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10/09/2018 - 10h08min

Método de fisioterapia baseado em estudos com astronautas ganha destaque

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Otto, que apresentava um quadro severo de debilidade física, tem apresentado progressos constantes

Criado nos Estados Unidos com base em estudos sobre os efeitos nos astronautas decorrentes da falta de gravidade no espaço, o TheraSuit é tido hoje como um dos mais importantes métodos para o desenvolvimento das habilidades motoras e ganho de força muscular em pessoas acometidas por desordens neuromusculares.

Em Florianópolis, o sistema, que é patenteado e conta com a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ganha cada vez mais adeptos, principalmente em função da sua versatilidade e abrangência, podendo ser prescrito para crianças com paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento motor, Síndrome de Down, entre outros. Já em adultos, o tratamento é indicado para pacientes com sequelas decorrentes de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e traumatismo craniano.

Uma característica que chama a atenção no método TheraSuit são os equipamentos especiais (Suit, Gaiola e Spider) utilizados para o desenvolvimento do tratamento, em geral para permitir que o paciente possa realizar os exercícios do modo mais seguro e eficaz. 

O Suit é uma veste, ou órtese, macia e dinâmica, composta por um colete, um calção, joelheiras com tiras para serem anexadas nos sapatos e cordas elásticas, que são ajustadas entre as peças de acordo com a necessidade do paciente. A Gaiola é um aparelho composto por um sistema de polias e pesos, que elimina a ação da gravidade, facilitando um aumento da amplitude de movimento, a flexibilidade muscular e mobilidade articular. Nele, cada parte do corpo pode ser isolada, enquanto exercícios são realizados. Já o Spider, consiste em um sistema de cordas elásticas, presas à gaiola e ao paciente, que possibilita a realização de atividades de modo mais estável.

O TheraSuit também se diferencia dos sistemas convencionais de tratamento por possibilitar ao paciente com paralisia dos membros se exercitar em pé. O programa de fisioterapia também prevê um ritmo intenso de trabalho, com sessões diárias de 3 a 4 horas, em 5 sessões por semana, durante 4 semanas. “Não que o método funcione mais do que qualquer outro, mas em função de ser uma terapia intensiva, a gente tem um resultado 6 vezes mais intenso do que o de uma terapia convencional”, destaca a fisioterapeuta Camila Szpoganicz, que já realizou duas especializações sobre o método nos Estados Unidos e o aplica atualmente em uma clínica de Florianópolis.

O método baseia-se em estudos que apontam que pessoas com desordens neuromusculares necessitam de repetição para aprender novas habilidades motoras e obter a força muscular, flexibilidade, resistência, equilíbrio e coordenação necessárias desempenhar as atividades do dia a dia.

Este parece ser o caso de Roberto Arruda, de 56 anos, que perdeu parcialmente os movimentos dos membros após uma lesão medular decorrente de um acidente de automóvel. Natural de São Paulo, mas há 20 anos vivendo em Florianópolis, ele realiza, desde maio de 2017, fisioterapia baseada no método TheraSuit, em três sessões semanais. “Antes não conseguia tocar o rosto com as mãos, e agora já meus braços estão se movendo melhor e estão mais fortes. A evolução é lenta, mas vejo que estou realmente melhorando e isso se reflete também no meu emocional.”

Outro que tem se beneficiado do método é Otto Einsfeld, de 4 anos, também de Florianópolis, que apresenta um quadro de atrofia do cerebelo (região cerebral responsável coordenação muscular e pela manutenção do equilíbrio).

De acordo com a sua mãe, Balbina Einsfeld, o menino apresentou um desenvolvimento normal até por volta dos dois anos, quando começou a perder a fala e a capacidade motora, sem que os médicos conseguissem definir a causa real do problema. Eles avaliam, entretanto, uma possível origem genética ou autoimune.

Otto, que de início apresentava um quadro severo de debilidade física, sem conseguir caminhar, com dificuldades para se alimentar e hipersensibilidade tátil, tem apresentado progressos constantes desde que iniciou seu tratamento, em junho do ano passado. “Hoje ele já consegue se locomover com andador, voltou a deglutir e a evacuar. Também já aceita colocar roupa e ser penteado. Até os médicos estão impressionados com a evolução dele, pois a tendência era só retroceder”, comemora Balbina.

 

Origem do método Therasuit

O início do desenvolvimento do método Therasuit remonta ao ano de 1971, quando médicos da agência espacial americana (Nasa) criaram uma veste (Pinguin Suit) composta por uma série de cordas elásticas para resistir aos movimentos realizados pelos astronautas e simular os efeitos da falta de gravidade.

Os pesquisadores notavam que ao retornarem do espaço, os astronautas apresentavam um alto índice de fraqueza muscular e fratura de ossos. Com o passar do tempo, os estudos demonstraram que os astronautas que não faziam o uso da veste apresentavam instabilidade postural semelhante ao da criança com paralisia cerebral.

Já em 1992, na Polônia, a veste Pinguin Suit foi adaptada e passou a ser utilizada com crianças portadoras de paralisia cerebral. Nessa época, denominaram a veste de Adeli Suit.  Somente em 2001, na cidade de Michigan, Estados Unidos, é que o método Therasuit foi consolidado pelo casal de fisioterapeutas Izabela e Richard Koscielny, que inicialmente buscava um tratamento mais eficaz para a filha com paralisia cerebral.

Alexandre Back
Agência AL

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