Incidência de melanoma no estado exige campanhas de conscientização
A conscientização da população sobre a importância da prevenção ao câncer de pele do tipo melanoma foi debatida durante reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, na manhã desta terça-feira (11). A reunião contou com a participação da especialista em Oncologia Clínica do Cepon, Lucilda Cerqueira Lima, da representante da Associação Brasileira de Portadores de Câncer (Amucc), Maria Conceição dos Santos, e da dermatologista Karen Scherer Bastos, da Secretaria de Estado da Saúde, além dos parlamentares membros do colegiado.
Maio é o mês de conscientização sobre o melanoma, considerado o mais agressivo câncer de pele. A alteração tem origem nos melanócitos, células produtoras de melanina, a substância que determina a cor da pele. Aparece em forma de manchas em qualquer parte do corpo e tem alta taxa de mortalidade em função da probabilidade de causar metástase. A região Sul é a que tem maior incidência de melanoma no Brasil. “Em 2019 foram registrados 1.978 óbitos no país em decorrência do câncer de pele melanoma, segundo dados do Atlas de Mortalidade por Câncer (Inca)”, conforme relatou a representante da Amucc.
“Queremos chegar no diagnóstico precoce, isso é uma luta da Amucc há muito tempo porque o melanoma é uma doença facilmente diagnosticada ainda no início, o que traz maior chance de cura do tumor e diminui as chances de intervenção cirúrgica”, disse Maria da Conceição. A associação defende acesso ao tratamento a todos os pacientes e acesso às chamadas terapias-alvo, que substituem terapias tradicionais, melhoram a chance de cura e aumentam a qualidade de vida.
Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia, Lucilda Cerqueira Lima defendeu que o Estado invista no básico, que é a prevenção primária. “Insisto muito na distribuição de protetor solar. Ele é caro para a proteção que se deve ter, e a maioria da população de Santa Catarina não compra.” A médica complementou que o melanoma é um câncer de pele extremamente prevalente em Santa Catarina, com mortalidade muito alta.
O Sul do Brasil é o local em que mais há melanoma, justamente pela cor da pele e pela genética europeia, bem como pela alta radiação dos raios solares UVA e UVB. O principal fator de risco é a exposição solar durante a infância e a adolescência. “O que nos falta são mais campanhas de divulgação das orientações para a população em geral. Há alguns anos não vemos campanha de prevenção no Brasil. Em Santa Catarina não percebemos nenhuma campanha de prevenção de câncer de pele”, disse Lucilda.
A médica especialista relatou que a maioria dos pacientes chega ao Cepon com a doença em estado avançado, com metástase, e defendeu a realização de um esforço nacional para inclusão de novas drogas e tratamentos desses pacientes, como a imunoterapia. “Hoje utilizamos no SUS tratamentos utilizados na década de 1980”, lamentou. Ela levantou que entre 1.000 pacientes com melanoma tratados no Cepon, 75% morreram.
Teledermatologia
A médica dermatologista Karen Scherer Bastos explanou sobre o funcionamento do serviço de teledermatologia, um serviço considerado referência no Brasil, que possibilita o diagnóstico a distância. Ela frisou que o diagnóstico precoce possibilita 90% de chance de cura do melanoma e afirmou que há um encaminhamento imediato do paciente para cirurgia, não havendo fila para esse procedimento no estado.
O deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), que foi secretário de Estado da Saúde, atestou que esse serviço é um dos que melhor funcionam em Santa Catarina. “Mas a saúde precisa estar estruturada dentro dos municípios para que o diagnóstico funcione. Quanto mais cidades se inserirem no projeto, antes serão feitos os diagnósticos”, frisou. O parlamentar acrescentou que os agricultores são um grupo bastante vulnerável a esse tipo de câncer no estado.
A deputada Ada de Luca (MDB) concordou com os demais participantes que o índice de prevenção é muito baixo em Santa Catarina e sugeriu ao Estado a realização de uma campanha governamental de prevenção. "Ainda que no momento a prioridade seja o combate ao coronavírus, as coisas podem andar juntas”.
O debate sobre o melanoma foi conduzido pelo presidente da comissão, deputado Neodi Saretta (PT), e contou ainda com a participação do deputado Jair Miotto (PSC).
Agência AL