Autodidata e intelectual, Osni influenciou os filhos pela sua cultura e conhecimento
A principal característica que o médico endoscopista e gastroenterologista Osni Eduardo Camargo Régis lembra do pai, o ex-deputado Osni Régis, é de ele ser uma pessoa culta, autodidata e que lia e falava em seis línguas diferentes (alemão, inglês, francês, espanhol, português, italiano). “Aprendeu tudo sozinho, não tinha professor de línguas na época e nem internet, pegava livros, dicionários e ia aprender. Uma coisa muito especial.”
Emocionado, conta que Osni Régis não se furtava em investir na educação dos filhos, apesar de não ser um homem de muitas posses. “Ele custeava o que fosse de livro a cursos, eu mesmo, com 16 anos fui para um intercâmbio nos Estados Unidos, na época não se falava disso, e me formei em medicina na UFSC há 44 anos, dei aula na UFSC, ele ficou muito orgulho disso.”
Ele lembra que a mãe, Maria Helena Camargo, foi à primeira advogada da OAB-SC (Ordem dos Advogados do Brasil), apesar dele ter enveredada pela literatura. Sobre o pai, o médico relata que ele tinha um conhecimento geral sobre tudo, pois lia muito, desde livros a jornais do Estado e do eixo Rio-São Paulo. “Qualquer coisa que falasse com ele, ele sabia.”
Osni Eduardo se lembra de um fato que o marcou quando jovem. “Quando estava no curso de medicina, ele assinava a revista ‘Scientia Medica’, e separava os assuntos que poderiam me interessar. A revista falava de temas que ainda nem estavam sendo analisados na faculdade. Imagina, ele era um advogado e assinava uma revista de ciências americana.”
Apesar de ser um homem culto, ressalta o médico, o ex-deputado não transparecia, tratava todas as pessoas de igual para igual. “Ele não se achava, era muito simples e gostava de reunir toda família em volta da mesa. Uma coisa que ele gostava de comer era quirera, comida típica do tempo que foi prefeito de Lages. Brincava sempre e dizia ‘pobrete, mas alegrete’, o importante era a alegria, não importava a conta bancária que faria alguém feliz.”
O ex-deputado, conta o filho, mesmo sendo deputado estadual utilizava ônibus para ir para casa no Bairro Estreito e neste percurso lia seus livros. Ele lia de cinco a seis livros ao mesmo tempo. “Não sabíamos como ele não caia nas calçadas, porque descia do ônibus lendo e ia até em casa com os olhos nos livros.”
Apesar da dedicação à leitura, salienta o médico, o ex-deputado gostava de esportes, principalmente de futebol e natação. “Ele ensinou os filhos e netos a nadarem. Jogava a gente no mar e nos incentiva a nadar. Nadava do Balneário do Estreito até a ponte, atravessa a baía a nado.”
Por ter o mesmo nome do pai, Osni Eduardo Camargo Régis diz que teve uma maior responsabilidade, pois todos na UFSC e em Florianópolis sabiam quem ele era. “Me deu um ‘up’ na carreira, todos achavam que eu tinha que ser tão bom quanto ele e isso me incentivou.”