Presidente da Comissão de Direitos Humanos visita haitianos em Florianópolis
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Dirceu Dresch (PT), fez uma visita institucional aos imigrantes haitianos e senegaleses que chegaram em Florianópolis no domingo (24), vindos do Acre. Os estrangeiros estão alojados no Ginásio Capoeirão, onde aguardam emissão de passagem e carteira de trabalho para se deslocarem ao interior de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul em busca de oportunidades de trabalho.
“Um grande número de imigrantes tem se dirigido a Santa Catarina. Como Comissão de Direitos Humanos, precisamos acompanhar esse movimento de perto”, disse o deputado Dirceu Dresch. Na opinião dele, os imigrantes escolheram o Brasil como oportunidade e precisam ser acolhidos em condições dignas. “A comissão está à disposição para apoiar no que for necessário e para debater a participação do Estado nesse processo”, disse Dresch. Ele constatou que as estruturas assistenciais do estado e do município estão prestando apoio aos imigrantes, que também são assistidos pela Igreja Católica.
Entre os recém chegados há 27 haitianos e 25 senegaleses, todos homens. “A grande maioria veio para fazer conexão em Florianópolis com destino ao interior de Santa Catarina ou Rio Grande do Sul. Os principais destinos são Porto Alegre, Novo Hamburgo e Caxias do Sul”, explicou a voluntária Tamajara da Silva, da Pastoral do Migrante. Segundo ela, apenas quatro estrangeiros ficarão na Capital catarinense, sendo que três deles já foram recebidos por familiares ou amigos que moram na cidade. A equipe de apoio constatou que havia três pessoas com febre, as quais foram encaminhadas a serviços de saúde para realização de exames, mas nada grave foi diagnosticado.
O haitiano Clarens Chery, presidente de uma associação que dá apoio aos imigrantes (Associação Kay Pa Nou), diz que os haitianos veem o Brasil como uma terra de oportunidades. “O Brasil é um país acolhedor e tem várias possibilidades para um cidadão estrangeiro. Os refugiados sabem que a Região Sul do Brasil é a mais rica e tem mais oportunidade de trabalho e Florianópolis é uma cidade bem conhecida, por isso alguns estão vindo para cá”, analisou.
Com experiência na construção civil, Celuis Fenelus, 40 anos, deixou a esposa e seis filhos no Haiti para tentar uma oportunidade de emprego em Passo Fundo (RS), onde tem contato com amigos. Abatido e triste, contou que tem muitos problemas, não tem nenhum apoio familiar para ajudar a esposa no Haiti e precisa arranjar trabalho. Esta é a segunda vez que Fenelus tenta a sorte no Brasil. Na primeira experiência, entrou ilegal e após 32 dias foi deportado. Assim como os demais imigrantes ainda não encaminhados, ele aguarda a emissão de carteira de trabalho. Um servidor da Delegacia Regional do Trabalho será deslocado para o ginásio Capoeirão na tarde desta terça-feira para fazer o cadastro dos trabalhadores. O documento deve ser emitido nos próximos dias.
Audiência pública
No dia 24 de junho a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa fará uma audiência pública para discutir a situação dos imigrantes haitianos e senegaleses. “Como são pessoas que já estão trabalhando e contribuindo com a economia catarinense, precisam também ter seus direitos garantidos, como moradia, acesso à saúde e à educação. São essas questões que pretendemos debater”, adiantou o presidente da comissão.
Agência AL