Seminário realizado na Alesc debate educação inclusiva
A Assembleia Legislativa, por meio da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis abriram, na manhã desta quarta-feira (16), o Seminário de Educação Especial: entrelaçando o político e o pedagógico na educação inclusiva. O evento, no auditório Antonieta de Barros, na Alesc, dura dois dias e pretende refletir sobre as práticas curriculares e contribuir para o aperfeiçoamento técnico, pedagógico, ético e político dos profissionais da educação, além de debater estratégias e ações de qualificação pedagógicas específicas para a educação especial.
O presidente da comissão na Alesc, deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), destacou a importância de eventos como esse para unir teoria e prática para melhorar cada vez mais o atendimento pedagógico da população que precisa de educação especial. “De um lado, temos no papel a política que nós fizemos, que alguns dirigentes fizeram. De outro, na sala de aula, na ponta, estão os alunos e, principalmente, os mestres, que precisam saber de quais estratégias usar para determinados casos que vão aparecendo para que os resultados apareçam”, afirmou o parlamentar.
De acordo com Caropreso, a educação especial precisa estar atenta às dificuldades de seu público alvo com o objetivo de integrá-la ao ambiente escolar e torná-la o mais independente possível. “O importante é que ela receba alguns ensinamentos e principalmente um ensinamento de qualidade, mas adaptado às dificuldades dela”, explicou. “O objetivo é transformar uma pessoa, por exemplo, com uma deficiência intelectual de leve a moderada num espaço, num local de trabalho, onde ela possa conviver, ganhar seu sustento e ser feliz”, completou.
O deputado parabenizou os organizadores pela iniciativa do evento. “Exemplos de encontros como esse – que têm participação muito grande de pedagogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e, principalmente, o professor da ponta – estão de parabéns. Esse é o caminho, a inclusão. É trazer muitas pessoas com dificuldades intelectuais, às vezes até graves, para dentro da sala de aula”, concluiu Caropreso.
Formação permanente e continuada
A presidente da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia, deputada Luciane Carminatti (PT), ressaltou a importância de formação permanente e continuada para professores, principalmente para a educação especial, área sensível e que demanda forte atualização profissional. “A maioria dos profissionais da educação se formou num contexto em que a discussão da inclusão ainda era muito prematura. É muito recente a formação de professores olhando para os diferentes tipos de deficiência”, disse a deputada.
“Não é porque o professor sai com um certificado da universidade que ele está pronto. Ao contrário, ele começa o exercício da sua profissão. As mudanças são muito rápidas. Na escola, se não houver esse processo de formação como está ocorrendo hoje, o professor fica parado no tempo ainda da sua formação, não dá conta e fica ultrapassado.”
Carminatti também destacou os ganhos que alunos sem qualquer deficiência têm ao conviver com os especiais. “A gente aprende a entender o limite do outro, a compreender que, apesar do limite, tem jeito de aprender, tem formas diferentes de aprender e aprende a ser mais generoso, mais humano e mais solidário, que acho que é esse o sentido da educação.”
Qualificar profissionais e espaços
Em Florianópolis, o número de crianças com algum tipo de deficiência matriculadas na rede municipal de ensino vem crescendo nos últimos anos. Eram 505 em janeiro de 2017 e agora são 1.363. Para o secretário municipal de Educação, Mauricio Fernandes Pereira, os números resultam de investimentos da prefeitura em estrutura e pessoal neste segmento.
“Buscamos, nestes três anos, qualificar os profissionais e os espaços nas nossas escolas. Abrimos mais de 13 novas salas multimeios e compramos brinquedos específicos para essa temática. Buscamos incluir cada vez mais as crianças nas nossas escolas e creches”, informou Pereira. “Porque a gente acredita que essas pessoas precisam estar incluídas, e nós, ditos normais – porque tenho uma dúvida se somos assim – precisamos nos incluir também na educação especial”, completou.
O secretário destacou duas funções essenciais de eventos como o destes dois dias na Alesc: o fortalecimento de parcerias entre as diferentes esferas de governo e a troca de experiências e práticas pedagógicas em busca da inovação. Para Pereira, é preciso unir o discurso à prática. “A educação fala de mudança e de inovação, mas tenho minhas dúvidas se a educação não é o espaço mais resistente a mudanças que existe. A gente tem que falar e executar a inovação e a mudança”, avaliou. “E esse evento justamente funciona como entusiasmo a todos nós para que isso aconteça no dia a dia do chão da sala de aula”, concluiu.