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14/08/2014 - 15h21min

Participação política feminina precisa superar questões culturais

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Mulheres votam durante eleição na década de 30. FOTO: Tribunal Superior Eleitoral/Reprodução

Há 82 anos, a mulher conquistou o direito de votar e ser votada no Brasil. Parece paradoxal que, passadas oito décadas, a participação efetiva da mulher nos espaços políticos oscile pouco acima ou abaixo dos 10%. Especialistas dizem que oito décadas são pouco tempo para uma mudança cultural, considerando que nos últimos 4 mil anos os homens estiveram no centro do poder.

“Temos muito pouco tempo de voto feminino em relação à presença do homem no poder na história da humanidade. E temos muito pouco tempo de democracia”, diz a professora de História da UFSC, Joana Maria Pedro. Ela lembra que o primeiro país a permitir o voto feminino foi a Nova Zelândia, em 1893, “há pouco mais de cem anos”.

Joana analisa a participação política de homens e mulheres do ponto de vista cultural e comportamental. Diz que contra a mulher pesam diversos estereótipos, porque as diferenças são valorizadas com dois pesos para homens e mulheres. Uma mulher aberta ao diálogo e negociadora é taxada como “mole”. O homem com o mesmo comportamento seria elogiado como “ponderado, negociador”, exemplifica. “Espero que um dia a atuação política não seja mais definida pelo comportamento, seja masculino ou feminino, mas pela capacidade de liderança e protagonismo. Isso leva tempo e é preciso que mude, tanto para homens quanto para mulheres”.

A feminista e ativista na luta pelos direitos das mulheres Clair Castilhos analisa que a estrutura partidária é machista porque o espaço político é um espaço de poder. É nele que os sujeitos decidem o que fazer com as verbas públicas, os empregos, os investimentos. E o espaço de poder, historicamente, é destinado aos homens.

“A nossa civilização judaico-ocidental-cristã tem 4.000 anos de patriarcado. Se o homem é o centro, ele é quem toma as decisões. E as mulheres ficam sempre como coadjuvantes. A história do homem e da mulher, na prática, é uma relação entre opressor e oprimido. No momento que a gente tenta mudar esse papel há uma reação. Nenhum opressor deixa de ser opressor porque é bonzinho. Ele só deixa de ser opressor porque o oprimido se revolta e se organiza”.

Clair aposta que o crescimento da participação das mulheres na política vai acontecer, já que a presença da mulher no mundo do trabalho e na universidade aumentou muito. “Precisamos do crescimento quantitativo para termos um crescimento qualitativo”.

Mudança de paradigma
Tradicionalmente, as mulheres estão pouco acostumadas a ocupar os espaços públicos por que o espaço naturalmente destinado a elas é o espaço privado. Joana Pedro sustenta que não se pode aceitar o discurso que naturaliza essa diferença. “É preciso estimular o questionamento, não acreditar que é natural ser assim. Promover estudos que questionem e mostrem que há diferentes formas de viver, que demonstrem que já foi pior e estamos evoluindo”. Para ela, o essencial é investir na educação e na formação das meninas, estimulando que não transformem casamento em carreira.

Parlamento Jovem
O Programa Parlamento Jovem Catarinense, realizado pela Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, fornece subsídios para quem aposta no aumento da participação política feminina. Na última edição foram eleitos 14 meninos e 26 meninas. "Na 16ª edição tivemos 65% dos estudantes mulheres. Percebemos que elas vêm com muito mais ênfase na participação. Se fizermos um comparativo com o Parlamento, dos 40 deputados, temos apenas quatro mulheres. Fizemos uma conversa interessante com essas adolescentes para incentivá-las a manter o interesse na vida adulta, uma formação para que não desistam, para que continuem. Somos a maioria da população brasileira, a maioria do eleitorado, mas não temos uma representação parlamentar feminina tão evidente", disse a gestora do Núcleo de Educação para a Cidadania, Lea Medeiros Cardoso, responsável pelo programa.

A Escola do Legislativo tem estimulado a participação feminina no meio político com diversas atividades. Promove oficinas e cursos de formação política em diferentes regiões do estado, além de um encontro anual de mulheres parlamentares.

Eleições 2014 na Agência AL
A Agência AL, em parceria com a Rádio AL e a TVAL, veicula desde o mês passado reportagens especiais sobre as Eleições 2014. As matérias abordam assuntos como o voto biométrico, a participação feminina no processo eleitoral, os preparativos da Justiça Eleitoral para o dia da votação, entre outros. Todo o material produzido pela equipe da Agência AL, incluindo imagens e infográficos, está disponível para uso editorial.

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Lisandrea Costa
Agência AL

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