Sustentar 2014: produzir a própria energia elétrica já é uma realidade
Residências, estabelecimentos comerciais e prédios públicos autossuficientes em energia elétrica já são uma realidade no Brasil. O assunto foi tratado no primeiro painel de debates da tarde desta quinta-feira (22) na 5ª edição do Fórum de Energias Renováveis, Consumo Responsável, Agricultura Rural e Urbana – Sustentar 2014, promovido pela Comissão de Economia, Ciência e Tecnologia, Minas e Energia da Assembleia Legislativa. Participaram do painel o diretor do Instituto Ideal, Mauro Passos, e o deputado federal Pedro Uczai (PT-SC).
Passos tratou do tema “Potencial das Energias Alternativas no Brasil e suas Possibilidades”. O especialista destacou o potencial brasileiro para a energia solar e como a microgeração de eletricidade pode se transformar em alternativa de renda e na solução para atender a demanda crescente por energia.
“Pouca gente sabe, é algo novo, mas as pessoas podem gerar energia solar em suas casas e, se sobrar energia, negociar esse excedente. Isso é algo que no futuro vai se tornar algo comum, normal”, comentou Passos.
Segundo Passos, a Alemanha é um dos países mais avançados na microgeração de energia por meio do sol. No Brasil, a instalação de telhados solares em residências, estabelecimentos comerciais e prédios públicos ainda engatinha. São poucos projetos registrados em todo o país, entre eles o Estádio de Pituaçu, em Salvador (BA). “Com a nossa condição de insolação, conseguiríamos gerar quatro vezes mais energia que na Alemanha”, afirma.
O Instituto Ideal mantém um site (www.americadosol.org) que traz várias informações sobre a microgeração de energia solar. Nele, há um simulador, no qual o interessado pode verificar qual o investimento necessário para tornar seu imóvel autossuficiente em eletricidade.
Legislação
Um dos entraves para o desenvolvimento da microgeração de energia é a falta de uma legislação que, ao mesmo tempo, regule e incentive essa prática. O tema foi abordado pelo deputado Pedro Uczai, que acompanha, no Congresso Nacional, a tramitação de uma Medida Provisória (MP) sobre o tema.
“Queremos incentivar a geração de energia descentralizada, mas não temos uma legislação clara, que estimule o cidadão, as empresas, os municípios”, afirma o parlamentar. Além da energia solar, os biodigestores, a energia eólica e as PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) estão entre as fontes para a microgeração.
Para o deputado, a legislação deve tratar principalmente de dois pontos. O primeiro é o financiamento de projetos de instalação de painéis solares incorporado ao financiamento dos imóveis do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. “Isso aumentaria muito pouco o valor de cada prestação, mas, em compensação, a residência seria autossuficiente em energia”.
Outro ponto a ser abordado na legislação é a criação de uma política de certificação da comercialização da energia produzida por esses microgeradores, de tal forma que eles possam receber pela venda da eletricidade excedente em moeda corrente e não apenas em crédito. “Ao incentivarmos a energia descentralizada, nós vamos atender à demanda crescente por eletricidade, oferecendo uma energia limpa que não agride o meio ambiente, nem colabora com o aquecimento global, e proporcionando uma alternativa de renda para várias famílias”, considera.
Agência AL