Senadores avaliam decisão da Câmara e projetam impeachment no Senado
Com a decisão da Câmara dos Deputados de autorizar a abertura de processo contra a presidente Dilma Rousseff, o impeachment segue agora para o Senado Federal. “Os deputados são representantes do povo, prevaleceu o sentimento das ruas e o sentimento de nação”, afirmou o senador Dalírio Beber (PSDB) em entrevista à Agência AL na tarde desta segunda-feira (18).
De acordo com Beber, o Senado dará continuidade ao processo. “Dada a atuação da Câmara, todo o debate havido, seria desrespeitoso o Senado ignorar tudo isso, tenho convicção de que passa, já tem votos para isso”, garantiu Beber, referindo-se à votação do parecer da comissão especial, que pode ser aprovado ou rejeitado em plenário por maioria simples.
Para Dário Berger (PMDB), o resultado retratou a insatisfação dos brasileiros. “Tanto no plenário, quanto nas ruas ficou claro o sentimento de mudança da nossa população e os parlamentares só representaram esse sentimento”, ponderou o senador, que considerou que ainda é cedo para previsões sobre placar no Senado. “Não há como definir de antemão, na Câmara muitos mudaram o voto em cima da hora. No Senado o processo ainda será analisado”, destacou Berger.
Segundo Paulo Bauer (PSDB), os deputados federais interpretaram o desejo do povo brasileiro. “A estratégia de classificar o impeachment como golpe não colou, não recebeu adesões significativas, apenas dos filiados do PT, PCdoB e PSol”, declarou o senador, que demonstrou confiança na continuidade do processo. “Pelo número de senadores que já se manifestaram pelo prosseguimento, também pela manifestações dos deputados e dos partidos posso afirmar com muita segurança: o processo vai andar, vamos ter maioria no dia 11 ou 12 de maio”, prognosticou Bauer.
O impeachment no Senado
O processo foi entregue na tarde desta segunda-feira pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao presidente do Senado, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). O próximo passo é a leitura em plenário. Em seguida, os líderes dos partidos indicarão 21 membros titulares e 21 suplentes para integrar a comissão especial do Senado que examinará a matéria.
Constituída a comissão especial, serão escolhidos presidente e relator, que terá prazo de dez dias úteis para oferecer parecer. Concluído o relatório, este será lido em plenário e submetido ao voto dos senadores. Se o parecer concluir pelo recebimento da denúncia e se for aprovado por maioria simples, isto é, a metade mais um dos presentes, o exame do impedimento continua no Senado e a presidente Dilma Rousseff será afastada por até 180 dias.
Se os senadores rejeitarem o parecer pelo impedimento, o processo é extinto e Dilma Rousseff continuará no exercício pleno das funções de presidente da República.
No caso de os senadores decidirem continuar o processo, o vice-presidente assume temporariamente a presidência. Nesse período os senadores analisarão o mérito das acusações. No julgamento final os representantes dos estados dirão se a presidente de fato cometeu os crimes que lhe são imputados. Serão necessários 54 votos, dois terços dos senadores, para afastar definitivamente a presidente eleita em 2014 com mais de 54 milhões de votos.
Agência AL