04/08/2010 - 16h17min
Dos Gabinetes - Sargento Soares denuncia despejo de agricultores de Imbituba
O deputado Sargento Amauri Soares (PDT) visitou agricultores em Imbituba, que estão sendo ameaçados de despejos de suas terras, e o engenho para produzir farinha de mandioca da Associação Comunitária Rural de Imbituba (Acordi), na noite de terça-feira, 3 de agosto. Os moradores da região e agricultores fazem parte de comunidades tradicionais que há mais de 100 anos vivem na região.
Sargento Soares lamentou a expulsão de centenas de agricultores, através do uso da Polícia Militar, e a ameaça de expulsão de mais pessoas e a destruição da sede da Acordi. Na quarta-feira (28), a PM executou o despejo das famílias que moram na região chamada Areais da Ribanceira. As casas e as lavouras foram destruídas. Os moradores do bairro Portelinha também podem ser expulsos.
Os agricultores são antigos proprietários que já haviam sido despejados na década de 1970, quando o então governador de Santa Catarina decidiu construir um pólo petroquímico na cidade. Muitas famílias não receberam o dinheiro ou foram indenizadas com valores irrisórios. A obra acabou não saindo. Com o despejo, muitos antigos proprietários acabaram construindo moradias precárias na periferia de Imbituba, como na Areais da Ribanceira, e depois voltaram às suas terras para retomar a produção.
Atualmente, a área está sendo reivindicada pela construtora Engesul, de Imbituba, autora da ação de reintegração de posse, mas vai ser destinada à construção de uma cimenteira do Grupo Votorantim.
“Estão ameaçando destruir o engenho para construir uma rodovia, porque esse é o interesse da Votorantin, da Engesul, da especulação imobiliária e daquilo que chamam de progresso para a exportação, esmagando comunidades tradicionais que ali vivem há décadas”, denunciou Soares.
Ele defendeu a busca de uma alternativa para construção da rodovia. “Quero pedir às autoridades para que não se cometa a barbaridade de colocar dezenas de famílias na favela e na pobreza”, disse, se dirigindo ao prefeito de Imbituba e aos dirigentes da Polícia Militar. “As pessoas estão trabalhando e produzindo. Quem trabalha não merece castigo. E os poderes públicos estão castigando quem trabalha em Imbituba e isso precisa ser revertido”.
As famílias vivem e cultivam as terras há mais de um século. São descendentes de colonizadores açorianos e de indígenas que originalmente habitavam a região. Seus ancestrais multiplicaram gerações fazendo do plantio da mandioca um símbolo de tradição, cultura e união.
Os agricultores permanecem em vigília permanente dentro da sede da Acordi, que fica ao lado do engenho. Além de abrigar uma tradicional feira de produtores de mandioca, a entidade é o único espaço social e comunitário que as famílias dispõem.
Alexandre Brandão
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