Mutirão visa diminuir as filas por cirurgias de reconstrução mamária no estado
Para marcar a passagem do Outubro Rosa, período voltado à prevenção e combate ao câncer nas mulheres, diversos hospitais e profissionais da saúde unem esforços para oferecer a reconstrução mamária, de forma gratuita, a pacientes em todo o estado. A iniciativa faz parte do mutirão nacional, promovido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), com o apoio da Associação Brasileira de Portadores de Câncer (AMUCC).
De acordo com a diretora executiva da AMUCC, Simone de Souza Lopes, o público-alvo da mobilização são as mulheres que realizaram mastectomia (remoção da mama) em decorrência do tratamento contra câncer, mas que ainda aguardam pela cirurgia de reconstrução do órgão.
Neste sentido, destacou Simone, o mutirão também pretende alertar o poder público sobre a existência de filas de espera pelo procedimento na rede pública de hospitais. “Não queremos tomar para nós uma tarefa que é do Estado e é prevista pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como parte do tratamento contra o câncer de mama, mas pressionar as autoridades públicas para uma solução a esta demanda reprimida. Temos conhecimento de algumas mulheres que aguardam o atendimento há 10, 14 anos”, disse.
Em Santa Catarina, as cirurgias serão realizadas entre 22 e 29 de outubro, nos municípios de Blumenau, Criciúma, Florianópolis e Jaraguá do Sul. Pelas projeções dos organizadores, 68 pessoas devem ser operadas até o fim do mutirão, sendo 40 somente na região da Grande Florianópolis. Na Capital do estado, as cirurgias serão realizadas em três hospitais da rede privada (Casa de Saúde, Hospital da Plástica e Hospital de Caridade), no Hospital Universitário da UFSC e no Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon).
Todas as equipes médicas atuarão de forma voluntária, as próteses de silicone serão doadas, com as despesas hospitalares sendo cobertas pelo SUS, no caso dos hospitais públicos, ou por patrocínio, no caso dos particulares. “Cada parte acaba contribuindo de alguma forma para que possamos chegar a nossa proposta final, que é oferecer o atendimento sem que a paciente tenha qualquer tipo de despesa”, enfatiza o cirurgião plástico Henrique Müller, que participa do mutirão pelo sexto ano consecutivo.
Müller, que ficará responsável pela realização de sete cirurgias de reconstrução mamária, ressalta a importância do procedimento para a recuperação da autoestima das pacientes. “Mesmo estando curadas, muitas mulheres sentem-se incompletas sem os seios, que fazem parte da própria identidade feminina. Neste sentido, podemos dizer que esta cirurgia completa o tratamento.”
Este foi o caso de Tânia Mara da Silva, de São José, que há sete anos, logo após terminar o período de amamentação do terceiro filho, descobriu um nódulo no seio. Ao se consultar com um mastologista, ela foi diagnosticada com um tumor maligno de alto poder agressivo, tendo que se submeter à retirada do órgão. O problema, entretanto, foi logo sanado com uma cirurgia reparadora. “Perder um membro do corpo é muito doloroso, sobretudo para quem já estava abalada por receber um diagnóstico de câncer e pelo tratamento. Posso dizer que ter novamente o seio é fundamental na vida de uma mulher. É tudo de bom.”