Efeitos da pandemia na educação pública são tema de debate na Alesc
FOTO: Vicente Schmitt/Agência AL
O futuro da educação em Santa Catarina pós-pandemia de Covid-19 foi tema de debate na Assembleia Legislativa, na noite desta segunda-feira (21). Os efeitos das escolas fechadas no desenvolvimento das crianças e novas propostas para a educação pública foram os principais temas abordados. O encontro foi realizado no Plenarinho da Casa, a pedido do deputado Bruno Souza (Novo).
Segundo o parlamentar, só no ano passado, mais de oito mil alunos da rede pública estadual de ensino abandonaram os estudos. Os dados são da Secretaria de Estado da Educação. “As escolas foram as primeiras a fechar e as últimas a abrir. Isso não é tratar a educação como essencial. Nós regredimos muito, passamos esse período sem aulas presenciais, em que as crianças aprenderam muito pouco. Alguns estudos mostram que as crianças aprenderam apenas 30% do que deveriam ter aprendido nesse período. O mundo inteiro tentou manter as escolas abertas pelo maior tempo possível. Aqui, nós nos esforçamos para fechá-las”, lamentou Bruno Souza.
A vereadora de Florianópolis, Manu Vieira (Novo), também demonstrou preocupação com o longo período em que as escolas ficaram fechadas por conta da pandemia. Na capital, conforme apresentou a vereadora, as unidades de ensino ficaram pelo menos 400 dias sem aula presencial, e foram as últimas a abrir no estado. Manu Vieira propôs um plano de auditoria para a avaliação dos danos. “Minha proposta é que comecemos a mapear o estrago. Nós não temos indicadores desde 2019, porque muitas escolas do município de Florianópolis também se recusaram a prestar as provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), que é onde a gente consegue mensurar e comparar as escolas. Então é necessário ter uma avaliação não só qualitativa, mas também quantitativa, para que nós possamos traçar onde está o investimento e para onde ele vai com mais eficiência”.
Como solução para melhorar o desempenho das escolas públicas de Santa Catarina, o professor do Departamento de Artes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rafael Ary, sugere a adoção de um novo modelo, em que as escolas da rede pública de educação passem a atuar em parceria com organizações sociais privadas. “O custo do aluno em Santa Catarina está em torno de R$ 1,2 mil nas escolas públicas. Então, por que não usar esse recurso para colocar as crianças em boas escolas, escolas gerenciadas com métricas, com metas, gerenciadas por organizações sociais? Aliás, elas fazem um excelente trabalho na área da saúde. A gente tem excelentes hospitais que são organizações sociais, então por que não levar essa expertise também para a educação?”, defendeu Ary.
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