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18/06/2020 - 15h24min

Testemunha pouco acrescenta à investigação da CPI dos Respiradores

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Gustavo Bissacotti Steglich, ouvido nesta quinta-feira (18) pela CPI dos Respiradores
FOTO: Bruno Collaço / AGÊNCIA AL

Das quatro testemunhas arroladas para depor nesta quinta-feira (18) na comissão parlamentar de inquérito (CPI) que apura supostas irregularidades na compra de 200 respiradores mecânicos pelo governo do Estado, uma – Samuel de Brito Rodovalho – teve o depoimento suspenso, e a outra, Gustavo Bissacotti Steglich, foi ouvida, mas o que disse pouco acrescentou à investigação. Além deles, foram ouvidos o médico Márcio Martins e o empresário Rafael Wekerlin.

O depoimento do empresário Samuel de Brito Rodovalho, que seria feito por vídeo conferência, acabou não ocorrendo. Logo no início da sua participação, o representante da Cima Industries Inc. Medical Division (empresa fornecedora de respiradores), informou que estava no escritório de seus advogados, em Florianópolis.

O relator da CPI, deputado Ivan Naatz (PL), de imediato apresentou requerimento para suspender o depoimento. “Se ele está em Florianópolis, não há motivos para não participar aqui conosco, na Assembleia”, comentou. Para o parlamentar, se ex-secretários de Estado e demais convocados fizeram isso, não haveria motivo para abrir uma exceção.

Rodovalho citou que pediu para participar pelo vídeo em função da gravidez de sua mulher. O deputado Kennedy Nunes (PSD) explicou que, na CPI e em toda a Alesc, estão sendo tomadas todas as medidas preventivas quanto à Covid-19. “O senhor não precisa se preocupar”, argumentou. “Só podem ser dispensados os que estiverem em grupos de risco”, disse o deputado Valdir Cobalchini (MDB).

Com a impossibilidade de os representantes legais da testemunha participarem ainda na tarde desta quinta-feira, uma nova data para o depoimento será agendada.

R$ 11 milhões
O empresário Gustavo Bissacotti Steglich, representante da Oltramed Comércio e Produtos Médicos, de Joinville, foi ouvido em seguida. A Oltramed havia negociado 100 mil kits de testes da Covid-19 com a Veigamed, empresa que vendeu os 200 respiradores para o governo catarinense.

“Mas estes kits eram para o Rio de Janeiro”, explicou Steglich, que garantiu não conhecer Fabio Guasti, representante da Veigamed, e que a única relação entre as duas empresas foi nessa compra de kits de testes, no valor de R$ 11 milhões.

“Todas as vendas são por pagamento antecipado, como forma de evitar especulação. Analisamos a documentação das empresas e a Veigamed tinha autorização da Anvisa. Para mim era como vender ao (Hospital Israelita Albert) Einstein e ou à Rede D’Or”, esclareceu.

De acordo com Steglich, a venda foi oficializada no dia 30 de abril, e a carga, despachada para o Rio de Janeiro. “Inclusive pagamos o imposto devido ao Estado do Rio de Janeiro no valor de R$ 3 milhões”, destacou.

No dia seguinte, ainda segundo o empresário, foi chamado à Deic de Joinville para falar desse negócio. O delegado – a quem ele identificou como sendo Jefferson, sem especificar o sobrenome – teria dito a ele para suspender a entrega porque a Veigamed “estava fazendo negócios ilícitos”.

“Por conta disso, os valores que eu havia recebido dessa empresa, por mais que o meu negócio fosse um negócio totalmente lícito, a origem daqueles valores era ilícita, e que seria muito melhor que eu evitasse que essa venda fosse concluída, se possível, e colocasse esses valores à disposição do governo”, afirmou.

Steglich disse que, aconselhado pelo delegado, ligou para a empresa e conseguiu fazer o caminhão – que já estava em São Paulo – voltar para Santa Catarina. “No entendimento do delegado, a melhor forma seria eu não falar nada com a Veigamed, porque a princípio eles iam fazer algum tipo de ação policial contra a Veigamed, e que se eles me contatassem, era pra dizer que o caminhão estava atrasado”, contou. Steglich disse não saber qual seria o destino dos testes após a entrega para a Veigamed.

O empresário também afirmou ter tido recursos muito superiores aos R$ 11 milhões bloqueados em três processos – o que lhe causou problemas e a impossibilidade de realizar negócios por duas semanas –, mas que, mesmo antes desse bloqueio, já havia se colocado à disposição para depositar em juízo o valor da venda não concretizada à Veigamed. Segundo Steglich, a Oltramed ainda aguarda pela devolução dos R$ 3 milhões pagos antecipadamente ao Estado do Rio de Janeiro.

No fim do depoimento, o advogado João Carlos Harger Junior, um dos defensores da testemunha, solicitou pediu para retificar duas atas da CPI. “Na sexta ata, diz que o senhor Samuel de Brito Rodovalho, representante da Cima, do Paraná, fornecedor de respiradores, está sendo acusado de negociar propina com Rafael e Gustavo Steglich. Eu acredito que tenha sido algum equívoco na ata, então a gente gostaria de fazer esse registro para que seja analisado esse pleito para que seja ou retificado ou solicitadas explicações”, afirmou o advogado. O requerimento foi acolhido pelo presidente da CPI, deputado Sargento Lima (PSL).

Questionado pelo deputado Kennedy Nunes, Steglich garantiu que nunca houve pedido de comissão. “Nunca falei com ele. Não conheço esse Samuel”, afirmou.

(Com informações de Alessandro Bonassoli)

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