Medidas simples podem contribuir para desenvolver o potencial sensorial do autista
Irritabilidade, intolerância a mudança de ambiente e isolamento, características comuns a grande parte dos autistas, podem ter como principal causa uma disfunção neurológica que afeta os sentidos do corpo: olfato, visão, audição, tato, gustação e mecanismos reguladores do equilíbrio e coordenação motora. Já estão disponíveis, entretanto, terapias visando desenvolver o potencial sensorial dos afetados pelo transtorno. Medidas simples, que podem ser aplicadas tanto no ambiente domiciliar, quanto no escolar.
O tema foi o destaque da tarde desta quinta-feira (20) na palestra de encerramento do Seminário Descentralizado de Estudo e Conscientização sobre o Autismo, realizado na no clube Aqua Camponovense, em Campos Novos.
De acordo com a terapeuta ocupacional Claudia Omairi, a falta de integração entre os sentidos afeta entre 80% e 95% dos autistas, com efeitos diversos que vão deste a hipersensibilidade até a indiferença aos estímulos. "O sistema nervoso central da criança autista não processa de forma adequada as informações vindas do meio ambiente e do próprio corpo. Ainda não se sabe o motivo pelo qual isso acontece, mas estes indivíduos têm afetadas tanto as habilidades motora quanto conceitual, ou seja, sentem tudo de maneira diferente, com maior ou menor intensidade".
Ela ressaltou a necessidade de que pais e professores, principais personagens envolvidos na educação de crianças autistas, saibam respeitar os limites impostos por elas. "Há crianças que não suportam caminhar descalças na areia, ou ouvir alguns sons mas estridentes ou ainda vestir determinadas roupas. Quando elas falam isso, não é frescura, pois estão realmente sentindo dor e incômodo. O importante é que não forçar a criança a nada, mesmo no sentido de ajudá-las. Para isto existem as terapias e tratamentos."
Estratégicas terapêuticas
Especialista em Interação Social e docente do curso de Terapia na Universidade Federal do Paraná, Claudia Omairi, descreveu em sua palestra uma série de estratégias que podem contribuir para aumentar a atenção e compreensão da criança autista, melhorando ainda sua capacidade de comunicação verbal e contato visual.
Em geral são brincadeiras e atividades lúdicas, que envolvem um ou mais estímulos, planejadas para serem desenvolvidas no domicílio ou no ambiente escolar, sempre com a colaboração com a criança. As sessões, disse, são feitas conforme o perfil do autista, podendo ser tanto uma "dieta sensorial", para os mais agitados, como estimulantes para os letárgicos e incluem o uso ferramentas de apoio como balanço, gangorra, caixa de areia, esponjas, materiais de desenho, superfícies de diferentes texturas e até goma de mascar. "É preciso conhecer bem a criança para escolher a forma de tratamento que atenda de forma adequada as suas necessidades."
Agência AL
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