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03/10/2018 - 11h20min

Descoberta letra do hino nacional escrita por Machado de Assis

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Foto: arquivo pessoal

Os meios culturais e historiográficos brasileiros ainda repercutem a divulgação, no final de setembro, da descoberta no acervo da Biblioteca Pública de Santa Catarina, de uma versão inédita do hino nacional composta por pelo escritor Machado de Assis. Com sete estrofes, a obra foi escrita em 1867 para celebrar o aniversário do imperador Dom Pedro II.
O pesquisador Felipe Rissato, que reside em Belém do Pará, descreve a seguir, com mais detalhes, como foi o processo que resultou no achado da composição e o que ela representa para o país.

Agência AL – Como você chegou até a obra?
Rissato – Eu sou formado em publicidade, mas há três tenho como hobby pesquisar textos perdidos de Machado de Assis, tendo já encontrado neste período algumas coisas do autor, como poesias, mas também fotografias. Há três meses encontrei a sua última fotografia feita em vida até então, de janeiro de 1908. Ele viria a falecer no dia 29 setembro daquele ano. Há dois anos, pesquisando na hemeroteca da Biblioteca Nacional, encontrei no jornal “O Mercantil”, de 1º de dezembro de 1867, o anúncio de que seria feito um espetáculo na cidade de Desterro, como era conhecida Florianópolis na época, em homenagem a Dom Pedro II. O ato estava marcado para o dia seguinte, dia 2, que é a data natalícia de Dom Pedro II, e aconteceria com a exibição do retrato dele e, logo após, a companhia dramática entoaria o hino nacional. E esse hino teria a letra escrita pelo próprio Machado de Assis. Isso foi o que dizia o anúncio. No dia 8 o anúncio é repetido e o jornal em suas edições posteriores não falou mais nem sobre o espetáculo, nem sobre o hino. E ficou nisso. Então busquei alguns outros jornais de Santa Catarina da época, mas não encontrei nada, mas recentemente, pesquisando na Biblioteca Pública de Santa Catarina de forma on line, encontrei o hino nacional publicado no jornal “O Constitucional”.

Agência AL – Como é este hino machadiano?
Rissato – Basicamente, seguia a forma como eram feitos os hinos na época. Eram sete estrofes, com os estribilhos, que eram os refrões, intercalados com os demais versos.

Agência AL – Machado de Assis já era um escritor famoso na época em que escreveu o hino? Rissato – Ele já tinha várias obras publicadas, como o livro de poesias “Crisálidas”, traduções de peças teatrais de outros autores e algumas de sua própria autoria, que já haviam sido inclusive encenadas. Seu primeiro romance, chamado “Ressurreição”, só sairia, entretanto, em 1872, cinco anos após a criação do hino.

Agência AL – O que essa descoberta representa para a história do Brasil?
Rissato – Ela demonstra que o nosso maior escritor era também defensor da monarquia, como todos nós sabíamos pela leitura das suas crônicas. Com esse mesmo hino de 1867, ele foi agraciado com a Ordem da Rosa pelo próprio Dom Pedro II, uma condecoração importante para as pessoas civis.

Agência AL – O hino consiste então em uma homenagem a Dom Pedro II?
Rissato – Em 1855, quando tinha 16 anos de idade, Machado já havia publicado no jornal “A Marmota”, no dia do aniversário de Dom Pedro, um poema, um sonetinho em homenagem ao monarca. Em 1860, Dom Pedro viajou pelo norte e nordeste do país e quando retornou ao Rio de Janeiro foi feita uma litografia com efígie dele e da imperatriz Tereza Cristina, no qual no centro havia um poema composto também por Machado de Assis. Então este hino nacional foi, no caso, a terceira homenagem poética de Machado a Dom Pedro II.

O hino de Machado:

Das florestas em que habito
Em honra e glória de Pedro
O gigante do Brasil.

Enche o peito brasileiro
Doce luz, almo fervor
Ante o dia abençoado
Do grande Imperador

Das florestas em que habito
Solto um canto varonil:
Em honra e glória de Pedro
O gigante do Brasil.

Em firme o trono sentado
O colosso Imperial
Tem por base de grandeza
O coração nacional.

Das florestas em que habito
Solto um canto varonil:
Em honra e glória de Pedro
O gigante do Brasil.

Correm anos, e este dia
Surge na terra da Cruz:
Abre-se a alma do povo
Jorra do Céu nova luz.

Das florestas em que habito
Solto um canto varonil:
Em honra e glória de Pedro
O gigante do Brasil.

Alexandre Back
Agência AL

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