Transporte urbano/interurbano em áreas metropolitanas é conceito do séc. XIX
De acordo com a pesquisadora Carme Miralles-Guasch, da Universidade Autônoma de Barcelona, os conceitos de transporte urbano e interurbano em áreas metropolitanas pertencem ao séc. XIX. “Nossa vida é metropolitana, vamos de um a outro município todos os dias, o transporte em Barcelona não contemplava essa organização cotidiana da vida das pessoas. Havia uma conexão metropolitana do século XIX, com transporte urbano e interurbano, mas as pessoas não viviam assim, viviam de forma metropolitana”, explicou Miralles.
A pesquisadora acrescentou que a criação, em 1997, da Autoridade de Transporte Metropolitano (ATM), um organismo que concentrou toda autoridade em transporte, “permitiu romper essa rigidez da organização dos transportes”, invertendo a lógica, com o transporte seguindo o fluxo das pessoas e não o contrário. A Agência AL acompanhou a exposição que a professora Miralles fez na Comissão de Transportes na noite desta terça-feira (20) e transcreve abaixo trechos da sua fala.
O que é Autoridade de Transporte Metropolitano
É uma iniciativa que teve êxito. Começou em 1997. É um consórcio de interesses públicos e privados, de todos os meios de transportes públicos e coletivos que concorrem na área metropolitana de Barcelona. É um organismo que engloba todos os níveis de governo, todos fazem parte da autoridade, porque cada um dos níveis de governo tem responsabilidade distinta.
Neste organismo estão integradas as empresas ferroviárias e viárias, públicas e privadas, além de distintos níveis da administração e interesses públicos e privados.
Os objetivos da ATM
Que o usuário perceba o sistema de transportes como um sistema único. Qualquer meio lhe parecerá que está utilizando uma só empresa. Mas há várias, porém todas têm a mesma característica de qualidade e desenho; e a partir do consórcio, um organismo único, pudemos criar a integração tarifária, o mesmo bilhete para todos os meios de transportes. O bilhete é único.
Como funciona o sistema
O sistema é organizado pelo ATM. Ela emite o bilhete. Ela arrecada o dinheiro dos usuários. É suficiente? Não. O sistema está subsidiado, o usuário paga 60% e a administração pública 40% do bilhete. O custo do subsídio é de 1,380 milhão de euros para cada dois anos. O orçamento é aprovado pelo conselho de ministros do governo federal, em Madri. É um contrato programa, um pacto entre a Autoridade de Transporte Metropolitano e o governo federal. As empresas são remuneradas segundo o número de bilhetes que são vendidos. Com mais usuários, mais as empresas ganham.
A qualidade é supervisionada por um organismo público, considerando frequência, informação, seguridade, limpeza, amabilidade. Sempre haverá gente de pé, nunca se pode dimensionar para demandas máximas, sempre que tem estudos de demanda, as ofertas estão em relação às demandas médias. No sábado terá de esperar, nas horas de grande movimento tem gente de pé, tanto no ônibus como no metrô. Não há garantia de assento em horas de movimento.
Valor da tarifa
Um bilhete simples, que só permite realizar uma viagem, custa dois euros, cerca de seis reais. Mas tem bilhete que permite utilizar vários trajetos, durante uma hora e quinze minutos. A integração é temporal.
Terminais urbanos
Não temos terminais. Os ônibus não param, tem origem e final na rua e ali param alguns minutos e voltam a andar. Os terminais são para transporte de larga distância, no espaço urbano a movimentação é contínua.
Como chegaram lá
Foram 10 anos de discussão acalorada. Os empresários a princípio não tinham uma visão clara, mas nenhuma empresa privada saiu do sistema. Hoje tem mais demanda, a qualidade aumentou, o preço diminuiu. Estão mais contentes com este sistema do que com o anterior, de empresas isoladas. E os usuários estão satisfeitos.
O caso da Grande Florianópolis
Vocês têm o mar, estrutura baratíssima. É uma oportunidade, não um problema.
Agência AL