Projeto prevê divulgação de lista de pacientes à espera de atendimento pelo SUS
O direito ao implante mamário de todas as pacientes submetidas à mastectomia é assegurado pela Lei 12.802/2013. A legislação, que garante às mulheres a reconstrução imediata da mama durante a própria operação de mastectomia ou meses depois, caso a paciente esteja impossibilitada por condições clínicas, está longe de ser realidade, em especial para as mulheres que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). O problema, segundo os órgãos de saúde, está na fila de espera, que cresce diariamente com novas pacientes que precisam da cirurgia reparadora.
Buscando organizar e dar transparência ao sistema, tramita na Assembleia Legislativa o Projeto de Lei 438/15, do deputado Antonio Aguiar (PMDB). A matéria propõe que a lista de espera dos pacientes que aguardam por consultas, exames e intervenções cirúrgicas nos estabelecimentos da rede pública de saúde de Santa Catarina seja publicada na internet. "A partir desta iniciativa queremos contribuir com a organização da saúde, possibilitando um novo rumo para essas pessoas que aguardam por atendimento", salientou o parlamentar. Médico por profissão, Aguiar destaca que a matéria busca, por intermédio da transparência, mostrar com clareza as informações dos atendimentos, confortando os pacientes que aguardam ansiosos pelos procedimentos. "O encaminhamento de data e horário de cada procedimento precisa estar organizado entre os hospitais, médicos e pacientes. Com esta iniciativa queremos regulamentar esta proposta."
Na fila de espera
Há um ano e meio na fila, a dona de casa Silvania Lima, 43 anos, espera angustiada pela cirurgia de reconstrução da mama. Ao considerar a espera um momento de tortura em sua vida, ela é grata por estar curada, mas lamenta a falta de agilidade no SUS para a cirurgia de reconstrução. Desde que venceu a luta contra o câncer em 2014, Silvania destaca que a batalha é constante para conseguir a cirurgia, que segundo ela não tem previsão para acontecer. "Essa incerteza de uma data que nunca chega tem matado minha autoestima", lamenta.
Com acompanhamento psiquiátrico, Silvania relata que atualmente, curada do câncer, a dificuldade está em conviver com seu corpo após a mastectomia, cirurgia para retirada da mama, pois ela se sente multilada. "É difícil conviver com isso, falta um pedaço de mim. Com a reconstrução, vou restabelecer por inteiro minha vida."
A moradora de Palhoça aponta como fatores preocupantes a falta de profissionais, como anestesistas, e de leitos, lamentando que o poder público não priorize as cirurgias. Silvania segue com esperança nas filas de espera do Hospital Universitário (HU) e do Grupo de Apoio à Mulher Mastectomizada (Gama), do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), ambos em Florianópolis. "A cada dia de angústia eu espero com confiança o telefonema de confirmação da minha cirurgia."
Em Santa Catarina, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, o tempo de espera é, em média, de dois a quatro anos. Caso seja negado, ou o procedimento esteja demorando muito para ser realizado, a mulher deve procurar a Defensoria Pública para garantir o direito à cirurgia.
Grupo oferece apoio e orientação
Em funcionamento no Cepon há 20 anos, o Gama oferece suporte e orientação em reuniões semanais para mulheres que passaram pela mastectomia, e junto à Associação Brasileira de Portadores de Câncer (Amuuc) batalha por mais agilidade nas cirurgias de reconstrução. No Gama, pacientes retomam suas vidas ao encontrar conforto umas nas outras, participando de palestras sobre autocuidados e recebendo orientações de como buscar seus direitos.
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