Joinville sedia capacitação para atendimento a pessoas estomizadas
Em Santa Catarina, quase 5 mil pessoas usam bolsa de estomia (também chamada de ostomia). Com o objetivo de aperfeiçoar o trabalho dos profissionais da saúde que atuam com esses pacientes no estado, a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa e a Secretaria de Estado da Saúde promovem, a partir desta terça-feira (21), um curso de capacitação em Joinville.
Os pacientes estomizados passam por uma cirurgia no aparelho digestivo ou urinário e precisam usar bolsa coletora acoplada ao abdome. Essa condição resulta geralmente de alguma doença ou acidente. Na prática, o paciente fica impossibilitado de usar o aparelho digestivo ou urinário de forma completa com todo o trajeto funcionando adequadamente e, para isso, precisa fazer um desvio, por onde são eliminadas as fezes e a urina. Existe também a estomia respiratória, abrindo um orifício na região da traqueia para possibilitar a respiração.
Conforme destacou a coordenadora da pessoa com deficiência da Secretaria de Estado da Saúde, Jaqueline Reginatto, o estado catarinense é o único do país que fornece insumos para estomia respiratória. “Nós fornecemos hoje 51 itens de estomia intestinal e urinária, e 11 de respiratória. O estado fornece, inclusive, insumos que não são padronizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Alta rotatividade
Sobre a importância da capacitação, Jaqueline explica que existe uma alta rotatividade entre os profissionais que atuam diretamente com pessoas estomizadas. “É bem importante estarmos divulgando, explicando esse fluxo para os profissionais na rede, porque sabemos que existe uma troca muito grande de enfermeiros nos municípios, principalmente nos pequenos. Então é importante capacitar e orientar esses profissionais quanto ao serviço de atendimento aos estomizados”.
O desafio quanto à alta rotatividade de profissionais também foi abordado pela enfermeira e professora de Enfermagem, Lisiane Marcolin de Almeida. Atuando há 12 anos com pacientes estomizados, Lisiane lamenta que o assunto é um tema pouco abordado ainda na parte acadêmica. “Os próprios profissionais acabam tendo contato com esse tipo de paciente apenas quando começam a trabalhar na área”, diz. E reforça que “o principal trabalho do enfermeiro que atende pessoas estomizadas é desenvolver o autocuidado desse paciente para que ele consiga retornar às suas atividades normais e laborais, e conviver socialmente sem dificuldade. Esse é o nosso maior desafio hoje, capacitar esse paciente para ele ter o próprio autocuidado”.
Desafios
A presidente da Associação Catarinense da Pessoa Ostomizada (ACO), Candinha Jorge, vive com uma bolsa de estomia há 20 anos, em decorrência de um acidente. Entre os principais desafios para as pessoas com estomia, Candinha cita a dificuldade de conseguir os insumos necessários, além da disponibilidade de banheiros adaptados. A presidente da ACO lembrou que alguns municípios catarinense já aprovaram leis prevendo a instalação de banheiros públicos adaptados para estomizados. Mas, em muitos dos casos, ainda falta colocar a regra em prática.
Na Assembleia Legislativa, tramita um projeto de lei do deputado Neodi Saretta (PT), para garantir esse direito a nível estadual. A proposta, que já recebeu parecer favorável das comissões de mérito, atualmente encontra-se na Comissão de Constituição e Justiça para a análise de uma emenda apresentada pelo deputado João Amin (PP), dando prazo de 365 dias, após a sanção da lei, para que os estabelecimentos possam se adequar à regra.
AGÊNCIA AL