Líder indígena cobra educação com qualidade e denuncia longas esperas no SUS
O líder xokleng do Alto Vale do Itajaí e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Namblá Gakrn, cobrou qualidade na educação oferecida aos indígenas e denunciou longas esperas nas filas do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado. “Muitos xoklengs estão morrendo na fila do SUS por causa de doenças simples e as escolas estão péssimas, não têm sequer material adequado para ensino da língua indígena”, informou Gakrn, que participou do seminário “Violência de estado ontem e hoje: da exclusão ao extermínio”, realizado nesta segunda-feira (10), na Assembleia Legislativa.
Para Gakrn, está na hora de os brasileiros respeitarem os índios. “A gente sofre muito preconceito, se ouve falar muito em homofobia, mas que nome dar para o racismo contra o índio, ‘indiofobia’?”, questionou o líder xokleng, que lamentou a perda do maior patrimônio das culturas autóctones. “As línguas estão desaparecendo, mas há necessidade de mantê-las vivas, sou o único pesquisador desta língua falada a nível nacional, a língua Gê-Xokleng”, declarou Gakrn, explicando em seguida que se trata de uma língua ágrafa (sem escrita), que somente agora está sendo registrada.
Crítica às comunidades terapêuticas
Aristeu Bertelli, presidente do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP), criticou duramente as comunidades terapêuticas, incluindo-as entre as formas de violência contra os cidadãos autorizadas pelo Estado. “As comunidades são crias malditas e persistentes dos hospitais de custódia, elas praticam a laborterapia, colocam todo mundo para trabalhar, minimizam os gastos e otimizam os lucros”, declarou o psicólogo, que responsabilizou as comunidades de praticarem uma “religiosidade rasa”.
Clínicas testemunhos
Já a psicóloga Aline Fernandes Oliveiras Barros apresentou o trabalho das “Clínicas Testemunhos”, criadas para ofertar reparação psíquica àqueles que sofreram com a violência do Estado no período da ditadura civil-militar de 1964. “As clínicas priorizaram as falas das pessoas que passaram por essas violações. Elas fazem uma fala pública e isso tem funcionado como espaço de reconhecimento dos danos que sofreram”, afirmou a psicóloga.
Segundo Aline Barros, os efeitos subjetivos da violência permanecem como marcas no corpo. “O corpo é único, e se a gente não consegue colocar isso em uma conversa pública, que outras pessoas possam escutar, esse mal continua marcado naquele corpo”, explicou a psicóloga.
Estado sonega informações
Daniela Felix, professora de Direito do Cesusc e integrante do coletivo Advogados Populares, acusou o governo estadual de sonegar informações sobre desrespeito aos direitos humanos. “O Estado é omisso e sonega dados sobre ferimento aos direitos humanos, parecendo que eles não existem, mas esses dados são simplesmente sonegados e a falta de estatística indica o desinteresse pelo tema”, avaliou a advogada, que também cobrou ampliação dos quadros da Defensoria Pública e aumento do orçamento do órgão.
Agência AL