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“Nós só valorizamos a água quando a torneira seca e isso te que mudar”, critica Padre Pedro
O presidente do Fórum para Preservação do Aquífero Guarani e das Águas Superficiais, deputado Padre Pedro Baldissera (PT), destacou nesta sexta-feira (21) a necessidade de mudanças profundas na relação da sociedade, e dos poderes públicos, com o tema da preservação da água. Neste sábado, 22 de março, comemora-se o Dia Mundial da Água e para o parlamentar a cada ano que passa estamos perdendo a luta da gestão hídrica.
“É lamentável que a sociedade, e incluo aqui o parlamento onde atuo, só se volte ao tema da água quando ocorre a escassez. Nós só valorizamos a água quando sentimos sede, quando a torneira seca, e isso precisa mudar”, disse Padre Pedro, fazendo referência ao fato de que muitas regiões, neste verão, sofreram com a escassez e somente neste momento o tema surgiu em debates públicos.
“Temos técnicos, pesquisadores e especialistas com dados sólidos para embasar uma ação de preservação coordenada, no entanto, seu trabalho é desconsiderado porque obriga uma revisão profunda na forma como lidamos com a água. Muitas vezes estamos arriscando nosso futuro em nome de ganhos imediatos”, complementa.
Um dos exemplos citados por padre Pedro é uma pesquisa do projeto Rede Aquífero Guarani/Serra Geral, divulgada pelo Fórum em novembro de 2013, durante um simpósio que apresentou os resultados deste grupo de pesquisa. Os estudos do projeto apontaram que a mais importante reserva de água doce da América do Sul, o Aquífero Guarani – presente em mais de 50% do subsolo catarinense – pode estar ameaçada.
Foram cinco anos de trabalho. Em 316 poços de uso público analisados nas cidades abastecidas pelas bacias dos rios Jacutinga, do Peixe e Chapecó, no Oeste, 60% apresentaram a presença de coliformes fecais. “O resultado é indício de que podem haver águas poluídas no subterrâneo”, explica o professor Luiz Fernando Scheibe, coordenador do grupo de pesquisadores.
Padre Pedro observa que as causas dos problemas são conhecidas, entre elas, a falta de tratamento de esgoto aliada à falta de manutenção dos poços e a utilização de agrotóxicos em excesso. O Fórum do Aquífero Guarani realizou seminários em todas regiões do Estado entre 2010 e 2013, e o diagnóstico é preocupante, no entanto, reversível se forem adotadas medidas urgentes. “Existe um conjunto de medidas que precisam ser adotadas, como a recomposição das matas ciliares, o investimento em tratamento de esgoto e até mudanças na produção, com a adoção de um manejo menos agressivo. Mas para isso é preciso uma decisão política de investimento”, avalia.
O parlamentar reafirmou o apoio do Fórum aos pesquisadores do projeto Rede Aquífero Guarani /Serra Geral, bem como aos grupos de pesquisa de universidades de todo Estado, que defendem uma ação coordenada para garantir gestão hídrica em todas as regiões. “Gostaria de chegar ao próximo dia da água, em 2015, e ter uma perspectiva mais otimista que a atual”, concluiu Padre Pedro.
Cássio Turra
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