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29/04/2015 - 15h19min

MST comemora na Alesc 30 anos de atividades em Santa Catarina

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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) comemorou 30 anos de atividades no estado durante sessão especial do Legislativo barriga verde, realizada na noite desta terça-feira (28). “Nosso primeiro assentamento foi em 25 de maio de 1985, em Abelardo Luz, hoje lá estão assentadas cerca de 1,5 mil famílias”, declarou o ex-deputado Vilson Santin, catarinense de Xanxerê e um dos líderes do MST nacional. “Vão ao comércio de Abelardo para verem a defesa do movimento, o município teria falido (sem o assentamento), além do benefício direto, muitos daqueles latifundiários colocaram suas terras para produzir, com medo do MST”, ironizou Santin.
Padre Pedro Baldissera (PT), que propôs a homenagem do Legislativo ao MST, lembrou que a luta dos trabalhadores sem terra não é apenas por reforma agrária. “Também é uma luta pelo respeito à vida, com trabalho, dignidade, justiça social no campo e na cidade e por uma educação libertadora, não é só ter onde plantar e colher”, explicou Padre Pedro.
O deputado destacou que o MST é um dos mais importantes movimentos sociais do Brasil. “Tem uma estruturação que valoriza a autonomia do povo, fazendo-o protagonista do futuro”, afirmou o representante de Guaraciaba, que debitou a desigualdade do acesso à terra às características patrimonialista e patriarcal da sociedade brasileira.  “O MST é resultado da luta contra o atraso”, justificou Padre Pedro.
Para o parlamentar, a ocupação de terras foi o único instrumento disponível contra a concentração fundiária e contra o estado que protege a propriedade privada. “Foi a forma encontrada pelo MST de impor aos governos uma política de assentamento”, revelou. Atualmente, o MST está presente em todo o país. “São assentamentos, cooperativas, agroindústrias, o resultado é comida na mesa na cidade”, ponderou o deputado, enfatizando que muitas vezes os sem terra também lutam contra a falta de infraestrutura básica. “Quase 50% dos assentamentos não têm acesso à energia”, criticou.
Padre Pedro avaliou que a sociedade precisa ouvir o MST e que o Estado devia abrir canais de diálogo. “O movimento é formado por homens e mulheres que todos os dias mostram na prática que o interesse é trabalhar por um país melhor”, descreveu, lamentando em seguida a criminalização e o preconceito contra o MST. “Não têm razão de existirem, é isso que mostra estes 30 anos de história”, resumiu.
Dirceu Dresch (PT) contou na tribuna que antes da fundação do MST militou junto com Vilson Santin na Pastoral da Juventude, um organismo da Igreja Católica. “Nunca acampei, mas ajudei a erguer barraco em assentamento”, contou Dresch, argumentando que esses 30 anos foram difíceis. “Aconteceram vários enfrentamentos, como em Palma Sola, no qual tombou um companheiro de Pinhalzinho”, recordou o representante de Saudades.
Ponto de vista do desembargador
O desembargador Lédio Rosa de Andrade representou o Tribunal de Justiça na homenagem e seu discurso comoveu militantes e dirigentes. “Sei que nos corredores dos fóruns e palácios de justiça o MST é muito mal tratado, sei que são raríssimos os que não olham para o movimento e veem uma quadrilha de bandidos”, reconheceu o juiz, creditando o preconceito “à ideologia jurídica conservadora do país”.
“A grande maioria acredita que o MST é um movimento contra a lei, sei disso. Por isso que neste momento, se vocês me atirassem pedras, em nome da Justiça eu entenderia, porque a injustiça vem se consolidando neste país há muitos anos”, afirmou o desembargador. Para Lédio, a obediência cega à lei não é a melhor forma se fazer democracia. “Hoje Tiradentes é um herói, mas foi condenado por um colega meu porque lutava contra a lei estabelecida”, pontuou.
“Quando se diz que o MST é contra a lei, pergunto contra qual lei? A resposta é a propriedade privada, a base da sociedade. Mas a Constituição Federal, que estabeleceu a propriedade privada como um dos fundamentos da República, também estabelece que (a terra) tem de ter função social. A propriedade é um direito subordinado à sua função social”, filosofou.
O desembargador ainda lamentou que poucos reconheçam na luta do MST uma luta de conflitos de direitos. “Direitos que competem com a propriedade privada, isso a meu ver é o mais importante do movimento. Se queremos construir uma democracia, precisamos avançar com comida, escolas, médicos, tudo o que as pessoas necessitam para viver com dignidade”, defendeu.
Vilson Santin agradeceu a participação do representante do TJ. “Obrigado pelas palavras que pronunciou, nos deu em poucos minutos uma aula. Não é fácil encontrar nesse nosso país homens como senhor, o deputado Dresch me disse baixinho, “foi corajoso’. Peço uma calorosa salva de palmas, não é em qualquer momento que a gente recebe esta homenagem”, encerrou o dirigente do MST.
Vítor Santos
AGÊNCIA AL

Patrícia Schneider de Amorim
Agência AL

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