Informação e diagnóstico melhoram a qualidade de vida dos autistas
O pequeno Gabriel tem energia de sobra como qualquer criança de oito anos. Vai à escola, interage com os amigos, é muito carinhoso com os pais e professores. Quando tinha um ano e meio de idade, a mãe Cristiane começou a observar movimentos repetitivos, a falta de comunicação verbal e a fuga de contatos visuais prolongados, apesar do desenvolvimento motor perfeito. Logo viria o diagnóstico: Gabriel tinha o Transtorno do Espectro Autista, confirmado aos pais por uma série de profissionais.
Cristiane Corrêa, farmacêutica e bioquímica, conversou com a Agência AL sobre a experiência com o filho, durante o seminário sobre o autismo em Criciúma, onde mora. Gabriel precisa de cuidados 24 horas por dia, uma das características de quem tem a síndrome. “Observei no Gabriel a tríade que caracteriza o autismo. Tinha estudado na faculdade sobre o autismo e logo procuramos ajuda médica”, disse a mãe.
Gabriel tomou medicação específica para evitar crises de agressividade até os seis anos. “Depois que passou a frequentar a AMA (Associação de Pais e Amigos dos Autistas de Criciúma), teve muitos progressos e não toma remédios há dois anos”, comemora Cristiane.
O menino estuda no 2º ano de uma escola particular e à tarde recebe tratamento adequado na AMA. “Ele estuda numa turma regular com uma auxiliar na sala”, explicou Cristiane. No ensino particular, os pais de Gabriel precisam bancar os custos do segundo professor do filho.
Falta de informação dificulta diagnóstico
O conhecimento que possibilitou o diagnóstico precoce de Gabriel, o tratamento adequado desde os primeiros anos de vida e sua melhor socialização não é a realidade dos pacientes autistas no país e no mundo. Especialistas estimam que 90% dos autistas no Brasil ainda não têm diagnóstico.
“Quando as pessoas veem o Gabriel se jogar no chão, por exemplo, num shopping, muitos olham e pensam que é manha ou falta de educação. Não sabem do que se trata. Não vejo como preconceito e sim como falta de informação”, descreveu Cristiane, ao comemorar os avanços sobre informações sobre o autismo. “O bom é que mudou muito. Se falo que é autista, a maioria já tem algum conhecimento sobre a síndrome. Há oito anos, ninguém sabia o que era”.
Parlamento em defesa da causa
A Comissão de Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa promove neste ano um ciclo de nove seminários regionais de estudo e conscientização sobre o autismo com o objetivo de capacitar profissionais que atendam os pacientes autistas em todas as regiões de Santa Catarina. Nesta segunda-feira (7), Itajaí recebe o evento.
A iniciativa é uma promoção do Parlamento, em parceria com a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira e apoio da Associação Catarinense de Autismo (Asca) e AMAs.
A Lei Estadual 15.728/2012 estabelece a primeira semana de abril para atividades de divulgação e informação sobre o autismo em Santa Catarina. Outra conquista da causa é a Lei Estadual 16.036/2013, que reconhece o autista como deficiente e lhe garante direitos específicos, entre eles o tratamento multissetorial por parte do Estado. Para saber mais sobre o Transtorno do Espectro Autista clique aqui.
Rádio AL