a atividade leiteira”.

Apoio tecnológico
Vanessa conta que a atividade mudou muito nos últimos anos e que a propriedade tem investido em soluções tecnológicas. “A tecnologia veio para facilitar e agilizar processos que antes levávamos horas para desenvolver. A ordenha, por exemplo, deixou de ser manual e se tornou automatizada. O esforço da atividade manual já estava refletindo em nossa saúde, causando dores articulares”, alerta a jovem agricultura. A inovação da atividade trouxe bons frutos, fazendo a produção saltar de 150 litros a cada dois dias para até 500 litros a cada dois dias. Hoje, o mercado leiteiro passa por uma estabilidade. Há dois anos, o valor pago pelo litro era de aproximadamente R$ 3,00. Atualmente, o valor é de R$ 2,18. Para Vanessa, o agricultor precisaria ter mais garantias, pois as crises estão fazendo com que o produtor abandone a atividade rural.

Na propriedade também é realizada a inseminação artificial. “Cinco novilhos são frutos deste avanço tecnológico. Meu pai fez o curso e a inseminação é feita aqui mesmo na propriedade. Hoje, possuímos 20 vacas, 15 estão em lactação, número que varia, dependendo do ciclo”, ressalta Vanessa. A internet também é uma grande aliada. Com ajuda de aplicativos, Vanessa não precisa sair da propriedade para pagar contas, realizar orçamentos ou comparar preços. Com apoio da internet, também realiza a organização do administrativo e faz pesquisas sobre as novidades do mercado.

Segundo Vanessa, todo o avanço e melhorias na propriedade foram possíveis através da capacitação profissional, adquirida com os cursos da Epagri. A família passou a ver a propriedade como uma empresa e, com administração, saíram do vermelho e passamos a investir. O próximo passo será a compra de maquinário, um trator para a lavoura de pastagem. “O aperfeiçoamento profissional, além de proporcionar o incremento econômico, produtivo e tecnológico, também trouxe a qualidade tão exigida por nossos consumidores. O projeto que apresentei no curso da Epagri, em 2021, foi classificado e os recursos da classificação foram investidos na construção de um galpão, onde instalamos nossa nova sala de ordenha, seguindo todas as exigências”, comemora a agricultura.

Sustentabilidade
Na propriedade de Vanessa, a tecnologia vem aliada à sustentabilidade. A água da chuva é reutilizada, o que trouxe benefícios para a atividade leiteira e outras necessidades relacionadas à água. Através do aquecimento solar, a propriedade tem água quente, sem custo e sempre à disposição. As pastagens garantem alimento para as vacas o ano inteiro. As vacas ficam nos piquetes, se alimentam e o esterco serve para adubar a pastagem. “Acredito que o caminho seja o aprendizado contínuo, sempre com sustentabilidade. Para que o jovem permaneça no campo ele precisa se atualizar, através de cursos que o façam entender que o meio rural é bom para viver e pode trazer benefícios econômicos e qualidade de vida. Certamente, irei incentivar os meus filhos a dar continuidade à produção leiteira, contribuindo com a permanência do jovem no meio rural. Mas, a escolha será deles”, afirma Vanessa.

Lei incentiva permanência do jovem no campo
Através da Lei nº 18.004, de 28 de setembro de 2020, de autoria do deputado Jair Miotto (União), está instituída em Santa Catarina a “Semana de Incentivo à Permanência dos Jovens no Meio Rural”.

A semana, que integra o calendário oficial de eventos do Estado, será celebrada, anualmente, entre os dias 24 e 30 de julho.

A Lei incentiva que promoção de ações conjuntas entre Estado e organizações governamentais e não governamentais para que os jovens possam ter acesso aos melhores meios tecnológicos de produção e qualidade de vida aplicada ao meio rural. “Visamos construir políticas públicas para o campo, nas diversas áreas, desde a saúde até infraestrutura. Incentivar a troca de experiências e a vivência em grupos, assim como a produção sustentável, com redução de danos ao meio ambiente”, explica o autor da lei, deputado Miotto.

Como presidente da Comissão de Economia, Ciência, Tecnologia, Minas e Energia, da Assembleia Legislativa, o deputado tem se empenhado para levar a tecnologia para o campo. “Entre as pautas debatidas pelo colegiado, está a disponibilidade da internet para o meio rural. Esse assunto também debatemos na Bancada do Oeste, onde sou membro”, destaca o deputado Miotto.

Iniciativas públicas
A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), desde 2012, oferece uma capacitação específica para jovens, contribuindo para profissionalizar a atividade agrícola e manter os jovens no meio rural. Nos 13 Centros de Treinamento da empresa, todos os anos, centenas de jovens entre 18 e 29 anos são preparados para assumir as rédeas das propriedades e construir seu futuro. Nomeado Ação Jovem Rural e do Mar o projeto é um processo de educação não formal em que o participante alterna períodos de capacitações na Epagri e períodos na propriedade, onde recebe apoio dos extensionistas para aplicar o que aprendeu.

De acordo com a Epagri, até 2022, 2.660 jovens foram capacitados dessa forma. As capacitações abordam temas técnicos em diversas cadeias produtivas, com aulas teóricas e práticas sobre pecuária leiteira, fruticultura, olericultura, cultivo de grãos, apicultura e piscicultura, por exemplo, sempre com foco no desenvolvimento sustentável. Os participantes também têm aulas sobre organização, gestão, protagonismo, liderança e empreendedorismo.

Depois de formados, os alunos podem acessar linhas de crédito da Secretaria e Estado da Agricultura e da Pesca para colocar em prática os projetos que elaboraram durante o curso. Esses projetos permitem melhorar alguma atividade da propriedade ou inserir outras que possam gerar renda para a família. Entre 2019 e 2021, 195 projetos foram apoiados com R$ 3,16 milhões.

Os jovens também recebem apoio para a compra de equipamentos de informática. Em 2021, o programa Conecta Jovem apoiou 178 projetos com R$ 879 mil. Abertos à tecnologia e com vontade de aprender, os jovens rurais levam inovações para as propriedades e investem em sistemas sustentáveis, como coleta de água da chuva, energia solar e aproveitamento de dejetos de animais. Tudo isso se reflete na redução do êxodo rural. Um levantamento da Epagri realizado com egressos do curso, em 2018, apontou que 93% deles permaneciam na propriedade, conduzindo as atividades com suas famílias.

Cenário
No Brasil, o Censo Demográfico de 2010, divulgado pelo IBGE, mostrou que existem 6,5 milhões de jovens entre 18 e 32 anos vivendo no campo. O novo Censo 2023, a ser divulgado em breve, dará um panorama melhor da situação. O próximo levantamento populacional poderá demonstrar um aumento desse público. O estudo indicou que a taxa de migração campo-cidade era de 1,31% em 2010; amostras mais recentes mostraram que a taxa caiu para 0,65%. Apesar da queda da migração, estima-se que, atualmente, apenas 17,6% da população brasileira resida em zonas rurais.

A agricultura tem passado por um processo de profissionalização crescente com a adoção da mecanização e da agricultura de precisão, também conhecida como agricultura 4.0. Tecnologias e técnicas como telemetria, georreferenciamento, agritechs e drones estão ajudando os gestores a compreender melhor a produção e obter resultados mais elevados. A operação dessas inovações requer profissionais qualificados, o que tem atraído mais jovens para o trabalho no campo. A adoção desses novos recursos tem gerado impactos significativos, como economia de insumos e planejamento estratégico da produção, além de proporcionar novos conhecimentos e uma nova visão sobre o agronegócio.

 

 

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Jair Miotto
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