Padre Júlio Lancelotti critica pretensão da prefeitura da capital de multar quem doa alimentos
Moção aprovada na Assembleia Legislativa de autoria do deputado Padre Pedro Baldissera (PT) que manifesta contrariedade à anunciada pretensão da Prefeitura de Florianópolis de aplicar multas a entidades que doarem alimentos às pessoas em situação de rua, recebeu apoio do padre Júlio Lancelotti, de São Paulo.
Publicação do deputado catarinense foi feita simultaneamente no Instagram do padre Júlio, sacerdote da paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, na cidade de São Paulo. Padre Júlio se notabilizou pela defesa dos direitos humanos e da dignidade das pessoas mais vulneráveis. Cunhou o termo “aporofobia”, ou “ódio aos pobres”, presente na arquitetura hostil a pessoas em situação de rua e campanhas contra doação de esmolas que se espalham pelo país.
“Punir quem estende a mão a quem tem fome é inverter os valores da solidariedade e da justiça”, disse Padre Pedro no post reproduzido por padre Júlio. “Combater a fome exige empatia, acolhimento e políticas públicas sérias, jamais a criminalização de ações solidárias”, disse o deputado catarinense. “Tenho dedicado meu mandato à defesa da dignidade humana, da justiça social e de quem mais precisa. Acolher, cuidar e lutar por políticas públicas é nossa missão, como a do padre Júlio.”
Na moção aprovada pela Alesc, Padre Pedro disse que a prefeitura de Florianópolis pretende impor sanções a organizações que prestam solidariedade às pessoas em situação de rua por meio da doação de alimentos. “Atualmente o município não tem políticas públicas eficazes para enfrentar a vulnerabilidade dessa população. Por isso, a medida não vai produzir nenhuma solução, ao contrário vai gerar mais dificuldades e sofrimentos para esses seres humanos já privados de tantas coisas”, disse o deputado.
Para Padre Pedro, a iniciativa inibirá diversas entidades, muitas delas religiosas, de continuar suas ações solidárias. “A dignidade da pessoa humana é o princípio basilar da Constituição Federal e deve nortear a administração pública”, disse.