Suecos mostram como é possível transformar lixo em energia
O trabalho da Empresa de Energia e Meio Ambiente de Boras, na Suécia, foi apresentado para os parlamentares catarinenses que participam da missão oficial à Escandinávia, promovida pela Assembleia Legislativa. A entidade pública municipal produz biogás e energia a partir do lixo, tornando a cidade destaque internacional em reciclagem.
No período da manhã, os membros da comitiva conheceram o local onde é produzido o biogás. Responsável pelo setor de gerenciamento de resíduos da empresa, Linda Eliasson explicou que o primeiro passo é feito pelos moradores de Boras. Eles recebem da empresa de coleta dois tipos de sacola plástica.
"Nas sacolas pretas, as pessoas colocam restos de comida, material orgânico, e na sacola branca colocam material que deve ser incinerado, lixo que não pode ser reciclável. O que é orgânico pode ser transformado em biogás e virar combustível para caminhões, ônibus e carros. E o que está nas sacolas brancas pode ser transformado em energia e usado para gerar aquecimento para as casas, refrigeração ou eletricidade", explica Linda, lembrando que tudo o que pode ser reciclado precisa ser levado pelos moradores para estações de coleta de material reciclável.
Como funciona
Segundo Linda, doze caminhões trabalham na coleta do lixo orgânico e do lixo não reciclável. Oito deles são abastecidos com o biogás produzido pela própria empresa. Quando chegam à central de tratamento, eles depositam o lixo na área das esteiras. O processo é todo automatizado. De maneira rápida e eficiente, com a ajuda de um sensor de cores, sacolas brancas são lançadas para o lado, enquanto as pretas seguem pelo caminho em frente.
O material orgânico vai para decomposição, em local sem oxigênio e com temperatura de 55°C. As bactérias demoram aproximadamente um mês para transformar os restos de alimentos em biogás, usado como combustível de veículos automotores. Na cidade, existem três postos de abastecimento com biogás, que custa em média 30% a menos do que a gasolina.
O engenheiro Siim Vahtra, também da Empresa de Energia e Meio Ambiente de Boras, detalhou aos parlamentares catarinenses de que maneira é feita a combustão do lixo. O material das sacolas brancas é a matéria-prima. Ele é triturado para tornar o processo mais eficiente, e levado mecanicamente, com garras gigantes, para ser queimado em caldeiras que funcionam todos os dias do ano.
Nas caldeiras, a temperatura chega a 850°C. A cada ano, mais de 100 mil toneladas de resíduos são transformadas em energia. Além de fazer com que o lixo desapareça, o processo de combustão gera energia e calor, que são levados para os habitantes da cidade. Na sala de controle, um mapa mostra os mais de 300 quilômetros de encanamentos de água quente que chegam em 33 mil casas de habitantes da cidade. Como o inverno é muito rigoroso na Suécia, o investimento em sistemas de aquecimento é essencial.
Opiniões
Prefeito de Jaraguá do Sul, Dieter Janssen acredita que os sistemas podem ser adaptados para a situação catarinense. "É preciso verificar qual o melhor processo para cada município, para cada região. Tenho certeza de que o caminho é esse da reciclagem, mas também temos que trabalhar nessa questão sobre a destinação daquilo que não pode ser reciclável. Na Europa a combustão é muito utilizada, e usada principalmente para o aquecimento de água, devido ao frio. Mas em Santa Catarina o processo pode ser usado para a geração de energia, o que também geraria uma nova fonte de receitas para os municípios. Em Jaraguá do Sul, por exemplo, nós temos uma despesa anual de R$ 10 milhões de reais com a coleta de lixo, então a reciclagem e a queima podem ser uma boa opção", avalia Janssen.
O deputado Romildo Titon (PMDB), vice-presidente da Assembleia Legislativa, destacou a importância de conhecer detalhadamente os processos de tratamento de lixo desenvolvidos em Boras. "Os suecos estão muito adiantados em novas tecnologias, dando exemplo para todo o mundo, e o Brasil tem que investir nessa área. O problema do lixo urbano nas cidades brasileiras está preocupando autoridades e também a população. Os investimentos são altos mas necessários. É preciso ter criatividade e juntar os municípios para oportunizar uma destinação correta para o lixo, sem causar poluição, e possibilitar que esse investimento traga retorno para os municípios e empresários que queiram investir na área", afirma Titon.
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