Mortandade de abelhas é a nossa morte, alerta Padre Pedro
As recentes notícias sobre a mortandade de abelhas em vários estados do País, em virtude do uso indiscriminado de agrotóxicos nas proximidades de áreas onde são desenvolvidas a apicultura e a meliponicultura, preocupa o deputado Padre Pedro Baldissera (PT).
Há duas semanas, mais de 100 milhões de abelhas foram mortas em Mato Grosso devido à aplicação de agrotóxico e pelo menos 600 colmeias foram intoxicadas. Os resultados das análises confirmaram a presença da substância Fipronil, aplicada em plantações de soja, como a causa da contaminação.
Na Bahia, o uso deste agrotóxico causou a morte de 80 milhões de abelhas no último mês. A cidade de Ribeira do Pombal foi o epicentro dos casos, com cerca de mil colmeias de 32 apicultores atingidas. O veneno foi apontado como causador das mortes em resultados de exames laboratoriais.
Há um mês, apicultores denunciam aplicações irregulares aéreas feitas perto de apiários em Minas Gerais.
No Rio Grande do Sul, a prefeitura de Roca Sales recebeu denúncias de que agricultores estariam usando pesticidas clandestinos de maneira imprópria, e que isso estaria causando a morte de abelhas na cidade e na região do Vale do Taquari.
De acordo com o Departamento de Meio Ambiente de Roca Sales, é considerado normal perder entre 10% e 15% das abelhas por ano na região, mas, desde agosto do ano passado, já foi registrada uma perda de mais de 36%, número quase três vezes maior do que o esperado pelos produtores rurais.
Padre Pedro, que é autor da Lei que dispõe sobre o Programa Estadual de Redução de Agrotóxicos (Proera), também considera que em Santa Catarina abelhas são dizimadas por conta do veneno. Além disto, o parlamentar traz novamente a preocupação com o chamado "fumacê", aplicação de veneno para combater o mosquito da dengue.
Segundo ele, vários estudiosos questionam se de fato tal prática é eficaz, pois não se preocupam com as colmeias das abelhas nativas. “Cito Blumenau, Guaraciaba e cidades do Norte do Estado, onde a utilização do fumacê tem causado a morte de inúmeras colmeias e abelhas. E por isto pedi para que a Vigilância Sanitária elaborasse um protocolo rígido no uso desta técnica de combate ao mosquito da dengue”.
Defesa das abelhas
O deputado Padre Pedro tem no seu mandato vários projetos apresentados em defesa das abelhas, como a Política Estadual para o Desenvolvimento e a Expansão da Apicultura e Meliponicultura (Polimel) e o Programa Estadual de Incentivo à Apicultura e Meliponicultura (Promel) em Santa Catarina.
Para ele, a questão não é apenas ecológica, tendo em vista que elas são as principais polinizadoras da natureza, mas também econômica, já que impacta na redução das lavouras e gera aumento no preço dos alimentos.
As abelhas são responsáveis pela polinização de cerca de 70% das plantas cultivadas para alimentação, principalmente frutas e verduras. “Sua morte coloca em risco a agricultura e, consequentemente, a nossa própria segurança alimentar e a nossa vida.”
Santa Catarina é o maior exportador de mel do Brasil e tem 99% de sua produção certificada como orgânica. Em 2019 virou notícia nacional por ser palco de um dos maiores mortandades de abelhas registradas até então no país: 50 milhões morreram em menos de um mês. “Em 2021, depois daquele extermínio, felizmente nosso estado tornou-se o primeiro do Brasil a restringir o uso do inseticida Fipronil.”
O deputado acrescentou que o seu desaparecimento poderia desencadear a morte de ecossistemas inteiros. “Se o homem parasse de fazer qualquer outra intervenção ambiental, e as abelhas apenas sumissem, haveria um desaparecimento gradual das matas, provocando um processo de extinção em cadeia até chegar a nós que estamos no topo.”
Juliana Wilke
Assessoria Coletiva | Bancada do PT na Alesc | 48 3221 2824 bancadaptsc@gmail.com
Twitter: @PTnoparlamento | Facebook: PT no Parlamento