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17/04/2019 - 20h46min

CPI ouve sócios de empresa que atuou na Hercílio Luz nos anos 1980 e 1990

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Raul Ozório de Almeida, que trabalhou nas obras da Hercílio Luz, antes mesmo da interdição da ponte ao tráfego de veículos

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Santa Catarina que investiga possíveis irregularidades nas obras da Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, ouviu na noite desta quarta-feira (17) três testemunhas ligadas à Roca Construtora, de Curitiba (PR), empresa que manteve contratos com o Estado para serviços na ponte, nos anos 1980 e 1990. Foram ouvidos os engenheiros Raul Ozório de Almeida, Roberto Ozório de Almeida e Paulo Procopiak de Aguiar, sócios da construtora.

Raul Almeida, que é sócio fundador e responsável técnico da Roca, teve papel importante na decisão de fechar a ponte ao trânsito de veículos, em 1982. Quando sua empresa assumiu as obras, em 1980, segundo ele, as condições de ponte eram lastimáveis. Para ele, a estrutura chegou nessa condição pela falta de manutenção constante desde sua fundação, nos anos 1920.

“A ponte já deveria estar fechada há muito tempo”, contou. “Nunca houve um projeto de recuperação dessa ponte. O que aconteceu é que a gente ia apagando incêndios. Era uma caixa de surpresas. Você montava o andaime e não se sabia o que seria encontrado de problema.”

Raul reiterou que o dinheiro investido na Hercílio Luz nesta época era apenas para sua manutenção, com o objetivo de evitar o seu colapso. As barras de olhal que estavam com problemas, por exemplo, receberam uma espécie de remendo, para evitar o rompimento e eventual desabamento da ponte.

O engenheiro também afirmou que era impossível quantificar, nos contratos celebrados com o Estado, os serviços que seriam realizados. “O edital dizia que os serviços seriam designados ao longo da licitação”, disse. “A ponte é muito grande, era praticamente impossível determinar quantidades”, completou. “Nós fazíamos um pedaço de cada vez, não se conseguiria mexer em tudo, por mais dinheiro e pessoal que houvesse.”

Para Raul, tal situação não é exclusiva da Ponte Hercílio Luz. “Já vi muita ponte abandonada. Não é privilégio do Brasil. As pessoas não têm o conhecimento do que se deve fazer com esse tipo de estrutura.”

Ele afirmou, ainda, desconhecer a existência de um manual de manutenção deixado pela American Bridge, empresa que a construiu. “Nunca se falou sobre manual. Mexo na ponte desde 1980 e estou sabendo disso agora.”

A respeito dos vários aditivos celebrados durante a permanência da Roca na ponte, Raul explicou que eles ocorriam para recomposição dos valores, que eram corroídos pela inflação da época. Ele também comentou que os atrasos nos pagamentos feitos pelo Estado eram recorrentes e chegavam há seis meses.

O outro depoente, Roberto Ozório de Almeida, afirmou que não teve contato com as obras na ponte, mas confirmou que a estrutura estava deteriorada, que os pagamentos do Estado atrasavam e que os aditivos eram realizados para recompor as perdas com a elevada inflação da época.

Já Paulo Procopiak de Aguiar deixou de ser sócio da Roca em 1988. Ele afirmou à comissão que era apenas cotista da empresa, sem participar diretamente de sua gestão, nem de decisões sobre contratações ou licitações.

Marcelo Espinoza
Agência AL

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