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09/12/2021 - 17h08min

Em Imbituba, público se manifesta contra privatização do porto local

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FOTO: Solon Soares/Agência AL

Os participantes da audiência pública sobre a desestatização dos portos, realizada na tarde desta quinta-feira (9) na Câmara de Vereadores de Imbituba, manifestaram-se contrários à uma possível privatização do Porto de Imbituba. O encontro foi organizado pela comissão mista da Assembleia Legislativa de Santa Catarina criada para analisar o processo de desestatização dos portos catarinenses.

A audiência foi solicitada pelo presidente da comissão mista, deputado Volnei Weber (MDB), e pela relatora da comissão, deputada Ada de Luca (MDB), para ouvir a comunidade de Imbituba e região sobre a possibilidade de o Estado devolver a gestão do porto à União.

“O governo estadual iniciou recentemente os estudos sobre a desestatização. Nosso objetivo, com a audiência, é ouvir as pessoas para que se tome a melhor decisão possível a respeito desse assunto”, afirmou Weber.

A deputada Ada de Luca destacou a importância de se ouvir a população local. “Como relatora, tenho compromisso com os catarinenses e com muita responsabilidade apresentarei um parecer que vá de acordo com os interesses da coletividade.”

A comissão mista fará outra audiência pública sobre o assunto nesta sexta-feira (10), a partir das 10 horas, na Câmara de Vereadores de São Francisco do Sul.

Manifestações
Vereadores, moradores, empresários, sindicalistas e empregados do Porto de Imbituba se manifestaram durante a audiência. A maioria deles defendeu a manutenção do porto no modelo atual, cuja gestão é da SCPar.

O presidente da Câmara de Imbituba, vereador Humberto Carlos dos Santos, afirmou que em março o Legislativo municipal aprovou moção, por maioria de votos, contrária à desestatização. “Estamos preocupados com a situação”, disse. “O modelo atual do porto apresenta recorde atrás de recorde. É um porto com autoridade pública, que tem interação com os interesses da cidade.”

O empresário Adilson Silvestre, da Associação Empresarial de Imbituba (Acim), reconheceu o bom trabalho desenvolvido pela SCPar na gestão do porto local. “Houve uma grande melhoria”, afirmou. “A associação tem o viés para a privatização, mas não podemos ir contra o bom trabalho que está sendo feito até agora.”

Gabriel Escobar, que é funcionário da SCPar, criticou a realização do estudo para a desestatização, pelo Estado, com recursos públicos. Ele pediu para que os deputados da comissão barrem o processo. “Não permitam que o governo prossiga com o estudo”, disse. “O Estado quer pagar para que o porto seja privatizado. Não digo que nosso modelo é perfeito, mas temos o que melhorar.”

Erivelton Doré destacou que entre 2010 e 2021, mesmo com a gestão do porto pública, 80% dos investimentos no local foram feitos pela iniciativa privada. “Não precisou privatizar a autoridade portuária para fazer esses investimentos. A privatização por si só não é garantia de investimentos.”

Moradores de Imbituba também se posicionaram contra uma possível privatização. Amanda Suita afirmou que os estudos sobre a desestatização geram insegurança na comunidade. “Queremos trabalhar junto com o porto”, declarou. “Com a privatização, não temos a garantia que isso ocorrerá. Temos medo do porto receber cargas perigosas. Queremos um porto que dê qualidade de vida, que seja importante para a economia e que invista na comunidade.”

Nilson de Medeiros afirmou que “em que time que está ganhando não se mexe”. Para ele, a mudança no modelo de gestão do porto pode comprometer muitos empregos. “Nosso porto é o pulmão de Imbituba. Tem um monte de pai de família que vive daquilo.”

Vereadores de Imbituba também demostraram preocupação com a desestatização. Thiago Rosa listou vários investimentos realizados pelo porto no município de Imbituba, inclusive no enfrentamento da pandemia da Covid-19. Elísio Sgrott concordou que o porto pode receber mais investimentos. Já Matheus Pereira cobrou investimentos na infraestrutura do município. “Será que o município vai ser ajudado quando o porto foi privatizado?”, questionou.

Marcelo Espinoza
Agência AL

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