Equipes de apoio ao parto natural compartilham experiências em congresso
O segundo dia do Congresso Parto Humanizado em Defesa da Vida foi aberto com a mesa-redonda “Partilhando experiências”. Profissionais que atuam no atendimento humanizado relataram trabalhos realizados em Joinville e Vale do Itajaí. Realizado pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, no Auditório Antonieta de Barros, o evento será encerrado na tarde desta sexta-feira (26).
Doula de parto e pós-parto, Rachel da Costa, que é coordenadora nacional dos Grupos Gesta de apoio ao parto natural, falou sobre o suporte prestado a mulheres que se reúnem e trocam informações sobre gestação, parto e amamentação. Existem Grupos Gesta em Brusque, Itajaí e Indaial, oito grupos no Paraná e um em São Paulo. Os encontros são gratuitos, para facilitar o acesso das mulheres. “Procuramos mostrar que ter uma experiência positiva de parto é possível, que a dor é suportável e que a mulher empoderada está pronta para viver um parto natural. Quando a mulher acredita, pode ser muito bom parir”, disse Rachel.
O médico ginecologista e obstetra David Raspini é parceiro dos Grupos Gesta e acompanha partos humanizados em Brusque e Itajaí. “Eu fui picado pela humanização”, disse. Raspini relatou que, na primeira vez que acompanhou um parto humanizado, viu um cenário muito diferente daquele que via na maternidade e nas novelas. “Vi uma mulher parindo com felicidade. Eu me senti traído, tudo aquilo que aprendi tinha caído por terra.” Ele adquiriu experiência de humanização e atendeu o nascimento do primeiro filho em casa. Contou ainda que, infelizmente, como médico, teve experiências ruins em uma maternidade de Brusque que barrava as práticas humanizadas, impedindo, por exemplo, o acesso do pai. Atualmente, atende na Maternidade e Hospital Evangélico de Brusque e não pode mais fazer partos domiciliares, em função das sanções do Conselho de Medicina. “Não existe médico humanizado se não houver mulher empoderada, por isso hoje atendo apenas as mulheres que entendem que o parto humanizado é a melhor opção, do ponto de vista das evidências científicas”, contou.
A terceira experiência foi compartilhada por Arnildes Rodrigues de Oliveira, professora de saúde da mulher e enfermeira integrante da Equipe Bem Querer de apoio ao parto natural, de Joinville. Ela fez uma explanação sobre o trabalho de apoio a casais realizado pela equipe, paralelamente ao pré-natal médico. “Fazemos rodas de conversa, consultas de pré-natal, assistência ao parto e consultas pós-parto.” O grupo também dá consultoria para elaboração de plano de parto e apoio à amamentação, com uma equipe integrada por enfermeiras obstétricas e doulas. Arnildes relatou que há necessidade de muitos enfermeiros obstétricos para atuar com partos humanizados, portanto, há que se investir na formação diferenciada desses profissionais. Questionada sobre o registro de nascimento das crianças nascidas em casa, afirmou que no início houve dificuldades, mas hoje os cartórios de Joinville estão registrando normalmente.
Agência AL