Governo do Estado aposta em confronto entre PM e Ocupação Amarildo

A possibilidade de confronto entre moradores da Ocupação Amarildo e policiais militares motivou crítica do deputado Sargento Amauri Soares (PSOL) ao governo do Estado. Para ele, o Executivo está "lavando as mãos" ao não trabalhar por um acordo e está apostando em uma solução de repressão para resolver o problema. "A retirada das famílias daquele terreno pode ser muito dramática e trágica com o uso da força policial. Como integrante da classe trabalhadora, como defensor da legitimidade dos movimentos por terra, trabalho e teto, e também como policial militar, agora exercendo função parlamentar, tenho feito esforço para que não haja confronto", afirmou.

Terça-feira, 15 de abril, é a data-limite negociada com a Justiça agrária para a desocupação da área onde se encontram cerca de 750 famílias. Lideranças e membros da ocupação buscam outro espaço para abrigar o contingente de sem-tetos. Desde a semana passada, os deputado Sargento Soares, Padre Pedro Baldissera e Luciane Carminatti fazem a intermediação com o governo com o objetivo de encontrar uma saída negociada para resolver o impasse da desocupação.

O deputado ainda disse que é uma inverdade que os integrantes da Ocupação Amarildo não querem cumprir o acordo e deixar a área. No entanto, o movimento está buscando um espaço alternativo para "sair de forma organizada, pacífica e digna" , ponderou Sargento Soares.

Na madrugada de segunda para terça-feira, foi encontrado um terreno no Maciço de Maçiambu, em Palhoça, para abrigar temporariamente os integrantes da ocupação, mas a Funai está embargando a mudança, dificultando o cumprimento do acordo. "Eu me indigno porque é a minha corporação, a Polícia Militar, e meus colegas de trabalho que vão ter que cumprir a ordem absurda e ridícula de tentar fazer evaporar o povo pobre da Grande Florianópolis", desabafou. "Os ocupantes querem cumprir o acordo, mas a Funai está impedindo, e todas autoridades que lavaram as mãos não ficarão isentas de responsabilidades".

Alexandre Silva Brandão
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Foto: Juliana Stadnik / Agência AL