Secretário da Fiesc defende investimentos privados em obras de infraestrutura
O desenvolvimento econômico de Santa Catarina, tanto no recebimento de matérias-primas como para o escoamento de suas mercadorias e produtos, além do fortalecimento do turismo, depende dos investimentos em infraestrutura e logística em todos os modais (rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo). “Nenhum governo tem ou terá condições de resolver a questão logística sem a participação da iniciativa privada”, defendeu o secretário-executivo da Câmara de Assuntos de Transporte e Logística da Fiesc, Egídio Antônio Martorano, na reunião desta tarde de terça-feira (8) da Comissão de Transportes e Desenvolvimento Urbano.
O dirigente entregou ao presidente da comissão, deputado João Amin (PP), e aos deputados Romildo Titon (MDB) e Ivan Naatz (PL), um documento intitulado “Agenda Estratégica para a Infraestrutura de Transportes e a Logística Catarinense 2022”, que apresenta propostas da Fiesc para uma maior eficiência logística, competitividade e desenvolvimento socioeconômico de Santa Catarina. Além de apresentar um levantamento de cada obra necessária e de todos os modais, a agenda revela que Santa Catarina precisaria de um investimento total até 2024 de R$ 18,5 bilhões em obras de infraestrutura, tanto da iniciativa privada (R$ 8,7 bilhões), do governo federal (R$ 5,6 bilhões), estadual (R$ 4 bilhões) e municipal (R$ 200 milhões).
O deputado João Amin avaliou como muito importante a apresentação da Fiesc sobre os modais catarinenses, lembrando que a instituição tem informações destas obras e sempre as atualiza. “A questão portuária, os aeroportos e as nossas rodovias precisam de um investimento urgente para manter a nossa competitividade econômica e diminuir o número elevado de mortes nas nossas rodovias. Por isso, a cobrança ao governo federal por investimentos. Precisamos desta atenção especial para Santa Catarina.”
O parlamentar lembrou que o Estado, apesar de sua potencia econômica, de suas exportações e de contribuir com a União, mesmo tendo um território pequeno, recebe muito pouco de retorno em investimentos. “Menos de 10% do que mandamos para Brasília volta. Então a Fiesc, os deputados têm esse papel de cobrar, de provocar e monitorar as nossas necessidades em infraestrutura.”
Prioridades
Em sua apresentação, Martorano lembrou que o orçamento do governo federal para todo o país em infraestrutura é de R$ 6 bilhões. Ele defendeu a criação de uma política de estado para que as estradas tenham uma manutenção preventiva periódica. “O pavimento tem vida útil, por isso é importante ter um projeto de manutenção rotineira e preventiva. A rodovia pode estar em boas condições hoje, mas se ficar seis meses ou um ano sem manutenção começa a se deteriorar, ter buracos e problemas de sinalização, por exemplo, o que gera acidentes, insegurança para o usuário, além de elevar o custo do transporte.”
Martonaro ressaltou que é essencial a participação da iniciativa privada. “Isso é histórico, não vamos resolver, nenhum governo tem capacidade de cumprir a agenda logística de Santa Catarina sem a participação da iniciativa privada.”
Observou que há muita liquidez de recursos no mundo e para que os investimentos ocorram é necessário um planejamento sistêmico integrado, identificando prioridades, que o estado tenha um banco de projetos e oportunidades para o setor privado. “Sempre digo, o governo federal tem uma agenda imensa nas áreas de saúde, educação, segurança, entre outras, e não cabe, a nosso ver, que faça gestão de obras de infraestrutura.”
Sobre os portos catarinenses, Martonaro afirmou que Santa Catarina é destaque nacional. “Os portos de Imbituba, Itajaí, São Francisco do Sul, Navegantes e Itapoá movimentaram, em 2020, mais de 2,1 milhões de TEUS (container baseado no volume de 20 pés de comprimento), sendo que Itajaí e Itapoá ocuparam a segunda e a quinta posição no ranking de movimentação de contêineres dos portos brasileiros.”
Em relação às ferrovias, o secretário destacou a necessidade de planejamento e prioridades para o setor, levando em consideração as necessidades técnicas. “Desde 2012 já foram investidos R$ 23 milhões e agora mais R$ 40 milhões em projetos de ferrovias no estado, mas até agora nada. São projetos e projetos que ficam só nas gavetas. Por isso defendo, esta ferrovia tem que ficar dentro de uma percepção sistemática integrada, até porque ela precisa ter uma intermodalidade, tem que estar muito bem planejada para ser viável. Temos que utilizar todos os benefícios, todos os atributos que temos de movimento de contêineres industrial, para ter um complexo ferroviário significativo e com viabilidade.”
Para a Fiesc, explicou o secretário, a malha ferroviária de Santa Catarina tem que ter uma ligação da estrutura portuária com a malha nacional, com o Oeste catarinense, visando suprir o mercado local e ao mesmo tempo em que atenda ao mercado consumidor brasileiro. “Precisamos trazer o milho para o Oeste, mas esse milho tem que ir para a indústria do agronegócio e não para o porto, para a exportação”.