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Luciane promove audiência para debater Novo Ensino Médio com sociedade catarinense
FOTO: Rodolfo Espínola/Agência AL
A deputada Luciane Carminatti (PT) destacou nesta terça-feira (30), no Plenário da Alesc, que é bom ter um Ministério da Educação que não está sentado “em berço esplêndido só batendo continência”. Isto porque no dia 8 de março deste ano, o MEC publicou uma portaria abrindo consulta pública para todos os estados avaliarem o novo ensino médio. Até agora, 14 estados realizaram audiências públicas, todos pela sua revogação.
Luciane, que é presidente da Comissão de Educação da Alesc, chamou uma audiência para esta terça-feira (30) com o Observatório do Novo Ensino Médio ligado à Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que tem pesquisa e vai apresentar números, com a Secretaria de Estado da Educação, o Conselho Estadual de Educação, o Sistema Acafe com suas licenciaturas, estudantes do ensino médio e Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte).
Também está confirmada a participação da senadora Teresa Leitão (PT/PE), que foi designada para assumir a comissão que está debatendo os trabalhos no Congresso Nacional e mais de 15 entidades representativas. “Queremos ouvir a sociedade e a partir desta ouvidoria, digamos assim, e vamos levar ao Ministério da Educação o entendimento de Santa Catarina.”
Debate antigo
Segundo a deputada, o tema tem preocupado educadores, estudantes catarinenses e brasileiros e que já iniciou este debate no Estado há 10 anos. “Em 2013, os estudantes do ensino médio fizeram ocupações nas escolas e muitos deputados desta Casa, que têm a prática de questionar a mobilização, a atuação dos nossos estudantes, começaram a chamá-los de baderneiros, que só faziam confusão, onde já se viu, deviam estar lá na escola estudando.”
Luciane disse que, ao invés de atacar os estudantes, foi até as ocupações compreender o que estava acontecendo e, segundo ela, eles estavam dando aula de cidadania, “aula que, depois de tanto tempo, muita gente está se dando conta do quanto eles estavam certos.”
Segundo a parlamentar, com o novo ensino médio aumentou a carga horária de 800 para 1000 horas por ano e alguém pode dizer, mas deputada, você é contra aumentar a carga horária? “Não, não sou contra, mas o que fizeram foi diminuir as disciplinas da formação básica de três aulas de português e matemática para apenas duas aulas no primeiro ano e uma aula no segundo e no terceiro ano. As demais disciplinas, uma aula apenas por semana”, explicou.
Itinerários formativos
Luciane afirmou que os estudantes estão indo para a escola, além do horário normal, mais duas ou três tardes, para ter aula de “itinerários formativos”, que são “projetos de vida”.
“Imagine um adolescente com 15 ou 16 anos tendo aula de projetos de vida. Eu conheço gente de 50 anos que está perdida e ainda não tem projeto de vida nenhum, que passa a vida tentando encontrar o seu projeto de vida e nós estamos dizendo que, em plena formação da educação básica, esse sujeito de 15, 16 anos tem condição de definir a sua vida, é ridículo isso! Escuto professores formados em geografia, história, linguagens, tendo que dar aula de empreendedorismo.“
Segundo ela, o novo ensino médio destruiu a formação geral, básica e que agora não são mais 12 ou 13 disciplinas. “Têm currículos com 40 disciplinas, professores com 700 alunos, imagina como é que vai conseguir avaliar o desempenho desse aluno e a condição de aprendizado.”
Lição
A deputada Luciane destacou que a lição que fica é que toda a proposta educacional construída sem a participação de professores, de estudantes e sem financiamento, só com um discurso, só no papel, está fadada ao fracasso. “Mas o ensino médio tem como dar certo. Temos os Institutos Federais pelo Brasil afora que são exemplos. Às vezes eu escuto que a educação não tem saída, claro que tem, os institutos federais estão com excelentes avaliações do ensino médio integrado e é ensino público.”
Juliana Wilke
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