Pesquisadores defendem integração turística Caminhos de Peabiru
O projeto de integração turística Caminhos de Peabiru, trilha utilizada inicialmente pelos indígenas, principalmente os guaranis, e que foi utilizado desde o século 16 percorrendo os territórios dos estados de Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, e do Paraguai, Bolívia e Peru, foi apresentado nesta terça-feira (12), na reunião semipresencial da Comissão de Turismo e Meio Ambiente. A proposta dos historiadores e pesquisadores é de que a integração sirva para alavancar o turismo e o desenvolvimento econômico dos municípios que integram o caminho, que inicia em Palhoça, passa por Garuva, utilizada para interligar o Oceano Atlântico ao Pacífico, cortando matas, rios, pântanos e montanhas.
Participaram da reunião a pesquisadora do projeto integração turística Caminhos do Peabiru, Rosângela Martins Carrara, o secretário de Inovação, Comunicação e Turismo de Garuva, Gilsemar Nett, o representante da Empresa Brasil Primitivo, André Rockenbach, e semipresencialmente, o vereador de Joinville e um dos idealizadores do projeto, Henrique Deckmann, o pesquisador e engenheiro ambiental, Ricardo Tiburtius Logullo. Na semana passada eles participaram de uma reunião na Câmara dos Deputados, onde foi apresentado um projeto que reconhece os Caminhos de Peabiru como Manifestação da Cultura Nacional.
A pesquisadora Rosangela Martins Carrara destacou que a trilha foi construída ao longo de milênios pelos povos indígenas sul-americanos como rota espiritual em busca de um paraíso mitológico e que se tornou o caminho em direção aos tesouros do continente quando chegaram os colonizadores europeus em busca de acessos ao interior da América do Sul. Para ela, o projeto é importante para o desenvolvimento turístico e econômico catarinense, principalmente para os municípios que residem nos ramais do caminho no estado. Ela observou que em vários trechos há hieróglifos (modelo de escrita pictográfica) e menires (monólitos individuais de formato alongado ou ovóide e cravados na terra em posição vertical) que marcam a trilha.
O caminho já foi utilizado por padres jesuítas há mais de 200 anos, existindo trilhas (escadaria) feitas por humanos, com mais de mil anos de existência e ainda bem conservadas. Tudo indica que Aleixo Garcia, Alvar Nuñes Cabeza de Vaca e Fernando de Tejo y Sanábria fizeram suas caminhadas por esse mesmo peabiru, observou a pesquisadora. Na sua avaliação, o projeto de integração é de uma importância fenomenal para o turismo, história e cultura de Garuva e de todo o estado. “Vamos trazer turistas do mundo inteiro para conhecer a nossa região e fazer com que as pessoas sintam esse caminho.”
O secretário Gilsemar Nett reforça a importância do projeto. “Em Garuva nós temos o Monte Crista, que é um patrimônio cultural e histórico municipal, que tem uma escadaria, e o Guardião de Pedra, que é a Pedra do Mirante e lembra a forma de um homem sentado, chamado de Guardião do Crista.”
Ele salienta que Garuva faz parte desta rota milenar que liga o Oceano Atlântico ao Pacífico, cruzando a América do Sul de leste a oeste. “O caminho, que passa pelo Brasil, Paraguai, Bolívia e Peru, é repleto de riquezas naturais e históricas, tendo sido usado para migrações de povos indígenas e, mais tarde, em missões religiosas e no desbravamento e ocupação de vários territórios.”
Os pesquisadores enfatizaram que nas margens do rio Três Barras e da baía da Babitonga começava a ramificação do peabiru, conhecida como Caminho Velho, Caminho de Três Barras, Caminho dos Ambrósios, Caminho de São Tomé, Caminho dos Jesuítas e Caminho de Monte Crista, e se estendia por mais de duzentas léguas até a cidade de Cuzco, no Peru.