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25/06/2015 - 18h27min

Doulas e racismo são temas de palestras do Congresso do Parto Humanizado

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Evento prossegue nesta sexta-feira (26), na Assembleia Legislativa. FOTO: Miriam Zomer/Agência AL

O 1º Congresso Parto Humanizado em Defesa da Vida, que teve início nesta quinta-feira (25), na Assembleia Legislativa, promoveu no período da tarde um painel de exposição sobre o Projeto de Lei nº208/13, que cria a atuação das Doulas, em Santa Catarina, e da Lei 16.596, que instituiu a Semana da Gestante. O evento, que prossegue até sexta (26), no Auditório Antonieta de Barros, é organizada pela Comissão de Saúde, em parceria com entidades civis.

A explanação, conduzida pela presidente da Comissão de Saúde, deputada Ana Paula Lima (PT), contou com a participação da secretária de Estado de Assistência Social, Trabalho e Habitação, Angela Albino, e da doula Graziela Zanella, graduada em fisioterapia. Ao destacar o projeto das doulas, que se encontra em tramitação na Casa, Ana Paula falou sobre a importância de apresentar a matéria aos parlamentares na condição de sensibilizá-los na busca pela aprovação.

Acreditando que a maternidade é uma responsabilidade social, que precisa assegurar que o parto seja realizado de acordo com o desejo da mulher, Angela defendeu um debate pontuado na elaboração de legislações que possam assegurar esses direitos às mulheres. "O IBGE revela que no Brasil 52% dos partos realizados na rede pública são cesáreas e na rede privada são 80%. Não intenção é contribuir para que este cenário possa ter mudanças", frisou. 

Diante da importância do projeto, Gabriela aproveitou para explicar aos participantes a real função e participação da doula durante a gravidez e na hora do parto. "Nós, doulas, somos quem oferece suporte contínuo durante o período da gestação até os primeiros meses após o parto, com foco no bem estar da mulher. Cabe a doula proporcionar informação, acolhimento, apoio físico e emocional às mulheres durante a gravidez, o parto e o pós-parto", informa.

A profissional explica que, antes do parto, a doula orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto, os procedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar, física e emocionalmente para o parto, das mais variadas formas. Gabriela conta que, durante o parto, a doula funciona como uma interface entre a equipe de atendimento e o casal, explicando os complicados termos médicos e os procedimentos hospitalares e atenua a eventual frieza da equipe de atendimento num dos momentos mais vulneráveis de sua vida. Ela ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto e parto, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores. Já após o parto, faz visitas à nova família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê.

Racismo
A mortalidade materna entre as mulheres negras é sete vezes maior que entre as brancas, segundo dados referentes a 2010 do Ministério da Saúde. A informação foi apresentada pela psicóloga Edelu Kawahala, na palestra “Parto e Maternidade na Perspectiva de Gênero e Raça”.

Edelu mostrou como o racismo, mesmo que velado, compromete o atendimento à gestante negra na rede pública de saúde. “Dados do Ministério da Saúde e da Fundação Osvaldo Cruz mostram que a mulher negra recebe menos atenção no SUS do que as mulheres brancas”, afirmou. “Por isso, não dá para ignorar as questões de gênero, raça e classe no entendimento da saúde da mulher”, completou.

A psicóloga afirmou ainda que além da baixa qualidade do serviço de saúde, a mulher negra enfrenta mais dificuldades no acesso a esses serviços. “Há, também, uma baixa capacitação dos profissionais de saúde no atendimento específico a mulheres negras”, comentou.

Na outra palestra do início da tarde desta quinta, a doutora em Teologia Maria Glória Dittrich tratou sobre o tema “Espiritualidade e saúde: o humanescer do cuidado no parto”. Ela criticou o que chamou de mercantilização da saúde, que transformou o parto num “objeto econômico”. “Infelizmente o profissional de saúde, hoje, é remunerado pela quantidade de atendimentos que presta”, afirmou. Maria Glória acredita que essa transformação do nascimento numa mercadoria é extremamente prejudicial à mãe e ao bebê. “É um desrespeito à vida”, resumiu.

As atividades do dia foram encerradas com a palestra "Parto, Sexualidade, Espiritualidade”, proferida pela parteira profissional Naoli Vinaver.

(com informações de Marcelo Espinoza)

Tatiani Magalhães
Sala de Imprensa

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