Grupo de trabalho vai tratar da reforma psiquiátrica e da luta antimanicomial
A criação de um grupo de trabalho permanente com reuniões mensais é a primeira ação da Frente Parlamentar Catarinense pela Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial, instalada oficialmente na tarde desta quarta-feira (18). Proposta pelo deputado Cesar Valduga (PCdoB) e subescrita por outros 25 parlamentares, a frente pretende discutir ações estaduais para a promoção do atendimento psicológico e psiquiátrico humanizado.
“Esse é um tema importante. As pessoas que enfrentam problemas mentais devem ser tratadas de forma digna, não podem ser excluídas da sociedade”, afirmou Valduga. “O nosso objetivo com a frente é montar um grupo de trabalho multidisciplinar para conhecermos a realidade do estado nessa área e propormos medidas para avançarmos na direção de um tratamento mais adequado e humanizado.”
A instalação da frente contou com a presença do deputado Ismael dos Santos (PSD) e de profissionais da área. Carmen Lucia Luiz, do Conselho Nacional de Saúde, aproveitou a ocasião para ler um manifesto em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e também defendeu a necessidade do enfrentamento do que chama de tortura manicomial, ou seja, a internação de doentes mentais em instituições que ainda mantém técnicas de manicômio.
A professora de psicologia do Cesusc e do mestrado da UFSC Tânia Grigolo lembrou que a data da instalação da frente (18 de maio) coincide com o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Ela apontou que um dos principais desafios para a área em Santa Catarina é a ampliação dos centros de atendimento psicossocial (Caps) em todo o estado.
Já o professor de psicologia do Cesusc e psicológico da Secretaria Municipal de Assistência Social de Florianópolis Felipe Brognoli lembrou que a luta pela reforma psiquiatria é antiga e que, apesar dos avanços obtidos nos últimos anos, ainda há muito para se conquistar um tratamento mais digno e humanizado aos pacientes.
“Os desafios do passado ainda estão presentes, mas de outra forma. Podemos dizer que o manicômio não existe mais, como nós o conhecíamos, como um instrumento de tortura, mas ele ainda pode aparecer de outra forma”, destacou.
Brognoli também defendeu a ampliação da rede de atenção psicossocial e criticou a estrutura precária dos Caps em Florianópolis. “A reforma psiquiátrica não pode se restringir também à ampliação dos serviços. Ela deve passar por uma mudança de cultura.”
A primeira reunião do grupo de trabalho da frente já está marcada para o dia 6 de junho. Pelo cronograma, os encontros serão mensais, sempre na primeira segunda-feira de cada mês, às 14 horas.
Agência AL