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Publicado em 06/08/2019

Joinville adota tilápia na alimentação escolar

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Inclusão da tilápia visa a promover melhorias na qualidade da alimentação escolar e fomentar o desenvolvimento da agricultura familiar

Cidade mais populosa do estado, com mais de 580 mil habitantes, Joinville é uma das referências na criação de tilápias em Santa Catarina e a mais nova a promover melhorias na qualidade da alimentação escolar e, ao mesmo tempo, fomentar o desenvolvimento da agricultura familiar no município. O projeto, desenvolvido pela Associação Joinvilense de Aquicultores (AJAq), em parceria com o poder público local, vai inserir a carne do pescado no cardápio das escolas a partir do mês de agosto.

Segundo o presidente da Ajaq, Fabiano Vital da Silva Alexandre, há 161 postos de entrega na cidade – instituições de ensino municipais e administrativas. Cerca de 65 mil alunos da rede municipal serão beneficiados com a ação. Além de oferecer uma alimentação mais saudável às crianças atendidas pela rede municipal de ensino na zona rural e área urbana do município, o projeto possui um forte viés econômico e social, já que apoiará os produtores do município que terão garantida a venda de cinco toneladas do pescado até o fim deste ano. E a meta é ampliar essa quantidade em 2020.

De acordo com o gerente da Unidade de Desenvolvimento Rural da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (Sama), Carlos Alberto do Amaral, o projeto ataca um dos principais gargalos das pequenas economias. “Este projeto é importantíssimo. Manter os recursos nos próprios municípios é um dos grandes desafios e, ao beneficiar criadores locais com a compra direta, o projeto está dando um passo importante para o fortalecimento da economia. Além disso, temos o ganho na saúde das crianças. É uma iniciativa louvável”, avalia.

“O propósito da alimentação escolar é promover hábitos saudáveis. O peixe não é um alimento comum no cotidiano de muitos alunos e é importante apresentar alimentos novos. É um alimento com rico valor proteico e nutricional”, defende Amaral. O peixe é fonte de vitaminas A e D, fundamentais para a defesa do corpo humano, além de ômega-3, um tipo de gordura conhecida como ácido graxo essencial para a saúde. Além disso, os peixes em geral possuem baixo teor de gordura, carboidratos e colesterol.

Nos planos do gerente da Sama e do presidente da Ajaq está a ampliação do programa para outros órgãos públicos de Joinville a partir de 2020, o que possibilitará o fornecimento de peixe para penitenciária, hospitais e bombeiros voluntários. “A nossa função é fomentar o mercado local e, ao mesmo tempo, beneficiar os produtores”, complementa Fabiano Vital. Atualmente, Joinville conta com 15 pesque-pagues e os maiores comercializam seu produto com o único frigorifico especializado em beneficiamento de peixe no município. Em Joinville são 70 famílias de produtores profissionais que produzem 1,2 mil  toneladas de peixe por ano e mais de 200 famílias amadoras que coletam mais 900 toneladas deste pescado por ano.

O engenheiro agrônomo da Unidade de Desenvolvimento Rural da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (Sama), Roberto Hoppe, afirma que o mínimo para um agricultor iniciar a produção de tilápias é dispor de um terreno de 2 hectares de água, ou 20 mil metros quadrados de área alagada, e investir entre R$ 30 mil a R$ 40 mil, dependendo do terreno e da localização, além de dispor de um capital de giro de R$ 30 mil anuais. “Há pouco espaço para o produtor amador. O mercado exige profissionalismo, controle nas águas e na distribuição da ração.”

Aumento da produção
Único frigorífico que beneficia tilápias em Joinville, localizado no Pesque-Pague Piraí, na estrada do Atalho, área rural do bairro Villa Nova, o Pescados Piraí tem capacidade de processamento de uma tonelada de tilápias por dia, oferecidas em filés, postas e peixes inteiros. O empreendimento será parceiro no projeto de fornecer filés de tilápia à merenda escolar em Joinville.

Oito produtores da região, todos com certidão de sanidade municipal e beneficiados pelo Pronaf, vão entregar os seus peixes ao frigorífico que beneficiará o produto para ser entregue à Secretaria Municipal de Educação, explica o empresário José Valdecir Will. Atualmente, o frigorífico beneficia oito toneladas por semana e vai beneficiar as cinco toneladas adquiridas pela prefeitura pelos próximos seis meses, com a projeção de ampliar o mercado no ano que vem.

Além dessa produção, o empresário informa que está aguardando o licenciamento estadual para começar a comercializar tilápias para todo o estado. O beneficiamento de peixes reforça a vocação pioneira do Pesque-Pague Piraí, que foi aberto em 1996 e em 2004 tornou-se referência no meio rural de Joinville ao inaugurar um restaurante especializado em peixes de água doce, com capacidade para atender mais de 150 pessoas.  Atualmente, em média 2 mil pessoas visitam o Pesque-Pague nos finais de semana, consumindo no local ou comprando os peixes beneficiados.

José Will lembra que, com o passar do tempo, o restaurante tornou-se pequeno e por isso foi ampliado, ganhando espaço para o atendimento de até 750 pessoas. O empreendimento gera mais de 30 empregos entre as atividades no pesque-pague, no restaurante e na unidade de beneficiamento de peixes.

De olho no fortalecimento do setor de peixes de água doce, José Will trabalha em parceria com criadores de tilápia especializados em produzir para vender no atacado. “É nesse nicho de piscicultores que garantimos boa parte da matéria-prima empregada na unidade de beneficiamento de peixes. Por preço justo, ganhamos nós e ganham nossos parceiros.”

Otimismo
Criadores de tilápia de Joinville aumentaram a produção e estão otimistas com a inclusão do produto na alimentação escolar fornecida pelo município, além de aguardarem a abertura do mercado estadual pelo frigorifico do município. 

A criação de peixes é um dos principais negócios da família do agricultor Lauro Ricardo Krüger, morador na área rural do bairro Villa Nova. Há dez anos produzindo peixes para atender o mercado, Krüger relata que no ano passado foi registrada produção de 28 toneladas e para este ano a previsão é chegar a 32 toneladas. Com oito lagoas, inicialmente cada metro quadrado de água era destinado para uma tilápia, mas com a adoção da tecnologia de aerador, agora são produzidos 2,5 peixes por metro quadrado de água.

O produtor explica que percorre a criação quatro vezes ao dia jogando ração. “Se você jogar a ração o dia inteiro, o peixe vai comer até morrer. Você vai matar de tanto dar ração pra ele”. É a pesagem dos peixes que determina o tamanho e a quantidade de alimento. A cada quilo de ração, são obtidos 800 gramas de peixe.

Depois de 45 dias, a tilápia atinge um peso de 30 gramas. É hora de fazer a despesca e levar os peixes para a próxima etapa. As tilápias em fase juvenil passam por uma seleção e só as maiores são aproveitadas. Elas vão para um caminhão com condições controladas até o frigorífico para evitar perdas no transporte. Em média, as tilápias levam de sete a oito meses para atingir o ponto ideal, entre 800 g a 1,2 kg.

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