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25/03/2024 - 23h44min

Campanha “Mulher: o voto que muda a política” é lançada em sessão especial

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FOTO: Vicente Schmitt/Agência AL

Estimular a participação feminina na estrutura político-social e reconhecer a importância dos posicionamentos das mulheres e suas conquistas são o objetivo da campanha “Mulher: o voto que muda a política”, lançada em sessão especial na noite desta segunda-feira (25) na Assembleia Legislativa, presidida pela deputada Paulinha (Podemos). A proposição é das deputadas Paulinha, que é coordenadora da Secretaria da Mulher, e de Luciane Carminatti (PT), procuradora da Mulher na Alesc.

Carminatti ressaltou a trajetória nada fácil de todas as mulheres presentes e homenageadas durante sessão, e destacou que temas relativos às mulheres deveriam ser tratados não apenas no mês de março, mas nos 365 dias do ano. “Eu tenho circulado pelo estado de Santa Catarina falando sobre a  importância da participação feminina na política. Para incentivar candidaturas e apoiá-las precisamos desde já desenhar um cenário diferente para as eleições deste ano, a começar pelo pleito municipal, porque a situação que nós temos hoje deixa muito a desejar quando o tema é participação feminina”.

Segundo a parlamentar, não é preciso ir longe quando se fala de representatividade, sendo que o Parlamento catarinense é composto por 37 deputados homens e apenas três mulheres.“Temos apenas três mulheres para representar mais da metade do eleitorado catarinense que é feminino, formado por diferentes mulheres com diferentes olhares e concepções. E essa situação não é exclusiva de Santa Catarina, pois se repete em todo o país, onde ser homem branco, hétero, oferece muito mais oportunidades de ser candidato e, principalmente, de ser eleito”.

Homenagens 
Durante a cerimônia de lançamento da campanha, foram homenageadas mulheres que se destacam em diferentes áreas de atuação. De acordo com a deputada Paulinha,  a campanha Mulher: o voto que muda a política tem o objetivo de “mostrar para a sociedade catarinense, pela primeira vez, mulheres que presidem os órgãos onde atuam e o quanto o desempenho dessas instituições têm se renovado com a participação feminina”.

Paulinha acredita que, além de se colocar como candidata na política, a campanha leva as mulheres a repensarem sua opinião em relação a outras mulheres.

“Repense a sua opção de voto quando se trata de escolher um vereador, uma vereadora, na sua cidade, por exemplo. O chamado é para que a sociedade catarinense, homens e mulheres compreendam que a nossa participação não é uma questão de disputa, mas uma necessidade de mais justiça, mais equanimidade. A homenagem é para reconhecer as mulheres que já conquistaram um maior espaço na sociedade, não só pela luta, pela construção que cada uma delas tem, mas também para mostrar a outras tantas mulheres que é possível conquistar mais espaços”.

Participação feminina na política nacional

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro, mas apenas 33% das candidaturas são femininas. Destas, apenas 15% são eleitas.

Carminatti destacou que a situação não tem se alterado nos últimos 20 anos. “O Observatório Nacional das Mulheres na Política analisou dados das eleições de 2002 a 2022 e mostrou um resultado bastante desafiador para nós mulheres que lutamos por mais espaço na política. O número de deputadas estaduais eleitas passou de 12,65% para 17%. Em duas décadas não chegamos a 1/5 de todos os deputados eleitos no país. São quatro homens para cada mulher eleita, numa relação evidentemente desigual de poder".

De acordo com a parlamentar, "o crescimento mais expressivo foi de deputados federais que passou de 8,19%, em 2002 para 17,74% em, 2022. Número ainda com pouca expressão. Mesmo que nós uníssemos toda a Bancada Feminina na Câmara Federal, seria insuficiente para aprovar um Projeto de Lei”.

No Senado Federal, o cenário é ainda mais desafiador, conforme a parlamentar. Segundo Carminatti, em 20 anos, o número de senadoras brasileiras se manteve em 14,81% das cadeiras.

"Quando chegamos ao Executivo Estadual, a situação não é diferente. O quadro de governadores se manteve estável de 2002 para cá. eram 7,41% eleitas. Índice que se repetiu 20 anos depois, e se já é assustador ver o cenário nacional. Ao analisarmos os dados de Santa Catarina, a situação consegue ser ainda pior. Quero deixar claro aqui que eu não faço nenhuma crítica aos meus colegas deputados, mas destaco uma situação alarmante de falta de representatividade do eleitorado feminino catarinense.”


Trazendo mais dados, Luciane apresentou que o Tribunal Superior Eleitoral mostrou que, em um ranking de 186 países, o Brasil está com 17.5% do parlamento composto por mulheres, enquanto a média mundial é 25.7%. 

Perdemos para países como Ruanda e a tão falada Cuba, tão criticada. Perdemos para a Nicaragua, sem contar países desenvolvidos como Suécia e Islândia. Eventos como o de hoje são importantes para mudarmos a história e avançarmos efetivamente em uma igualdade, mas precisaremos do apoio de todos e todas. Esse é um pedido que eu também quero fazer, mais uma vez, a nossa presidente do Tribunal Regional Eleitoral, a nossa desembargadora Maria do Rocio Santa Rita, que será a primeira mulher a conduzir uma eleição em Santa Catarina”.

Homenageadas

Entre as homenageadas da sessão especial, a desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta, empossada presidente do Tribunal Regional Eleitoral em Santa Catarina, é a primeira mulher a conduzir uma eleição no Estado.

Segundo a desembargadora, sua intenção à frente do TRE é fazer uma política de acolhimento para que as mulheres se sintam mais valorizadas e acolhidas.

“As mulheres precisam ser mais incentivadas, pois a política é um espaço predominantemente masculino. Buscamos mudar essa realidade com ações afirmativas, como a política de cotas para encontrarmos a igualdade material entre homens e mulheres. Também precisamos da contribuição dos homens para chegarmos a esse nível de qualidade."

A desembargadora acredita que "o lançamento da campanha sobre a importância do voto das mulheres representa o início de um longo caminho. Temos mais de 50% do eleitorado feminino, então a representação tem que ser maior, temos que ter consciência para construir uma representação mais igualitária”.

Luciane Ceretta, reitora da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), destacou ser fundamental uma campanha que trabalhe a participação da mulher na política nos dias atuais, como também é importante homenagear mulheres que se destacam em suas áreas e que, por conta disso, enfrentaram inúmeros desafios, superaram esses desafios e conseguiram se consolidar.

 “É algo de muito significado e que, com certeza, inspirará muitas outras mulheres a também ter a coragem e a persistência para ocupar os lugares que lhes são de desejo”.

A vereadora, Marcilei Vignatti, presidente da União dos Vereadores de Santa Catarina (UVESC), acredita que as mulheres precisam ser reconhecidas pelo espaço que ocupam na sociedade e pelos estímulos que produzem em outras mulheres para a participação política. “A participação das mulheres muda os processos democráticos e a gente faz com que a política fique mais inteira para representar toda a sociedade”.

Sobre as homenageadas, Paulinha exaltou, ainda, as servidoras da Casa que receberam suas placas. "Entre as nossas homenageadas desta noite, nós temos aqui as nossas amadas servidoras, aquelas que estão na casa há muitos e muitos anos servindo a todos nós, Zélia Terezinha de Souza, Maria da graça Rogério e Rosália Soares, porque nós entendemos, eu e a colega Luciane Carminatti, que uma mulher que entrega uma vida ao servir não pode deixar de receber o nosso aplauso”.

Receberam homenagem, também, pelas mãos das deputadas Paulinha e Luciane, da ex-deputada Ada de Luca e do deputado Marquito (Psol), a desembargadora do Tribunal Regional Federal da quarta região, Ana Cristina Ferro Blasi; a vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina, Joana Célia dos passos; a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina, Cláudia da Silva Prudêncio;

Também foram homenageadas a vice-prefeita de Joinville, Rejane Ganbim;  a presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina, Marisa Luciane Schwab, a presidente da associação dos magistrados de Santa Catarina, juíza de Direito, Janeara Maldaner Corbetta; a presidente da associação catarinense de imprensa, Débora Almada.

A sessão homenageou ainda, a secretária de Inclusão da Pessoa com Deficiência e Paradesporto do município de Blumenau, Gisele Chirolli; a vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, Fernanda Vione; a secretária Municipal de Turismo, Esporte e Cultura de Florianópolis, Zena Becker; as vereadoras do município de Águas Frias, e as vereadoras do município de Ipira.

Paulinha concluiu a sessão com uma palavra de gratidão às mulheres componentes da Mesa. “Nós reconhecemos e entendemos as nossas rotinas. Boa parte do tempo que nós vivemos no nosso dia a dia, não nos permite compartilhar, amparar, abraçar, estar próximas de mulheres. Nós temos muitas demandas, absorvemos e entregamos com mais responsabilidade os temas que estão no nosso entorno. A mulher se faz mais presente na vida da sociedade, na vida da sua família, por isso eu quero deixar o meu registro de gratidão a todas as mulheres que largaram seus compromissos para estar aqui conosco nesta noite”.

Violência de gênero na política

Luciane Carminatti também refletiu sobre a garantia de segurança às mulheres que tomam posse para que tenham uma gestão plena, sem violência e sem preconceitos, e relembrou a morte da vereadora carioca Marielle Franco, brutalmente assassinada, há seis anos. “Que nunca mais se repita a retirada do legítimo mandato. Essas violências políticas continuam acontecendo com vereadoras aqui em Santa Catarina.Nessa legislatura, muitas delas sofrendo, tendo que recorrer ao poder judiciário.Hoje nós temos uma legislação federal que estabelece normas de prevenção, repressão e combate à violência política contra as mulheres nas eleições e no exercício do seu direito político, mas precisamos fiscalizar e cobrar para que de fato seja executado e nós, enquanto eleitoras, temos que valorizar o esforço das mulheres na política elegendo prefeitas, vice-prefeitas e vereadoras sempre olhando a sua história e os seus compromissos.”

Mês da Mulher no Parlamento catarinense

No mês em que se enaltece o Dia Internacional da Mulher, a Alesc realizou uma série de ações com palestras, conferências e homenagens. Um dos destaques foi o lançamento do livro digital Vozes das Mulheres Catarinenses. A obra, organizada pela Bancada Feminina do Parlamento catarinense e idealizada pela deputada Paulinha, com a contribuição da deputada Luciane Carminatti e das ex-deputadas Marlene Flengler e Ada de Luca.

Várias regiões do Estado receberam, ainda, o Fórum da Mulher Empreendedora, que visa à iniciativa e ao empreendedorismo feminino. Também foi lançado no Hall da Assembleia Legislativa o livro “Ela: O direito de escolher e a responsabilidade de assumir”. A obra foi feita em coautoria de 34 mulheres da Região Oeste do Estado, num compilado de textos que valorizam a vida e a trajetória de lideranças femininas.

Michelle Dias
Agência AL

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